Como a Rússia lutou contra a Grã-Bretanha e a França na Crimeia; veja pinturas

A Fina Linha Vermelha. Robert Gibb , 1881.

A Fina Linha Vermelha. Robert Gibb , 1881.

Museu Nacional da Guerra, na Escócia
Este conflito do século 19 foi motivado pelo desejo do imperador russo Nicolau 1º de expandir sua influência pelos Bálcãs e estabelecer um protetorado sobre toda a população ortodoxa do Império Otomano. Londres e Paris, que atraíram os italianos para o seu lado, não podiam permitir que o seu rival geopolítico se tornasse tão forte.

Em meados do século 19, a Rússia encontrava-se em guerra com uma grande coligação de Estados: o Império Otomano, a Grã-Bretanha, a França e o Reino da Sardenha. O motivo para tal era a violação dos direitos da população ortodoxa do Império Otomano pelo governo. O tsar russo Nicolau 1º queria estabelecer um protetorado sobre toda a população ortodoxa da região e fortalecer a posição do Império Russo nos Bálcãs.

Tsar Nicolau 1º, 1850, Georg von Bothmann.

A Grã-Bretanha e a França estavam determinadas a impedir a expansão da influência russa na região. O Reino da Sardenha tinha pouco interesse nos Balcãs e no Império Otomano, mas procurava se tornar o centro de unificação dos Estados italianos e acreditava que a participação em uma aliança com as principais potências da Europa o ajudaria a implementar esses planos.

Tropas aliadas na Crimeia

O início da Guerra da Crimeia foi um grande sucesso para a Rússia. Em 1853, o Exército turco sofreu severas derrotas em Akhaltsikhe e Bashkadyklar, e a frota turca foi destruída na Batalha de Sinop. No entanto, esses acontecimentos aceleraram a entrada de britânicos e franceses na guerra.

Batalha de Sinop, por Ivan Aivazóvski, 1853.

No verão de 1954, a frota conjunta anglo-francesa, três vezes maior que a russa em número de navios de guerra, apareceu na costa da Crimeia. Em setembro, a força expedicionária aliada tomou as cidades de Ievpatória e Balaklava, derrotou as tropas do príncipe Aleksandr Ménchikov na batalha do rio Alma e, junto com os turcos, sitiou Sevastopol, a principal base da Frota Russa no Mar Negro.

Batalha do Rio Alma. Eugène Lami, 1855.

Porém, não foi possível tomar o controle sobre a cidade de imediato. A entrada para a baía foi bloqueada pelos navios afundados e, graças aos esforços do engenheiro militar Franz Eduard von Totleben, diversos fortes, bastiões, muralhas e um extenso sistema de trincheiras foram construídos ao redor de Sevastopol em tempo recorde.

Cerco de Sevastopol. Grigóri Fedorovitch Chukaev, 1856.

“Sem Totleben, estaríamos completamente derrotados”, escreveu um dos líderes da defesa, o almirante Pável Nakhimov.

Em 25 de outubro de 1854, aconteceu um confronto ao norte da cidade de Balaklava, que não trouxe vitória para nenhum dos lados. Mas o evento ficou famoso pela polêmica gerada entre os historiadores acerca da famosa carga da Cavalaria Ligeira Britânica. Devido a uma falha de comunicação na transmissão de ordens, a cavalaria britânica de elite lançou um ataque suicida contra posições russas, resultando em 118 mortos, 127 feridos e 60 capturados.

Ataque da brigada leve

Na mesma batalha nasceu a famosa expressão “The Thin Red Line” (“A Fina Linha Vermelha”). Para cobrir uma ampla frente de um possível ataque da cavalaria russa, o comandante do 93º Regimento de Infantaria, major-general Colin Campbell, ordenou que seus soldados formassem uma linha de duas pessoas, e não quatro, conforme necessário pelos regulamentos.

“Não haverá ordem de retirada, pessoal. Vocês devem morrer onde estão”, disse o general. A cavalaria russa interrompeu o ataque às posições do 93º Regimento de Infantaria muito antes da ordem, mas a expressão se tornou um símbolo de coragem e autossacrifício na cultura anglo-americana.

A Fina Linha Vermelha. Robert Gibb , 1881.

Apesar de tantas batalhas no Cáucaso, no Báltico, nos Bálcãs e no Extremo Oriente, foi a península da Crimeia que se tornou o teatro decisivo da guerra. O Exército russo fez diversas tentativas de libertar Sevastopol, mas, devido à falta de infraestrutura de transporte, enormes problemas de logística, a esmagadora vantagem da frota anglo-francesa e fracassos do comando militar russo, todas essas tentativas acabaram em vão.

Enquanto a guarnição de Sevastopol diminuía, as forças aliadas foram reforçadas na primavera de 1855 por várias dezenas de milhares de soldados do Reino da Sardenha que haviam entrado na guerra. No entanto, a cidade resistiu heroicamente a bombardeios e ataques. A defesa da principal base da Frota no Mar Negro cessou em 11 de setembro de 1855, após 349 dias de cerco.

Ataque ao Monte Malakhov. Adolphe Yvon

No Cáucaso, a Rússia conseguiu capturar a importante fortaleza turca de Kars, mas a queda de Sevastopol acabou determinando o resultado da guerra como um todo. No final de 1855, as hostilidades cessaram gradualmente em todas as frentes, e as partes iniciaram negociações.

Participantes do Congresso de Paris. Édouard-Louis Dubufe.

Nos termos do Tratado de Paz de Paris de 30 de março de 1856, a Rússia foi forçada a renunciar ao seu protetorado sobre a Valáquia, o Principado da Moldávia e a Sérvia, a devolver Kars e uma série de fortalezas ocupadas aos turcos e concordar com a proibição de possuir uma frota no Mar Negro (tal proibição foi suspensa em 1871).

Tsar Alexandre 2º.

A Guerra da Crimeia não se tornou uma catástrofe geopolítica para a Rússia, mas desferiu um duro golpe no sistema financeiro do Império, mostrou a necessidade de reformas nas esferas militar, social e econômica. Todas essas reformas foram iniciadas em breve pelo imperador Alexandre 2º, que sucedeu ao seu falecido pai em 2 de março de 1855.

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