Mesmo aqueles que não são particularmente versados na história da Segunda Guerra Mundial certamente ouviram o nome desta cidade soviética à beira do rio Volga. Em Stalingrado – a atual Volgogrado –, o Exército Vermelho quebrou a espinha dorsal da Wehrmacht, marcando assim um ponto de virada no curso do conflito.
A cidade, no entanto, pagou um alto preço por essa vitória – após intensa guerra urbana, bombardeios de artilharia e ataques aéreos, um dos centros industriais de crescimento mais rápido da União Soviética ficou em ruínas.
A história da cidade heróica, originalmente chamada Tsaritsin, remonta ao final do século 19. É mencionada pela primeira vez em um decreto de 1589 do tsar Fiódor Ioannovitch como uma cidade fundada para proteger as terras russas dos ataques dos nômades das estepes. Com o passar do tempo, a fronteira russa se deslocou para o sul, e este posto militar localizado na encruzilhada de vias terrestres e fluviais foi se transformando em um grande centro comercial.
A Guerra Civil Russa foi uma provação para Tsaritsin. Defendida pelo Exército Vermelho, resistiu a três grandes incursões das tropas da Guarda Branca entre julho de 1918 e outubro de 1919. Mais tarde, passou várias vezes entre os lados opostos. Como resultado, as empresas industriais de Tsaritsin foram destruídas, enquanto a rede de esgoto, a central elétrica e abastecimento de água da cidade foram interrompidos.
Ióssif Stálin, como presidente do Conselho Militar Revolucionário do Distrito Militar do Cáucaso do Norte (que exercia a liderança militar e política das formações do Exército Vermelho) na época, participou ativamente da defesa da cidade. Em 1925, em reconhecimento a essas conquistas, Tsaritsin acabou sendo renomeada como Stalingrado.
No mesmo ano, um monumento a Lênin foi inaugurado na Praça dos Combatentes Caídos, no centro da cidade. Ao lado havia um símbolo da antiga Tsaritsin, a catedral ortodoxa Aleksandr Nevski, que foi explodida em 1932. O monumento ao “líder da revolução mundial” sobreviveria um pouco mais, até os intensos combates nas ruas no final de 1942.
Em 1930, a primeira fábrica de tratores do país, uma das maiores da Europa, foi inaugurada em Stalingrado. Além de tratores, produzia tanques leves T-26 e os famigerados tanques médios T-34. Durante a guerra, o trabalho nas oficinas não cessou até 13 de setembro de 1942, quando unidades de infantaria alemãs entraram no território da fábrica.
O Teatro Dramático Regional Maksim Górki era o centro cultural de Stalingrado.
O edifício, que remonta à Rússia Imperial, foi seriamente danificado durante os combates, e sua restauração levou quase sete anos.
Até o devastador ataque aéreo alemão em 23 de agosto de 1942, a Loja de Departamentos Central da cidade era considerada uma das mais bonitas do país. No final da Batalha de Stalingrado, o porão do edifício foi ocupado pelo quartel-general do 6º Exército Alemão, comandado por Friedrich Paulus. Foi ali que o marechal de campo nazista acabou sendo capturado pelas tropas soviéticas em 31 de janeiro de 1943.
Um dos edifícios mais proeminentes da cidade era um moinho a vapor, que, antes da Revolução de 1917, pertencia a uma família de empresários alemães do Volga chamada Gerhardts. Em 1942, sua estrutura de concreto armado e paredes grossas permitiram que as tropas soviéticas transformassem o moinho em um reduto de defesa que dava cobertura para o caminho ao rio Volga. Após a guerra, decidiu-se não demolir ou restaurar o moinho danificado, mas mantê-lo como um monumento aos acontecimentos terríveis e heróicos.
A antiga casa do comerciante Voronin, que nos tempos soviéticos se tornou o Palácio dos Pioneiros, tinha tudo o que as crianças da cidade precisavam: salas de música, estúdio de balé, laboratório para jovens naturalistas, clube para marinheiros e muito mais.
Após a guerra, o edifício em ruínas foi demolido.
A Fonte Barmalei, inspirada no conto de fadas de Kornei Tchukóvski em versos, estava localizada na Praça Privokzalnaia, do lado de fora da estação ferroviária. Era uma composição de seis crianças dançando em torno de um crocodilo. Durante a Batalha de Stalingrado, a fonte ficou famosa no mundo todo, graças às fotos tiradas por correspondentes de guerra justapondo a alegria nos rostos das crianças com as ruínas sombrias das casas ao redor.
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