Os valores e o poder aquisitivo dos soviéticos eram muito diferentes dos da classe média em países ocidentais. E sequer existiam no país havia “bufês infantis” ou agências de organização de eventos... Assim, para celebrar aniversários os soviéticos colocavam a criatividade para funcionar!
Em aniversários infantis, a mãe ou a avó da criança, levava um bolo feito por ela mesma para a escola ou o jardim de infância — nada diferente do Brasil dos anos 1980 — para que o aniversariante dividisse com os colegas.
Normalmente, a festinha na escola era modesta. Havia um pequeno bolo ou doces, pão de mel e waffles - só o suficiente para fazer a alegria dos amigos do aniversariante.
A criança aniversariante ganhava puxões de orelha um número de vezes igual à sua idade, enquanto todos na sala contavam em voz alta. Às vezes, o puxão era substituído: as outras criançs balançavam o aniversariante e o jogavam no ar. Então todos gritavam “urá!” e começavam a comer os doces ou o bolo com chá.
Às vezes, o aniversariante podia convidar seus melhores amigos para uma festa em casa. Nesse caso, o cardápio costumava ser mais elaborado e, além dos doces, incluía também um prato principal como frango ou peixe com batatas, saladas, frutas, compotas caseiras e chá.
O interior dos apartamentos onde se comemorava o aniversário era às vezes decorado com enfeites de papel feitos à mão, fotos da criança aniversariante e balões.
Como organizar uma festa em casa exigia mais esforço do que levar guloseimas para a escola, esperava-se que os convidados trouxessem presentes mais substanciais e valiosos. Embora os pais da criança aniversariante às vezes optassem por dar coisas práticas, como roupas novas ou itens escolares (mochilas etc.), as outras crianças geralmente traziam algo mais divertido, embora menos prático, como brinquedos ou outros objetos de interesse das crianças.
Depois que todos tinham comido o suficiente, os convidados e o aniversariante começavam a brincar — ou dentro de casa ou, na maioria das vezes, fora. As crianças menores brincavam de esconde-esconde ou polícia e bandido, que era conhecido na URSS como "Cossacos e Malandros".
Às vezes, os convidados ficavam mais tempo na casa da criança aniversariante e jogavam um jogo que parecia aquele do balão que é estourado com um bastão em aniversários no Brasil: na URSS, vários de brinquedos e outros objetos de valor eram amarrados a cordas que desciam de outro barbante, que ficava em posição horizontal. Os convidados cobriam os olhos com uma faixa e se revezavam para cortar os barbantes usando a tesoura para pegar os brinquedos.
Mas nem todo mundo que cresceu na União Soviética tinha lembranças felizes de aniversário. Vinte por cento das crianças que cresceram em áreas rurais da URSS entre o final dos anos 1960 e o final dos anos 1980 não celebravam seus aniversários, de acordo com pesquisadores locais.
Os adultos comemoravam seus aniversários no trabalho com colegas ou em casa com amigos. Se no dia do aniversário fossem à fábrica ou ao escritório, os próprios aniversariantes também tinham que trazer comida e bebida para celebrar com os colegas.
Em troca, os colegas parabenizavam o aniversariante e lhe davam presentes.
Alguns homens soviéticos podiam se dar ao luxo de organizar uma festa maior. O artista e ator soviético Anatóli Ielisseiev, por exemplo, levou os amigos à sauna “Sanduni” para celebrar o aniversário em 1971.
Enquanto isso, políticos poderosos adoravam festas de aniversário luxuosas.
Festas pesadas também eram realizadas pelas celebridades soviéticas.
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