5 ervas tradicionais na Rússia que curam várias doenças

Legion Media
Chás de plantas selvagens previnem tosse e resfriado, entre outros males.

Ivan Chai (Chamaenerion angustifolium)

Nos tempos antigos, acreditava-se que consumir Ivan Chai (chá de salgueiro) era benéfico para o organismo; por isso, as pessoas o tomavam quando estavam doentes, mas também por prazer. Hoje já está cientificamente comprovado que Ivan Chai possui propriedades que reduzem a febre e são revigorantes, além de diminuir o risco de câncer, limpar o corpo de todo tipo de toxinas e aliviar dores de cabeça.

O herborista Piotr Badmaiev, especialista em medicina tibetana, abriu uma clínica no final do século 19 e tratava seus pacientes apenas com ervas – incluindo, Ivan Chai. Entre as pessoas que os procuravam para tratamento estavam o tsar Alexandre 3º, São João de Kronstadt, e visitantes estrangeiros ricos. O próprio Badmaiev, que usava Ivan Chai como medida preventiva contra várias doenças, viveu até os 109 anos.

No início do século 1920, a Rússia já exportava Ivan Chai para várias partes do mundo. Nesta época, foi inaugurado um centro de pesquisa no vilarejo de Koporie, perto de São Petersburgo, para estudar e produzir Ivan Chai para os soldados do Exército Vermelho. Esse instituto, porém, foi destruído durante a Grande Guerra Patriótica (período de participação russa na Segunda Guerra), já que, de acordo com uma teoria, Hitler pensava que a erva era a fonte da força do exército soviético.

Atualmente, é possível comprar chá de Ivan Chai com muito mais facilidade. Como prepará-lo? Do mesmo modo que o chá de folhas pretas comum: despeje água fervente sobre as folhas e deixe descansar por 10 a 15 minutos; se quiser, acrescente também hortelã e um pouco de limão. A água fervente pode ser despejada à mesma porção de Ivan Chai cinco vezes, e o chá não perderá suas propriedades ​​– além disso, também pode ser armazenado por cerca de três dias após a sua fabricação.

Zveroboi (Hypericum)

Zveroboi é uma planta de cor vibrante e folhas amarelas. Era amplamente usada na Rússia para ajudar os camponeses a se recuperar depois de um duro dia trabalhando nos campos. Mas suas propriedades medicinais não terminam por aí: Zveroboi era consumida para tratar doenças renais e gastrointestinais e evitar espasmos vasculares e resfriados. Os cossacos a aplicavam também para tratar feridas e cortes – por isso o nome histórico da erva é djerrabai, que significa “curador de feridas”.

A planta foi mencionada pela primeira vez no século 17 no decreto do tsar Miguel Romanov sobre suprimentos de Zveroboi da Sibéria para a corte imperial. Vários médicos também começaram a prescrever Zveroboi. Mas, pela tradição popular, as propriedades medicinais ​​de Zveroboi eram conhecidas muito antes do século 17.

O chá não é feito apenas com Zveroboi porque a planta é bastante tóxica e pode provocar uma forte reação alérgica. Os herboristas recomendam preparar uma colher de chá de Zveroboi junto com mel, hortelã, flores de limão e morangos secos. 

Tavolga ou Labaznik (filipêndula)

Como os pés de tavolga são extremamente bonitos e perfumados, nenhum herborista passaria batido por eles. Além do sabor doce, quase como um xarope, o chá de filipêndula pode aliviar dores intensas, tratar úlceras estomacais e diarreia, bem como náuseas, reumatismo e febre. Na medicina moderna, a tavolga é usada após um acidente vascular cerebral para evitar a formação de coágulos sanguíneos.

Inicialmente, era conhecida como uma planta ritualística dos citas e celtas. Nos países escandinavos, ainda nos tempos antigos, tavolga crescia por toda parte e era também usada na aromatização de bebidas alcoólicas. Além do mais, na Rus Kievana (o berço dos Estados russo, ucraniano e do bielorrusso), era consumida como analgésico.

No século 19, os médicos alemães conseguiram sintetizar o ácido acetilsalicílico das folhas de tavolga, que responde pelas propriedades analgésicas da planta. Esta é precisamente a origem da aspirina (inspirada no nome científico da planta, Spiraea).

Somente aqueles que adoram comer doce é que apreciarão o chá feito com filipêndula pura – além do sabor forte, é muito aromático e com consistência de xarope. Para torná-lo mais suave, basta prepará-lo com folhas de hortelã, groselha e framboesa. 

Folhas de smorodina (groselha)

Smorodina é o nome russo para groselha, cuja palavra eslava tem significado de “emitir um cheiro forte”. De fato, as folhas de groselhas têm um aroma acentuado e agradável. Se está calor e há uma smorodina nas proximidades, o cheiro é notável.

As propriedades medicinais de smorodina são conhecidas desde o século 11. A partir de registros feitos em mosteiros de Kiev e Nôvgorod, sabe-se que os monges, que não tinham muita oportunidade de sair das dependências do mosteiro, arrancavam os arbustos de smorodina da floresta e os plantavam dentro das muralhas do monastério. Na Rússia, a planta ainda é popular: suas bagas são geralmente usadas para fazer geleia, e as folhas são utilizadas no preparo de unguentos, infusões e chás.

A receita caseira mais popular para tratar tosse é o chá feito com folhas de groselha negra (ou cassis), que é rica em vitamina C. Por séculos a fio, esse chá foi recomendado para manter visão aguda e boa memória, especialmente entre idosos. 

Folhas de brusnika (arando-vermelho)

A brusnika é legitimamente considerada como a rainha das florestas russas, e os herboristas a chamam de “baga da saúde”. Os eslavos até criaram uma lenda sobre o arando-vermelho e suas propriedades medicinais. De acordo com a história, uma andorinha tinha pena das pessoas e queria livrá-las de doenças, conferindo-lhes imortalidade. O pássaro encontrou uma fonte de água doce, pegou um pouco da água no bico e o levava às pessoas. Mas, no caminho, a andorinha foi mordida por uma vespa má, e o pássaro, incapaz de suportar a dor, abriu o bico. Gotículas de água caíram na floresta e sobre as plantas de arando-vermelho, pinho e cedro.

A brusnika é um arbusto de folhas perenes e tão vibrantes quanto suas bagas. A folha de arando-vermelho possui grande quantidade de vitaminas C e do grupo B, bem como ferro, fósforo e cálcio. Tem efeito antiviral e fortalece o sistema imunológico.

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