A Mongólia foi um dos aliados mais leais da União Soviética na primeira metade do século 20. Inicialmente, os dois países resistiram conjuntamente à invasão japonesa na República Popular da Mongólia em 1939.
Já durante a Segunda Guerra Mundial, a assistência fornecida à URSS por este país pobre e escassamente povoado não foi, em alguns aspectos, inferior à fornecida pelos Estados Unidos no âmbito do programa Lend-Lease.
Presente do povo mongol
Os líderes mongóis percebiam que não poderiam enviar suas tropas para o oeste devido à grande ameaça do Japão, mas decidiram ajudar a União Soviética economicamente.
Sob o lema “Não deve haver uma única pessoa no país que não contribua para o fundo do Exército Vermelho”, foi lançada uma campanha na Mongólia para arrecadar dinheiro e presentes para as tropas soviéticas.
Em outubro de 1941, o primeiro trem partiu para a União Soviética cheio de peles, sobretudos, luvas, válenki (botas de inverno feitas de feltro de lã de ovelha), jaquetas e cintos. No trem seguinte, em fevereiro de 1942, a Mongólia enviou produtos alimentícios: carne, manteiga e confeitaria. Os trens com “presentes do povo mongol” continuaram sendo enviados para a URSS até 1945.
Um dos doadores mais generosos foi o aratka (camponês nômade) Engelin Badam. Sua família doou 16 camelos, 93 cavalos e 1.600 ovelhas, além de 10 mil tugriks (moeda da Mongólia), com os quais era possível comprar mais 12 mil ovelhas.
Matérias-primas estratégicas
Além de presentes, a Mongólia organizou entregas regulares de carne, lã, peles de ovelha e cavalos a preços condicionais. Moscou pagava com matérias-primas e produtos alimentícios, além de aplicar compensação pelas dívidas da Mongólia com a União Soviética.
Ao longo de todo o período da guerra, os mongóis entregaram à URSS cerca de 500 mil toneladas de carne e 64 mil toneladas de lã.
A ajuda mais importante eram os cavalos mongóis. Durante os primeiros dois anos da guerra, a URSS perdeu 8,5 milhões de cavalos, quase metade de todos os existentes no país.
A Mongólia forneceu quase 485 mil cavalos. Esses animais robustos e resistentes se adaptaram bem às duras condições da Frente Oriental e ajudaram no transporte de artilharia. Um em cada cinco cavalos soviéticos na frente era da Mongólia.
“Os cavalos mongóis são baixos, tem uma constituição forte, pernas e cascos curtos e fortes. Podem percorrer 100 quilômetros por dia [...] só por isso eles chegaram a Berlim junto com os tanques soviéticos”, escreveu o general soviético Issa Pliev.
Tanques, aviões e voluntários
Em 16 de janeiro de 1942, o governo da República Popular da Mongólia decidiu começar a arrecadar fundos para construir uma coluna de tanques como um presente para o Exército Vermelho. Um ano depois, a delegação mongol liderada pelo marechal Khorloogiin Choibalsan entregou 32 tanques T-34 e 21 tanques leves T-70 à 112ª Brigada de Tanques do Exército Soviético.
A 112ª Brigada, apelidada de Mongólia Revolucionária, participou da Batalha de Kursk, onde lutou com sucesso contra uma das unidades mais gloriosas da Wehrmacht, a divisão Grande Alemanha. Por seu heroísmo, os soldados da Mongólia receberam medalhas soviéticas e mongóis.
No verão de 1943, às custas dos mongóis, foi criado o 2º Esquadrão de Caças Arat Mongol, entregue ao 2º Regimento de Guardas da 322ª Divisão de Aviação de Caça em 25 de setembro.
O esquadrão participou das batalhas mais importantes, da Operação Bagration e das operações de Berlim e de Praga. O governo da Mongólia pagava seus soldados que serviram no Exército Vermelho.
No total, vários milhares de voluntários mongóis participaram das batalhas contra os alemães na Frente Oriental. No Exército Vermelho, eles eram valorizados por suas excelentes habilidades como caçadores, e, na maioria dos casos, realizavam missões de reconhecimento e atuavam na cavalaria.