Os kokôchniks eram feitos com materiais caros – seda, veludo ou brocado – e decorados com pérolas, rendas, pedras ou bordados com fios de ouro.
A palavra “kokôchnik” vem do termo eslavo “kokoch”, que significava tanto galinha como galo ("kokoch" vem do russo antigo e significa galináceo).
Este antigo acessório russo em forma de crista (leque ou escudo redondo) é um símbolo da moda russa.
Em sua estrutura, o kokôchnik é um leque resplandecente feito de papel grosso e fita metálica, ou uma coroa costurada em um chapéu ou touca.
A base era feita a partir de tecido damasco e veludo ou de chita vermelha colada ou costurada sobre uma superfície dura, feita de lona ou de papelão.
Cartão datado de 1900.
Press photoNa parte superior, a crista era decorada com ornamentos: flores artificiais ou verdadeiras, brocado, rendas, contas, pérolas de rio (a partir do século 16, elas passaram a ser colhidas no lago Ilmen), fios de ouro, papel laminado, vidro ou pedras preciosas.
O pescoço era frequentemente coberto de bordados dourados trançados. Na foto, é possível ver o kokôchnik da princesa Orlova-Davidova em um baile a fantasia de 1903.
O kokôchnik tinha forro de tecido e era fixado na parte posterior da cabeça com a ajuda de fitas.
Ao ser vestido, o kokôchnik geralmente era levemente empurrado para frente, enquanto a parte traseira ficava normalmente coberta por lona com uma peça adicional de veludo carmesim e fixada com fitas.
Xales de seda ou lã eram frequentemente usados por cima dos kokôchniks. Eles eram densamente bordados com ornamentos feitos de lenços dourados ou prateados, os ubrus – finas mantas brilhantes decoradas com bordados de renda ou então véus.
O lenço era colocado na diagonal e preso sob o queixo. Um longo véu feito de gaze ou seda era preso sob o queixo ou descia de cima do kokôchnik até o peito, ombro ou costas.
A forma do kokôchnik variava muito de região para região, mas geralmente dependia das particularidades da tradição de prender os cabelos em um arnês ou fazer duas tranças: ao redor da cabeça sobre a testa, no pescoço, nas têmporas etc.
Ivan Argunov, Retrato de uma Camponesa.
Press photoInúmeros adornos, cortes, coberturas para o pescoço e outros detalhes que variavam bastante nas diferentes regiões russas e serviam como enfeites adicionais. No entanto, todos eles mantinham a base original, o kokôchnik.
Em tempos mais recentes, a tradição de usar o kokôchnik fez parte do traje de noiva até a década de 1920.
A jovem noiva usava este tradicional ornamento na cabeça desde o dia de seu casamento até o dia do nascimento de seu primeiro filho.
Depois, ela apenas usava o kokôchnik em ocasiões cerimoniais ou feriados.
Em um decreto real, Pedro, o Grande, proibiu o uso do kokôchnik por mulheres da nobreza.
Mas o acessório voltou à moda entre as mulheres da corte por meio de Catarina, a Grande, que batizou a moda como “a la russe” no século 18, trazendo o kokôchnik de volta aos bailes de máscaras.
As guerras napoleônicas, que causaram uma onda de patriotismo, inspiraram um novo interesse por trajes tradicionais.
Entre 1812 e 1814, vestidos vermelhos e azuis (os chamados "sarafans") com cintura em estilo imperial e botões de filigrana na frente entraram na moda.
Imperatriz Maria Feodorovna com um kokôchnik, por volta de 1880.
Press photoNo início do século 20, os bailes à fantasia na corte e a imaginação de estilistas russos e costureiros estrangeiros impulsionaram significativamente a popularidade do kokôchnik.
Chanel Paris-Moscou, coleção Outono-Inverno de 2009.
East NewsHoje, o kokôchnik já se alastrou pela moda mundial...
Chanel Paris-Moscou, coleção Outono-Inverno de 2009.
East News...e entrou em coleções internacionais de marcas famosas.
A cantora americana Courtney Love também vetsiu um kokôchnik no festival de música Aficha Picnic, em Moscou, em julho de 2011, colaborando ainda mais para a popularidade do acessório.
Quer saber mais sobre este símbolo da moda russa? Então leia "Artista relança kokochniks, tradicionais tiaras com pérolas e bordado" e confira a galeria de imagens!
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