1. Bandeira comunista na Europa
O simbolismo e os hinos dos países socialistas não eram bem-vindos em competições internacionais na Europa: a bandeira vermelha da URSS, por exemplo, era proibida, assim como o hino nacional da União Soviética. Mas os jogadores de futebol soviéticos encontraram uma forma de driblar a situação durante a turnê internacional de 1932 pelo Báltico, Escandinávia e Alemanha. Primeiro, o capitão Piotr Artemiev passou pela alfândega com a bandeira enrolada no corpo. Quando chegou a hora de jogar, o time soviético entrou em campo carregando o grande pano vermelho desdobrado.
2. Primeira reportagem esportiva de rádio na URSS
A rádio soviética cresceu paralelamente aos esportes. Em 26 de maio de 1929, a partida de futebol entre a Ucrânia e a seleção de Moscou foi pela primeira vez na história do país comentada na rádio por Vadim Siniavski, de 22 anos, que viria a se tornar um lendário comentarista e um dos primeiros jornalistas esportivos da URSS. Curiosamente, um de seus principais dons era realizar um arremesso perfeito e antes do emprego na rádio, ele também trabalhou como pianista de salão em cinemas de Moscou.
3. Partida histórica na Praça Vermelha
Em 1936, a famosa Praça Vermelha sediou uma partida de futebol. E o principal espectador na plateia foi ninguém menos que o próprio Ióssif Stálin, que era grande fã do esporte. O jogo foi programado como o evento final de um desfile de educação física em grande escala. Na partida enfrentaram-se os jogadores principais e reservas do Spartak de Moscou.
Para que o jogo acontecesse, um tapete enorme - que media impressionantes 9.000 metros quadrados - foi estendido por toda a praça. Cerca de 3.000 pessoas trabalharam nos preparativos. O jogo, porém, não teve surpresas, pois já estava tudo combinado. Pelo menos o líder soviético teve a chance de conferir todos os cenários de gols concebíveis em campo.
4. Normas 'GTO' como padrão de atleta
Em 1932, o país desenvolveu um padrão de aptidão física como parte de um projeto de grande escala, o chamado ‘GTO’ - Gotov k Trudu i Oborone (“Pronto para o Trabalho e a Defesa”, em tradução livre). A ideia era que todo cidadão soviético deveria ser um bom corredor, saltador, atirador, lançador, nadador e apresentar um recorde expressivo de puxada na barra fixa. Eles seriam julgados de acordo com as normas estabelecidas por esses padrões GTO, e o sucesso era recompensado na forma de um distintivo. Cabe lembrar que tais normas existiram até a dissolução da URSS.
5. Vaso como prêmio de campeonato
Por muito tempo, a liderança soviética foi contra a recompensa de seus atletas. Acreditava-se que medalhas e prêmios eram símbolos do Ocidente burguês e nunca ganhariam popularidade em um país socialista. Com o tempo, as coisas mudaram. O prêmio principal para a vitória no campeonato nacional de futebol foi projetado pelo presidente do Conselho de Futebol, Aleksêi Sokolov. Na década de 1930, ele adquiriu um vaso talhado em uma loja de antiguidades em Moscou. Em seguida, o objeto recebeu um pedestal e o brasão da URSS. Sobre ele, havia a figura de um jogador de futebol empoleirada.
6. O destino dos irmãos Starostin
Na primavera de 1942, o NKVD prendeu a lenda e símbolo vivo do Spartak, Mestre do Esporte, Nikolai Starostin. Mais tarde, seus três irmãos também foram levados para Lubianka (quartel-general da inteligência soviética, a KGB e, posteriormente, do FSB). Eles também eram jogadores do Spartak. A investigação prosseguiu por mais de um ano e meio, com os quatro irmãos acusados da tentativa de assassinato de Ióssif Stálin, que supostamente tinha sido planejada para um grande desfile em 1937. Depois, as acusações foram alteradas por “vangloriar um esporte burguês e tentativas de contagiá-lo com valores burgueses”. Alegou-se que um carro, feito para se parecer com uma chuteira, tinha se aproximado a menos de 10 metros do Mausoléu, o que supostamente daria aos Starostins a oportunidade de cometer um ato de terrorismo. Os irmãos foram acusados e condenados a dez anos de prisão em campos de trabalhos forçados diferentes para evitar que tivessem contato entre si.
7. Atletas durante a Segunda Guerra Mundial
Moscou foi um dos últimos lugares da Europa a sediar um campeonato de futebol em tempos de guerra. Enquanto os soldados já entravam em confronto com o inimigo no campo de batalha, as partidas de futebol continuavam como de costume. No quinto dia de guerra, foi formada a Brigada de Rifle Motorizada de Finalidade Especial do NKVD (OMSBON), incluindo todos os tipos de atletas - de levantadores a esquiadores, boxeadores e nadadores. Sua principal tarefa era conduzir missões de sabotagem atrás das linhas inimigas.
8. FC Dínamo no Reino Unido
Depois da guerra, no outono de 1945, o clube de futebol soviético Dínamo foi enviado para uma série de jogos na Grã-Bretanha. A Iniciativa foi oficialmente apresentada como apoio aos Aliados durante o difícil período do pós-guerra, ao mesmo tempo em que demonstrava conquistas no esporte. No entanto, a delegação soviética apresentou uma lista de exigências sobre como as partidas amistosas deveriam ocorrer: os jogos seriam disputados apenas contra clubes ingleses; não mais de uma vez por semana (aos sábados); não poderia haver nenhum tipo de entretenimento que não fosse relevante para o futebol; haveria aquecimento e treino antes de cada jogo (os britânicos consideraram isto particularmente estranho). Os jogadores de futebol soviéticos jogaram quatro partidas, com duas vitórias e dois empates.
9. Líder mundial de xadrez
Em 1948, Mikhail Botvinnik ganhou um campeonato em Haage e Moscou, tornando-se campeão mundial de xadrez. Após a vitória, o jogo foi transformado em esporte nacional pelo governo, e a escola de xadrez soviética assumiu posições de liderança em todo o mundo nas décadas seguintes: amadores e profissionais adoravam dissecar as táticas e jogos de seus ídolos do xadrez - Botvinnik, Tal, Petrosian, Spasski e mais tarde - Karpov e Kasparov.
10. Joia da coroa dos estádios soviéticos
Um dos primeiros - e maiores - estádios do país foi o do Dínamo. Foi a primeira experiência bem-sucedida de trabalhar com concreto armado em grande escala: o estádio tinha capacidade para 25.000 espectadores. Acabou sendo construído em tempo recorde, em pouco mais de um ano. No verão de 1928, o espaço já recebia o Spartakiada (análogo soviético dos Jogos Olímpicos). A obra foi fruto da imaginação dos projetistas Dmítri Iofan e Moisei Ginsburg. No entanto, no final, o projeto foi alterado e reestruturado por Arkádi Langman e Lazar Cherikover.
O Russia Beyond agradece ao projeto de documentário de cinema on-line KION 'Esporte XX Veka’ pela assistência na preparação de material para esta reportagem.
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