As raízes russas do príncipe Philip

História
GUEÓRGUI MANÁEV
Ancestrais paternos e maternos do príncipe Philip, duque de Edimburgo, tinham conexões com a Rússia e sua família imperial.

O príncipe Philip, duque de Edimburgo (nascido Príncipe Philip da Grécia e Dinamarca, 1921-2021), marido da rainha Elizabeth 2ª, era descendente, pelo lado materno, de um casal germano-polonês que se conheceu em serviço à Família Imperial Russa. Sua mãe, a princesa Alice de Battenberg (1885-1969), era sobrinha da imperatriz Aleksandra Feodorovna e prima de segundo grau do imperador Nikolai 2°. Pelo lado do pai, o príncipe André da Grécia e da Dinamarca (1882-1944), era descendente dos Romanov - Nikolai 1° era avô da avó de Philip.

Ascendência materna: família Battenberg (Mountbatten)

As raízes maternas do príncipe Philip estão na família Battenberg, que se formou quando um príncipe alemão em serviço no Exército Imperial Russo se apaixonou pela dama de companhia de sua irmã.

Júlia Hauke ​​(1825-1895) era filha do conde Johann Moritz von Hauke, um general polonês de ascendência alemã, e sua esposa Sophie (nascida Lafontaine). Seu pai era um famoso general do Exército polonês que, depois de a Polônia se tornar parte da Rússia em 1815, acabou ingressando nas fileiras russas. Pelo bom serviço prestado, o imperador Nikolai 1° o nomeou vice-ministro da Guerra do Congresso da Polônia e fez dele um conde hereditário em 1829.

No entanto, os pais de Júlia foram mortos durante o levante polonês de 1830-1831 contra o domínio russo, e ela e seus irmãos foram colocados sob a custódia da família do tsar russo. Júlia recebeu educação  de excelência em São Petersburgo e acabou se tornando a dama de companhia de Maria Aleksandrovna, nascida princesa Maria de Hesse e Reno (1824 - 1880), esposa do tsarevitch Aleksandr Nikolaevitch, futuro imperador Aleksandr 2° (1818 -1881). E foi assim que Júlia conheceu seu futuro marido.

O príncipe Aleksandr de Hesse e Reno (1823-1888) era irmão de Maria Aleksandrovna e amigo do jovem tsarevitch Aleksandr. Após sua chegada à Rússia em 1840, ele se juntou às fileiras do Exército russo como coronel. Segundo seus contemporâneos, Aleksandr era “um verdadeiro cavalheiro, o que não é comum entre os príncipes alemães”. Em 1843, Aleksandr tornou-se general de divisão.

O imperador Nikolai considerava o príncipe Aleksandr como um possível marido para uma princesa da família real russa, mas o jovem se apaixonou pela dama de companhia de sua irmã. Quando o príncipe anunciou que se casaria com Júlia, o imperador russo ficou furioso e decidiu proibir o matrimônio. No entanto, Aleksandr se atreveu a desobedecer o tsar, que o excluiu das fileiras do Exército Imperial russo por insubordinação. Esta era uma grande desvantagem, porque a carreira de Aleksandr na Rússia estava indo muito bem. Mas o amor era mais forte. Aleksandr e Júlia se casaram em Breslau, na Prússia, em 1851.

Conexão com o Reino Unido

Luís 3º, grão-duque de Hesse (1806-1877), irmão mais velho de Aleksandr, também não estava satisfeito com o título de Júlia - sendo “apenas” condessa, sua posição era incompatível com a do príncipe Aleksandr. Assim, Luís 3º nomeou Júlia como condessa de Battenberg em 1851 e, sete anos depois, elevou sua posição ainda para Princesa de Battenberg. Os filhos de Júlia e Aleksandr foram então elevados ao status de príncipes. Assim, Battenberg se tornou o nome de um ramo morganático da Família Grã-Ducal de Hesse.

O filho mais velho desse casamento, o príncipe Luís de Battenberg (1854-1921) foi naturalizado súdito britânico e ingressou na Marinha Real em 1868 com apenas quatorze anos. Luís de Battenberg foi influenciado por seu primo, o príncipe Luís de Hesse (1837-1892) e sua esposa, a princesa Alice (1843-1878), filha da rainha Vitória - os pais de Alice de Hesse e Reno (1872-1918), que se tornaria a imperatriz Aleksandra Feodorovna da Rússia.

O príncipe Luís de Battenberg acabou se casando com a filha de seu primo e irmã mais velha de Alice, a princesa Vitória de Hesse e Reno (1863-1950). Sua filha, a princesa Alice de Battenberg (1885-1969), era a mãe do príncipe Philip. Também é importante ressaltar que, durante a Primeira Guerra Mundial, membros da família Battenberg que moravam no Reino Unido adotaram o nome "Mountbatten" ( tradução de "Battenberg" do alemão), devido ao crescente sentimento antigermânico entre os britânicos. Antes do noivado oficial do príncipe Philip com a então princesa Elizabeth em 1947, ele abandonou seus títulos gregos e dinamarqueses, tornou-se um súdito britânico naturalizado e adotou o sobrenome Mountbatten de seus avós maternos.

Ascendência paterna: A Casa de Glücksburg

Por sua ascendência paterna, o príncipe Philip também estava de certa forma ligado à Rússia. Seu bisavô foi Cristiano 9º (1818-1906), príncipe da Casa de Schleswig-Holstein-Sonderburg-Glücksburg, um ramo da Casa de Oldemburgo que governava a Dinamarca desde 1448. Cristiano 9º  era o pai de duas imperatrizes. Uma delas era Alexandra da Dinamarca (1844-1925), esposa de Eduardo VII (1841-1910), filho da rainha Vitória. A outra das filhas de Cristiano, Dagmar da Dinamarca (1847-1928), tornou-se a imperatriz russa Maria Feodorovna, esposa de Aleksandr 3º (1845-1894) e mãe de Nikolai 2º (1868-1918).

O filho de Cristiano, Jorge 1º da Grécia I (1845-1913), o avô do príncipe Philip, casou-se com Olga Konstantinovna da Rússia (1851-1926), neta de  Nikolai 1º, de modo que, neste caso, a ascendência russa do príncipe Philip está ainda mais próxima. O quarto filho de Jorge 1º da Grécia e Olga Konstantinovna, o príncipe André da Grécia e Dinamarca (1882-1944), casou-se com a princesa Alice de Battenberg - e o Príncipe Philip nasceu desta união. Não é à toa que a Casa de Windsor também tem muito em comum com a família imperial russa.

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