Como caças soviéticos MiG-21 protegeram Cuba durante a Crise dos Mísseis – e depois

História
MARIA ALEKSÁNDROVA
Modelo desempenhou papel importante durante o conflito com os EUA. Na época, a ilha caribenha contava com 40 MiG-21, 6 MiG-15 UTI e um Yak-12.

O MiG-21 se tornou o caça soviético mais popular de Cuba. Várias modificações da aeronave estiveram em serviço na ilha do Caribe: MiG-21F-13, PF, PFM e PFMA, entre outros. A primeira unidade da URSS a receber os MiG-21s foi o 32º Regimento de Caças da Guarda (32º Gv.IAP) em 1961. Em junho de 1962, o regimento recebeu ordens de se mudar para Cuba, renomeando-se como 213º IAP , de acordo com o portal airwar.ru. No final de setembro daquele ano, o regimento estava pronto e tinha um total de 40 MiG-21, 6 MiG-15 UTI e um Yak-12.

Inicialmente, nem todos os aviões foram pintados com as cores de Cuba, mas depois de ouvir os norte-americanos em interceptações de rádio falarem sobre os “MiGs com estrelas vermelhas”, todos os aviões foram repintados com urgência como se fossem da Força Aérea Cubana. O primeiro voo dos pilotos soviéticos no MiG-21 ocorreu em 18 de setembro de 1962. Em 22 de outubro, foi declarado estado de alerta máximo, e o regimento foi dispersado por aeródromos de San Antonio, Santa Clara e Camagüey.

O único confronto dos MiG-21 com os norte-americanos ocorreu em 4 de novembro. Um piloto soviético interceptou dois caças F-104C Starfighter, que realizavam um voo de reconhecimento perto da base aérea de Santa Clara. No entanto, os americanos decidiram não entrar em combate.

Rusgas com República Dominicana e Bahamas

O papel dos MiG-21 não se limitou à crise dos mísseis. Depois desse conflito, o comando soviético considerou melhor deixar os aviões no Caribe e começou a treinar pilotos cubanos. Já em abril de 1963, o primeiro cubano se formou, e em 10 de agosto de 1963, foi anunciada a criação de um esquadrão armado com MiG-21F-13.

Os pilotos cubanos do MiG-21 por sua vez, aconselhavam seus colegas de vários países e trocavam experiências. Foi o caso do Vietnã e do Peru.

Em 21 de fevereiro de 1968, um MiG-21 cubano caiu no mar enquanto manobrava em baixa velocidade perto de um avião que violava o espaço aéreo do país.

Em 18 de maio de 1970, em resposta à detenção de 14 pescadores cubanos pelas autoridades das Bahamas, vários MiGs-21 decolaram e passaram em velocidade supersônica sobre a capital Nassau. Os pescadores foram soltos em pouco tempo. A pedido do governo das Bahamas, surgiram F-4 Phantom norte-americanos, que voaram junto com os MiG-21, mas o atrito foi resolvido sem maiores consequências.

Em 10 de setembro de 1977, o esquadrão MiG-21MF, comandado por Rafael del Pino, realizou um voo de demonstração sobre o porto de Puerto Plata, na República Dominicana. Esta foi a resposta à detenção do navio mercante cubano Capitão Leão, que se dirigia a Angola portando armas. Paralelamente, o comando da Força Aérea Cubana elaborou o plano operacional Pico, segundo o qual os MiG lançariam um ataque com bombas e mísseis contra as cidades de Puerto Plata e Santiago de los Caballeros se os dominicanos não tivessem liberado o navio. Os MiG-21 sobrevoaram Santo Domingo várias vezes, rompendo a barreira do som em voo rasante e quebrando vidros. Cuba ameaçou bombardear Puerto Plata e Santiago se o governo dominicano não liberasse o barco. Sob pressão, os dominicanos cederam.

Outras missões dos MiG-21 cubanos

Durante sua missão na Etiópia, em 1978, os pilotos do esquadrão MiG-21bis e diversos MiG-21R realizaram centenas de missões de combate, destruindo um grande número de tanques e posições de artilharia somalis. Vários MiG foram abatidos e pelo menos um piloto morreu.

Em 10 de maio de 1980, dois MiG-21 atacaram o barco-patrulha dominicano Flamingo, que havia detido quatro barcos de pesca. Havana definiu o ataque como ‘erro’ e, junto com o pedido de desculpas, pagou uma compensação.

O MiG-21 era usado ativamente em Cuba para missões de patrulha aérea e houve inclusive mortes entre os pilotos. Por exemplo, em 21 de fevereiro de 1982, um piloto cubano que manobrava em baixa velocidade sobre a água não conseguiu manter o controle do caça e veio a óbito.

Os MiGs cubanos também participaram de exercícios conjuntos com as Forças Armadas soviéticas. Assim, os pilotos cubanos treinavam a interceptação de alvos aéreos “inimigos”, cujo papel era desempenhado pelos espiões Tu-95, e “atacavam” alvos marítimos. Na época, a presença militar soviética na região era intensa.

Em 1984, a URSS decidiu vender um esquadrão de MiG-21bis para a Nicarágua. O aeroporto de Puenta Huete foi destinado para que as aeronaves pudessem operar, e os pilotos nicaraguenses foram treinados para o manuseio e a manutenção do MiG-21. Mas o governo dos Estados Unidos se opôs fortemente à compra, e Cuba se ofereceu para que desembarcassem em seus portos e então voassem de surpresa rumo à Nicarágua. Em 1985, Gorbatchov, para evitar o confronto com os Estados Unidos, decidiu trocar os MiG-21 por helicópteros de ataque Mi-25 Hind.

Em 1986, dois MiG-21 interceptaram um HU-25A da Guarda Costeira dos EUA por supostamente violar as 12 milhas náuticas (22.224 metros) cubanas. Em 1990, um piloto americano tentou encurtar o voo de Opa-locka à Costa Rica sobrevoando Cuba em seu Cessna e foi interceptado por MiG-21 que o obrigaram a pousar em Havana.

Os MiG também participaram de operações tão delicadas como a cobertura dos aviões de Fidel Castro durante as inúmeras visitas aos países da América Central e do Sul. No entanto, o momento gloriosos dessas máquinas foi em dezembro de 1975, quando Castro decidiu fornecer ajuda em larga escala a seu amigo angolano Eduard Santos.

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