As 5 famílias nobres mais famosas da Rússia pré-soviética

Russia Beyond (Domínio público; Nikolai Argunov; Aleksandr Rôslin; Gordigiani Michele; IzoeKriv (CC BY-SA 4.0)
Ao estudar a história da Rússia, inevitavelmente encontramos os mesmos sobrenomes em diferentes episódios de séculos diferentes. Os representantes dessas famílias ocuparam os cargos mais altos na Rússia medieval e no Império Russo e desempenharam os papéis mais importantes na vida política e cultural do país.

1. Iussúpov

Féliks Iussúpov e o Palácio Iussúpov na rua Moika, em São Petersburgo.

A família principesca Iussúpov (também grafada como Yusupov em português) foi por séculos a mais rica da Rússia; sua fortuna era quase maior que a dos tsares ou imperadores. Os Iussúpovs são descendentes dos tártaros-mongóis. Seu ancestral foi Yusuf, governante da Horda Nogai, o Estado dos tártaros-mongóis na região de Cáucaso do século 16. Yusuf estava se preparando para uma grande campanha militar contra Moscou, mas seu irmão mais novo apoiava a reaproximação pacífica com a Rússia. Depois de matar Yusuf, ele fez uma aliança com Moscou, e os filhos de Yusuf foram servir ao tsar russo Ivan, o Terrível.

A família Iussúpov recebeu grandes terras e títulos de nobreza. Mais tarde, os Iussúpov serviram fielmente a Pedro 1º, o Grande, e a outros imperadores e participaram ativamente da vida política russa. Um dos Iussúpovs mais famosos foi Nikolai Borisovitch, que era diplomata e colecionador de arte e foi diretor do Hermitage.

Outro parente famoso foi Féliks Iussúpov, um dos assassinos de Grigóri Rasputin, que até se tornou parente dos Romanov, casando-se com a princesa imperial Irina Aleksandrovna.

2. Cheremetiev

Nikolai Petrovitch Cheremetiev em frente da sua propriedade em Kuskovo.

Foi em homenagem à família desses condes que o aeroporto de Moscou Sheremetyevo foi nomeado, por estar localizado no território das antigas possessões desta família nobre.

Os Cheremetiev (Sheremetyev) eram uma antiga família de boiardos que tinham o mesmo ancestral com a família real Romanov — o boiardo Andrei Kobila, que serviu sob o comando do grão-príncipe Ivan 1º Kalita. Os Cheremetievs sempre ocuparam cargos governamentais importantes e foram membros da Duma (câmara baixa do Parlamento russo). Durante o reinado do primeiro imperador russo, Pedro 1º, Boris Petrovitch Cheremetiev se tornou o primeiro russo a receber o título de conde.

O conde Nikolai Petrovitch também ficou famoso. Ele possuía vastas terras, incluindo as propriedades Kuskovo e Ostankino, em Moscou, construídas por seu pai. Ele era uma das pessoas mais ricas do Império, bem como patrono das artes. Também ficou famoso por se casar com a sua serva, a atriz Praskovia Jemtchugova. Para celebrar esse casamento desigual, ele teve que pedir permissão ao imperador. Muitos dos servos dos Cheremetiev se tornaram arquitetos e artistas renomados.

3. Golítsin

Natália Petrovna Golítsina e a propriedade Arkhánguelskoie.

No século 19, os russos brincavam que, a cada dez pessoas caminhando pela avenida Névski, a rua principal de São Petersburgo, sempre haveria pelo menos um príncipe Golítsin. Esta era, de fato, a mais numerosa das famílias nobres da Rússia. No século 16, ela se dividiu em quatro grandes ramos e continuou se proliferando.

A família principesca dos Golítsin vem do grão-duque lituano Gedimin, que viveu no século 14. O sobrenome apareceu pela primeira vez como um apelido. Mikhail Bulgakov-Golitsa era um boiardo que sempre usava uma manopla na mão esquerda, chamada “golitsa” em russo antigo. Os Golítsin possuíam vastas terras em Moscou e seus arredores.

Os príncipes eram próximos de muitos tsares e serviram como líderes militares sob o comando de Ivan, o Terrível. Durante o Tempo de Dificuldades, Andrei Golítsin foi membro do grupo de sete boiardos que, de fato, governou o país por alguns anos.

As mulheres da família também ficaram famosas. Por exemplo, Natália Golítsina foi dama de honra na corte de quatro imperadores e se tornou o protótipo da “A Dama de Espadas” do conto homônimo de Aleksandr Púchkin.

4. Dolgorukov

Maria Mikháilovna Dolgorúkova e a propriedade municipal Dolgorukov-Bobrínski em Moscou.

Os príncipes Dolgorukov descendem de Rurik, o primeiro governador do Estado Russo. O primeiro príncipe da família foi Ivan Obolénski-Ruriquido, que viveu no século 15. Ele recebeu o apelido de Dolgorúki (“de braços longos”, em tradução literal para o português) por sua vingança e por sua habilidade de atingir seus inimigos, não importa onde estivessem escondidos.

Muitos membros da família ocuparam os mais altos cargos do Estado durante toda a história da Rússia. Maria Dolgorúkova foi esposa do primeiro tsar da família Romanov, Miguel Fedorovitch, mas morreu antes de ter herdeiros. No século 18, a família quase se tornou parente dos Romanov, a princesa Ekaterina Dolgorukova era noiva de Pedro 2º, mas o jovem imperador faleceu antes do casamento. Durante o reinado de Pedro 2º, foram os Dolgorukovs que, de fato, governaram o país.

5. Naríchkin

Natália Kirillovna Naríchkina (mãe do imperador Pedro 1º) e a Igreja da Intercessão em Fili, em Moscou.

Essa antiga família nobre é de origem tártara; segundo uma das versões, o ancestral da família é o tártaro da Crimeia apelidado de Narich, que serviu como cortesão do grão-príncipe russo Ivan 3º.

Até o final do século 17, a família era considerada pouco importante, mas quando o tsar Aleixo da Rússia se casou com Natália Naríchkina, a família se tornou uma das mais respeitadas no país, seus membros foram elevados à categoria de boiardos. Natália era a mãe de Pedro 1º e, posteriormente, os Naríchkins estariam sempre presentes na corte dos Romanov.

Os Naríchkins possuíam grandes propriedades em Moscou, e seu nome também entrou para a história graças ao estilo arquitetônico Barroco Naryshkin (ou Barroco Moscovita), no qual muitas igrejas foram construídas no final do século 17 e primeira metade do século 18.

LEIA TAMBÉM: Por que os nobres russos sempre estavam endividados?

O Russia Beyond está também no Telegram! Para conferir todas as novidades, siga-nos em https://t.me/russiabeyond_br

Autorizamos a reprodução de todos os nossos textos sob a condição de que se publique juntamente o link ativo para o original do Russia Beyond.

Leia mais

Este site utiliza cookies. Clique aqui para saber mais.

Aceitar cookies