Ivan Kojedub, o melhor ás de aviação soviética da Segunda Guerra Mundial

“Minha vida está para sempre ligada à aviação. Não posso viver sem o céu”, escreveu o piloto soviético Ivan Nikitovitch Kojedub em suas memórias. Ele abateu 64 aeronaves inimigas e, assim, se tornou o piloto de caça de maior sucesso em qualquer força aérea que lutou contra os nazistas na Segunda Guerra Mundial.

Kojedub chegou à frente relativamente tarde, apenas em março de 1943. No início, sua gloriosa jornada militar poderia ter terminado rapidamente. Na primeira batalha aérea perto da cidade de Voronej, seu avião Lávotchkin La-5 foi atacado por bombardeiros alemães e canhões antiaéreos soviéticos. Milagrosamente, Kojedub conseguiu pousar o avião danificado em um campo.

O jovem piloto conseguiu o seu maior sucesso durante a Batalha de Kursk em 1943. Em 6 de julho, ele abateu sua primeira aeronave inimiga, um bombardeiro Junkers Ju-87. No dia seguinte, ele abateu outro e, em 9 de julho, destruiu dois caças alemães Messerschmitt Bf-109 de uma só vez.

"Dois Messerschmitts me seguiram [...] Eu estava subindo em espiral calmamente. Os alemães estavam me seguindo, vindo em um ângulo excessivamente acentuado. Ficou claro para mim que, durante o ganho de altitude tão rápido, os alemães deveriam ficar para trás ou ficar ‘pendurados’. Comecei a ficar de olho no Messerschmitt mais próximo. Em breve, o alemão perdeu a velocidade e parou no ar. Realizando rapidamente um Ranversman [acrobacia aérea que permite mudar rapidamente a direção do voo), fui em direção ao alemão e o abati com a primeira rajada”, escreveu Kojedub.

Em 4 de fevereiro de 1944, o tenente sênior Kojedub recebeu sua primeira estrela de Herói da União Soviética. Naquela época, ele já tinha abatido 20 aeronaves inimigas.

Durante os próximos seis meses, ele recebeu a segunda estrela por abater mais 28 aviões. No final da guerra, Kojedub somava três estrelas de Herói da União Soviética.

O segredo do sucesso do ás soviético era a sua capacidade de estar sempre ciente da situação, avaliar corretamente os riscos e encontrar a solução certa. Kojedub controlava os caças magistralmente e usava várias manobras de acrobacia aérea: “serpente”, “separação” e outras.

“A base do combate aéreo é a manobra precisa e rapidez de ataque de uma distância extremamente curta”, disse Kojedub.

Kojedub também destacava a importância do treinamento físico: “Um piloto fisicamente forte suporta descidas bruscas e sobrecargas. Às vezes dá um escuro nos olhos devido à sobrecarga. Assim que você se recupera, é preciso imediatamente entender a situação de combate e voltar a operar em qualquer altitude, qualquer velocidade, qualquer posição. Muito se consegue graças a exercícios esportivos: mesmo servindo na linha de frente, eu e os meus camaradas sempre encontrávamos tempo para fazer exercícios”.

Durante a Batalha do Dniepre, no outono russo de 1943, Kojedub atacou sozinho um grupo de 18 bombardeiros alemães que voavam sem cobertura de caças.

“Eu mergulhei verticalmente de uma altura de 3.500 metros, atingindo a velocidade máxima. Me aproximei muito rapidamente. Era difícil mirar. Abri fogo na frente da coluna para criar pânico na formação de batalha. Entrei dentro da formação inimiga. Os fascistas começaram a retornar fogo. Eu evitava trajetórias retas, jogando a aeronave de um lado para o outro. Apareci de um lado, depois de cima, depois de baixo. O motor estava funcionando sem problemas, o avião obedeceu a todos os meus comandos. Manobras inesperadas, agilidade, precisão e velocidade de ação causam confusão na formação inimiga. Os aviões pararam de bombardear”, escreveu Kojedub.

Kojedub foi um dos primeiros pilotos da coalizão anti-Hitler a abater um jato Messerschmitt Me-262. Segundo relatos do piloto, ele também abateu dois caças americanos P-51 Mustang, que erroneamente atacaram seu avião em abril de 1945. O ás soviético percebeu que havia entrado em confronto com os Aliados tarde demais, quando a luta já havia terminado.

Em 1951, Kojedub participou da guerra na Coreia. Ele chefiou a 324ª Divisão de Caças, que, sob seu comando, obteve 216 vitórias aéreas. O então coronel Kojedub foi categoricamente proibido de participar das batalhas.

O famoso piloto permaneceu na estrutura das Forças Aéreas soviéticas até sua aposentadoria e, em 1985, alcançou o posto de Marechal de Aviação.

Kojedub morreu em 8 de agosto de 1991, poucos meses antes do desmantelamento da União Soviética.

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