Três piadas de Púchkin

História
GUEÓRGUI MANÁEV
A maioria das anedotas do poeta são baseadas em jogos de palavras russas, por isso selecionamos as três que são mais fáceis de entender em qualquer idioma.

1. Delvig no outro mundo

Pouco antes de sua morte, o barão Anton Delvig, que estudou no Liceu de Tsárskoie Selô junto com Púchkin, começou a levar uma vida muito dissoluta. Com febre tifóide, acabou morrendo com apenas 32 anos de idade em 1831. Certo dia, Delvig foi visitar Púchkin enquanto estava fortemente embriagado. O poeta começou a persuadir seu companheiro a parar de beber, mas, apesar de todos os argumentos, Delvig respondeu, em desespero, que a vida terrena não era para ele, “mas no outro mundo, pagarei minhas dívidas”.

“Tenha piedade”, respondeu Púchkin, “mas olhe no espelho, eles vão deixar você entrar lá com essa cara?”

Quando Delvig morreu, Púchkin ficou arrasado. “Ninguém no mundo inteiro era mais próximo de mim do que Delvig”, escreveu ele em uma carta ao seu amigo Piotr Pletniov.

2. O poeta e o sol

Alguém, querendo fazer Púchkin passar vergonha, certa vez perguntou-lhe em público: “O que há de igual entre mim e o sol?” — e o poeta rapidamente respondeu: “Nem você nem o sol podem ser olhados sem fazer careta”.

3. Renda com 36 letras

Púchkin conhecia jovens soldados da Guarda Imperial – descendentes das famílias mais ricas, aventureiros que adoravam brigar e beber. Certo dia, ele convidou vários guardas para um restaurante popular em São Petersburgo e pagou refeição a todos. O conde Zavadovski, um funcionário público de alto escalão e um homem rico renomado, entrou no restaurante e notou Púchkin:

“Bem, Aleksandr Serguêievitch, parece que você tem uma carteira bem polpuda!”

“Pois, eu sou mais rico do que você”, respondeu o poeta, “às vezes você tem (…) esperar pelo dinheiro das aldeias, mas eu tenho uma renda constante com trinta e seis letras do alfabeto russo [número exato de letras do alfabeto pré-revolucionário]!”

Sabe-se que Púchkin, mesmo acumulando grandes dívidas em mesa de jogo, poderia rapidamente quitá-las escrevendo uma obra magnífica durante a noite e vendendo-a a um editor na manhã seguinte. O poema ‘O Conde Nulin’ foi escrito praticamente assim (não em uma noite, porém em duas manhãs).

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