O imperador russo teve um caso de amor com a mulher de Napoleão?

Russia Beyond (Foto: Stepan Schúkin; Henry Thomas Rayall; Paul Delaroche)
Houve também boatos de que o relacionamento secreto acabou levando à sua morte.

O imperador russo Alexandre 1º (1777-1825) manteve um relacionamento duradouro e conturbado com seu arqui-inimigo, Napoleão Bonaparte. Napoleão pediu a mão de ambas as irmãs de Alexandre, mas foi recebido com recusa. Mas será que Alexandre e a esposa de Napoleão, Josefina de Beauharnais, tiveram mesmo um caso de amor – ou pelo menos planejaram uma grande jogada política juntos?

Apaixonada pelos maiorais

Josefina de Beauharnais

Alexandre 1º e Josefina se conheceram em 1814, quando ela não era mais a esposa de Napoleão. Em 1808, ficou claro para Napoleão que Josefina não poderia lhe dar um herdeiro. Em 1809, eles se divorciaram. Embora Napoleão tenha se casado com Maria Luísa, Duquesa de Parma, e tido um filho com ela, Josefina manteve o título de Imperatriz da França e não rompeu a amizade e a correspondência com Napoleão.

Era abril de 1814 e o Exército russo estava entrando em Paris, após sua campanha vitoriosa, derrotando Napoleão, que estava exilado em Elba. Em 6 de abril, a Casa Real de Bourbon  foi formalmente restaurada na França. No entanto, o rei Luís XVIII foi autorizado por Alexandre 1º a entrar em Paris somente depois de assinar um compromisso por escrito de governar como monarca constitucional.

Congresso de Erfurt

Em 16 de abril de 1814, Alexandre 1º esteve no Château de Malmaison, um castelo perto de Paris, onde Josefina morava. “Eu teria ido até você mais cedo”, brincou o imperador, “mas me atrasei por causa da bravura de seus soldados”. Após sua chegada, Alexandre ficou chocado com as condições “simples” (para uma ex-imperatriz) em que Josefina vivia. Mas, considerando os presentes caros que trocaram, havia algo importante por trás do encontro.

Presentes caros

Camafeu Gonzaga

Josefina deu a Alexandre o famoso tesouro que ela mantinha em sua coleção, o camafeu Gonzaga – uma gema helenística esculpida em sardônica indiana e datada, talvez, do século 3 aC. Alexandre, por sua vez, também presenteou Josefina com uma joia verdadeiramente real – um colar com 11 diamantes.

O imperador russo começou a visitar Malmaison com frequência, com direito a longas caminhadas e conversas com Josefina. Para a sociedade política parisiense, isso parecia suspeito. O imperador Alexandre, que poderia se divertir na corte, preferia passar tempo com a ex-imperatriz, que, aos olhos do público, ainda representava Napoleão. Ela até quis acompanhá-lo à ilha de Elba, mas foi proibida de fazê-lo por seus aliados.

Tiara Leichtenberg, feita com os diamantes que Alexandre deu a Josefina

Em 25 de maio, Josefina se sentiu repentinamente doente e morreu quatro dias depois, apenas um mês antes de seu aniversário de 51 anos. Há rumores de que ela pegou um resfriado durante seus passeios com Alexandre – ela supostamente usava vestidos de verão para impressioná-lo, embora ainda não estivesse tão quente em maio.

Há, no entanto, outro lado dessa história. Charles-Maurice de Talleyrand, o ministro francês das Relações Exteriores e mais tarde primeiro-ministro, estava muito preocupado com a relação de Josefina e Alexandre, pois suspeitava que isso poderia levar à substituição de Louis XVIII pelo filho de Napoleão, Napoleão 2º, de três anos, com sua mãe Marie-Loiuse como regente. Sabia-se que Alexandre 1º detestava Luís XVIII e não o queria no trono francês. Era bastante natural suspeitar que as frequentes visitas de Alexandre a Malmaison tivessem um motivo secreto – até o próprio Napoleão definiu Alexandre como “um verdadeiro bizantino”, denotando a natureza elusiva do imperador russo.

Josefina Bonaparte, 1812

Havia rumores de que Josefina teria sido envenenada de alguma forma pelos agentes de Talleyrand para impedi-la de ser a procuradora de Alexandre. Após a morte dela, Alexandre comprou a sua coleção de arte de seus filhos.

Os diamantes de Josefina que Alexandre havia dado acabaram sendo herdados por seu filho Eugène, o Duque de Leuchtenberg, e, mais tarde, passaram a fazer parte da tiara Leuchtenberg feita por Fabergé para os descendentes de Eugène. A tiara, que ainda está intacta, foi adquirida em 2007 por um colecionador de arte norte-americano e agora está em exibição no Museu de Ciências Naturais de Houston. O camafeu Gonzaga faz parte da coleção do Museu Hermitage, em São Petersburgo.

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