Apesar de boa parte das pessoas soviéticas adorarem jazz, os líderes do país nem sempre compartilhavam esse amor pelo ritmo americano. Geralmente aceito no início, o jazz foi logo declarado um símbolo do odiado Ocidente na União Soviética.
É difícil de acreditar, mas na década de 1920, os líderes soviéticos deram sinal verde para o ritmo popular de seu maior opositor político. O jazz americano não só foi aceito, mas recebido com entusiasmo em terras soviéticas.
Dois homens de terno dançando ao som de saxofone e trompete em imagem da publicação "White Bottoms", de 1927.
Getty ImagesA razão era simples. Os líderes soviéticos viam o jazz como a música da minoria afro-americana oprimida. Portanto, o ritmo poderia se tornar mais um instrumento de luta política.
Em 1927, houve uma grande turnê da banda de jazz de Leopold Teplitski pelo país, e em 11 de dezembro no Grande Salão da Filarmônica de Leningrado ocorreu um concerto com a participação da cantora negra Coretta Alfred.
ArquivoA história do jazz soviético começou em 1 de outubro de 1922, quando o primeiro concerto de jazz com músicos amadores foi realizado em Moscou.
Valentin Parnach, pioneiro do jazz russo, e sua irmã. 1910
ArquivoMuitos anos depois, as populares bandas de jazz americanas de Frank Witers e Sam Wooding visitaram a União Soviética, fazendo uma série de apresentações de grande sucesso.
A banda de jazz de Sam Wooding em Berlim. Circa 1930.
Getty ImagesNo fim da década de 1920, mais e mais bandas de jazz locais surgiram em Moscou e Leningrado (hoje São Petersburgo). Esta última, tornou-se uma verdadeira Meca para os amantes de jazz de todo o país.
A primeira banda de jazz de Teplitski (com ele no centro). Leningrado, 1927.
ArquivoNo início, as bandas soviéticas tocavam jazz americano, mas gradualmente mais trabalhos de compositores soviéticos tornaram-se populares.
Leonid Utesov (centro) com sua banda de jazz. 1938.
Georgy Petrusov/SputnikNo entanto, logo a visão da liderança soviética em relação ao jazz mudou. Na década de 1930, o jazz foi proclamado um exemplo de cultura burguesa e amplamente criticado.
Cartaz do filme "Businessman", dos artistas gráficos soviéticos Vladímir e Gueórgui Stenberg. 1921.
SputnikMúsicos de jazz estrangeiros foram banidos da União Soviética. Os músicos locais foram deixados em paz, mas suas apresentações foram limitadas.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o jazz recuperou algum espaço, e dezenas de bandas fizeram shows para elevar o moral das tropas soviéticas.
Tanquistas em sua primeira celebração após a vitória sobre Berlim ao som de orquestra de jazz do exército.
Leonid Korobov/SputnikApós a guerra, o jazz soviético sofreu o período mais duro de sua história. Com o estabelecimento da Guerra Fria, a música se transformou em vilã. “Hoje ele toca jazz, amanhã ele trairá seu país” era um slogan muito divulgado pela propaganda política daqueles dias.
Leningrad Dixieland. 1967
Viktor Ahlomov/SputnikSomente na década de 1960 o jazz começou a recuperar espaço novamente. Novas bandas foram formadas, livros e filmes sobre jazz foram publicados. Em 1964, o lendário clube de jazz O Pássaro Azul foi inaugurado em Moscou.
Cafeteria The Blue Bird. 1964.
Viktor Ahlomov/SputnikMúsicos estrangeiros receberam permissão para tocar no país novamente. A União Soviética foi visitada pelo famoso saxofonista Gerry Mulligan e por lendas como Thad Jones e Mel Lewis.
Alonzo Stewart, baterista da New Orleans Jazz Orchestra, em show no Moscow Variety Theater. 1979.
Igor Gavrilov/SputnikTendo seu status recuperado na União Soviética, o jazz sofreu um novo abalo em 1991. Quando todo o país entrou em crise, o jazz também entrou. Muitos artistas deixaram a Rússia, bandas foram desfeitas. A crise terminou somente nos anos 2000.
O maestro de jazz russo Ígor Butman tocando em Moscou em 1992.
Roman Denisov/TASSQuer receber as principais notícias sobre a Rússia em seu e-mail?
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