Nadejda Krúpskaia: A esposa da Revolução
Vladímir Lênin conheceu Nadejda Krúpskaia quando ambos eram jovens revolucionários em São Petersburgo. Nadejda era filha de um nobre e revolucionário hereditário. Sim, isso era possível. Na Polônia, seu pai ajudou os moradores locais durante a revolta antitsarista e foi proibido de servir o Estado como punição. Krúpskaia tinha claramente raízes revolucionárias sólidas. Após quatro anos de namoro, ela se casou com Lênin, em 1898, em Chuchenskoie, na Sibéria, onde ambos haviam sido exilados. O trabalho subversivo e a propaganda ocupavam a maior parte do seu tempo. Dedicada a Lênin, Krúpskaia compartilhou as dificuldades da vida undergroundcom o marido. Ela não era dona de casa, no entanto, tendo passado sua juventude nos círculos marxistas. Há rumores de que ela só sabia preparar ovos mexidos e que Lênin se alimentava melhor quando a criada cozinhava.
Embora não esteja claro se Lênin e Krúpskaia tinham alguma vida amorosa ou vida sexual, a única coisa certa é que eles estavam sempre muito ocupados. Após a Revolução, Krúpskaia assumiu diversas posições no Estado. Ela fundou organizações juvenis e supervisionou a educação, dificilmente tendo tempo para a vida familiar. Mesmo quando, no final dos anos 1910, Lênin teve um romance com a revolucionária francesa Inessa Armand, Krúpskaia fez vista grossa.
Após a morte de Lênin, Krúpskaia tornou-se vice-chefe do Comissariado de Esclarecimento, e permaneceu como uma importante e ameaçadora oficial responsável pela censura do Estado e propaganda antirreligiosa. Em 1930, no entanto, ela foi politicamente isolada por Iossef Stálin.
Ekaterina Svanidze e Nadejda Alillueva: Medo e raiva
Ekaterina (Kato) Svanidze, a primeira mulher de Stálin, era uma garota de uma família pobre georgiana. Os dois se casaram em 1906 em Tbilisi, capital da Geórgia. Como de costume para a sociedade ultrapatriarcal georgiana, Kato ficava em casa enquanto o marido cuidava de seus assuntos revolucionários (em sua maioria, criminosos, na época). Kato deu à luz seu único filho, Iakov, mas morreu quando o menino tinha apenas um ano de idade.
Em 1917, quando Stálin tinha 39 anos, ele conheceu sua segunda esposa, Nadejda Alillueva, com apenas 16. Ele já era um renomado revolucionário, enquanto Nadejda queria se tornar uma escultora. No entanto, foi confinada à vida solitária por causa das atividades do marido. Depois do casamento, em 1918, Stálin ficou cada vez mais envolvido na construção do novo Estado. Em casa, ele era conhecido por ser ainda mais tirânico do que em seu gabinete. Nadejda quase não tinha amigos – homens ou mulheres – porque todos tinham medo de seu marido. Em 1921, ela deu à luz Vassíli Stálin; em 1926, nasceu o segundo filho do casal, Svetlana.
Acredita-se que Stálin tenha destruído todos os papéis e cartas que documentam as relações com sua esposa. Sua morte – em 9 de novembro de 1932, com um tiro na cabeça ou no coração – ainda é um mistério. A razão oficial de morte, porém, foi descrita como apendicite. Havia rumores de que Stálin matou a esposa durante uma bebedeira, mas isso jamais foi confirmado. Stálin, que tinha 53 anos na época da morte da segunda esposa, não se casou de novo ou teve casos amorosos conhecidos.
Nina Kuhartchuk: Mulher do povo
Nina foi a terceira esposa de Nikita Khruschov, mas se tornou a primeira “primeira-dama” soviética, acompanhando o marido às recepções oficiais em casa e no exterior, impressionando o público espalhafatoso com sua abordagem comum.
Ela nasceu em 1900 em uma família simples de camponeses. Estudou bastante, mas optou por um trabalho revolucionário em detrimento de estudos universitários. Em 1922, conheceu Khruschov, que já era viúvo e tinha dois filhos. Logo depois, eles se declararam abertamente marido e mulher, como era comum em círculos juvenis que desprezavam a “moral antiga” (oficialmente, o matrimônio dos dois foi registrado somente em 1965, depois de Khruschov se aposentar).
Nina deu à luz três filhos, somando aos filhos do primeiro casamento de Khruschov, que viviam junto em família. Na década de 1960, Nina aprendeu o básico de inglês e começou a acompanhar o marido em visitas internacionais.
Suas fotos com Jackie Kennedy se tornaram famosas em todo o mundo. O traje de seda de Nina estava de acordo com o estilo da época, mas o cabelo desgrenhado e os traços simples propagavam a imagem soviética – uma mulher simples, direto do lar.
Na realidade, porém, como a maioria dos revolucionários, Nina não sabia muito sobre o trabalho doméstico. Quando ela e Nikita se mudaram para Moscou, na década de 1930, seu marido já era um alto funcionário soviético. Por isso, tinha um pequeno exército de servos e apenas supervisionava o trabalho. Terminou a vida como simples aposentada soviética, embora vivendo em uma datcha (casa de campo) do governo. Niva viveu 13 anos após a morte do marido.
Raissa Gorbatchova: A última primeira dama soviética
Mikhail Gorbatchov conheceu Raissa Titarenko quando ambos eram estudantes na Universidade Estatal de Moscou – ele cursava Direito, e Raissa, filosofia. Antes de se mudarem para Moscou em 1978, quando Mikhail se tornou secretário do Comitê Central do Partido Comunista, o casal e seus filhos viviam de maneira comedida, bem como a maioria das pessoas no país. Mas não se sabe se isso era verdade ou não.
Quando Gorbatchov se tornou secretário-geral em 1985, Raissa assumiu as responsabilidades de primeira-dama, que haviam sido abandonadas desde que Khruschov deixou o cargo (a mulher de Brejnev se manteve fora dos holofotes).
Raissa era fluente em inglês, enquanto o marido precisava de um intérprete. Ela era uma estrela nas recepções, ostentando belos vestidos e cortes de cabelo. Mas, na União Soviética, muitas pessoas invejavam e até mesmo a odiavam – a Perestroika foi um período de escassez excepcional de todos os bens básicos de consumo. Então, os vestidos elegantes de Raissa só faziam enfurecer o público.
Por outro lado, a primeira-dama usou sua posição para investir em boas causas e estabeleceu o Fundo de Cultura Soviética (mais tarde, Fundo de Cultura Russa), que ajudou a preservar muitos museus e patrimônios culturais. Ela também apoiou a Fundação Crianças de Chernobyl e visitou a cidade logo após a catástrofe de 1986.
Durante o golpe de agosto de 1991, Raissa temia pela vida do marido e acabou sofrendo um colapso. Mais tarde, os médicos disseram que este estresse, bem como a sua visita a Chernobyl, seriam a causa de sua leucemia, descoberta em 1999.
Raissa foi enviada para a Alemanha e tratada pelos principais oncologistas mundiais, mas, depois de dois meses, não resistiu. Sua filha, Irina, comanda agora o Clube Raissa Gorbatchova, que presta assistência a hospitais infantis russos.
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