Como eram escolhidas as noivas dos tsares russos?

A escolha da noiva de Aleixo da Rússia.

A escolha da noiva de Aleixo da Rússia.

Grigôri Sedov
A busca por uma noiva para o monarca era realizada como um concurso de beleza em escala nacional. As candidatas eram procuradas em todas as cidades e passavam por uma seleção muito rigorosa. Mas até mesmo ser escolhida pelo tsar não garantia que a moça se tornaria tsarina: parentes invejosos ou membros da elite podiam intervir no assunto.

Se tornar a tsarina russa era o sonho de cada menina russa entre os séculos 15 e 18. Às vezes, mulheres extremamente simples eram as escolhidas.

Evfímia Vsevolojskaia foi a primeira noiva do jovem tsar Aleixo da Rússia (também conhecido como Aleksêi Mikhailovitch). Ela foi escolhida no concurso de noivas em 1647. De mais de 200 candidatas, ela conseguiu entrar na fase final da seleção. Evfímia e outras cinco meninas foram apresentadas ao soberano, que então tinha 18 anos. Aleixo da Rússia escolheu Evfímia.

Evfímia foi convidada a se mudar para o palácio do tsar. Mas logo ocorreu que, enquanto vestia as roupas de tsarina, as criadas amarraram um lenço sobre sua cabeça com tanta força que Evfímia desmaiou na hora de sair para conhecer o tsar. O incidente serviu de pretexto para acusarem o pai da moça de esconder a epilepsia da filha. Como resultado, toda a família Vsevolojski foi exilada para Sibéria, enquanto Evfímia foi condenada a prisão domiciliar perpétua.

Como virar a noiva do tsar?

Escolha de noivas para o tsar.

Hoje, os historiadores russos têm certeza de que o desmaio de Evfímia aconteceu a mando de Boris Morozov, o tutor do jovem tsar, que queria promover sua própria candidata, Maria Miloslavskaia - e conseguiu. Maria acabou se tornando a esposa do monarca russo.

Entre os séculos 15 e 19, quando tsar decidiu se casar, iniciou-se um método de busca de noivas que a Rússia medieval copiou do Império Bizantino. Primeiro, foram enviados mensageiros às cidades, que buscavam as moças seguindo certos parâmetros. As escolhidas eram convidadas à capital, onde as mulheres do palácio real as encontravam e examinavam seu visual.

A noiva ideal deveria, antes de tudo, ser capaz de dar à luz um herdeiro saudável para ocupar o trono. Assim, os mensageiros procuravam moças saudáveis, perguntavam se elas tinham muitos irmãos e irmãs, e sobre as doenças na família. Aquelas que passavam por uma seleção rigorosa eram apresentadas ao tsar - na maioria dos casos, era uma dúzia de moças que chegava a essa etapa final da seleção.

Casamento do tsar Miguel com Evdokia.

Todas as candidatas eram submetidas a um exame médico detalhado. Segundo o historiador Ígor Zimin, “durante o período do reinado moscovita, as parteiras examinavam todas as candidatas, e era uma parte do procedimento de admissão, aos olhos do tsar ou herdeiro, examinar detalhadamente as partes íntimas”.

Os nobres da Livônia Johann Taube e Elert Kruse, em seu “Conto sobre Ivan, o Terrível”, descreveram, em 1571, como o tsar escolheu sua noiva e a de seu filho Ivan. Dentre 2 mil moças, primeiro foram selecionadas 24 e, dessas, 12.

A escolha da noiva de Aleixo da Rússia.

“Elas tiveram que tirar todas as jóias e vestidos e permitir que seus corpos nus fossem examinados sem impor nenhuma dificuldade ou resistência. O médico do tsar estava presente e avaliou a natureza, as propriedades e a saúde das meninas".

Quão independente era o tsar na escolha de sua esposa?

Quando chegava o dia solene do encontro com o soberano, as escolhidas eram convidadas aos aposentos do tsar. O próprio monarca fazia a escolha final. Ele não apontava o dedo para a escolhida. Passando diante delas, o tsar as presenteava com caros lenços bordados, jogando-os em seus pescoços. Só uma delas, porém, recebia um anel, e era assim que o monarca mostrava quem seria a próxima tsarina.

No entanto, como sabemos da história de Evfímia, nem todas as escolhidas se tornavam tsarinas. Maria Khlopova, a primeira noiva de Miguel 1º da Rússia (também conhecido como Mikhail Fedorovich) também foi convidada para se mudar para o palácio real em 1616. Naquele momento, os condes Saltikov, parentes da mãe do tsar, viraram a sogra contra a jovem tsarina e envenenaram Khlopova, causando-lhe dores de estômago.

Enquanto a noiva vomitava, os boiardos anunciavam que "a noiva do tsar não é forte o suficiente para a alegria do soberano". Em outras palavras, Khlopova não era saudável o suficiente para ter filhos.

Mesmo as conclusões positivas dos médicos sobre a saúde de Maria não conseguiram desfazer a intriga que se instaurou no palácio, e Khlopova acabou sendo exilada em Tobolsk. Sete anos depois, a mãe ainda não permitia que o tsar, ainda solteiro, mandasse trazer Maria e se casasse com ela.

O tsar foi obrigado a obedecer à vontade da mãe e se casar com Maria Dolgorúkaia, candidata favorita dela.

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