Durante muito tempo, o artista e muralista mexicano Diego Rivera foi considerado um amigo de honra da União Soviética. Um comunista dedicado, Rivera visitou a URSS várias vezes e fez uma série de desenhos do povo soviético – até se ofereceu para pintar um retrato de Stálin.
No entanto, a proposta nunca se materializou. O artista mexicano não tinha medo de expressar sua opinião e criticava muito algumas questões da arte socialista soviética.
Rivera se decepcionava com o fato de que os artistas soviéticos modernos ignoravam as tradições de artesanato popular camponês russo. “Olhe para a sua pintura de ícones, bordados maravilhosos e caixas envernizadas, entalhes de madeira e couro, brinquedos. A grande herança que você desconhecem e não usam”, disse, certa vez.
Essa posição era inaceitável entre os círculos de arte soviéticos, onde Rivera fez muitos inimigos. No entanto, a principal razão pela qual o artista mexicano se tornou uma persona non grata na URSS foi a política.
Em meio ao conflito entre dois proeminentes líderes soviéticos – Stálin e Trótski – Rivera apoiou o último. O artista até abrigou Trótski no México depois de se exilar da União Soviética.
A ruptura com a Rússia de Stálin não significou, porém, uma ruptura com o comunismo. Rivera continuou a promover ideais socialistas, mesmo enquanto trabalhava para os Rockefellers no início dos anos 1930.
Abby Aldrich Rockefeller era grande fã de sua criatividade, e os magnatas americanos contrataram-no para pintar um enorme afresco em seu arranha-céu em Nova York.
Os Rockefellers imaginavam o artista como uma transição, olhando para o futuro e, ao mesmo tempo, enraizado no passado, uma mistura de incerteza e esperança – mas, em última análise, optando por buscar um futuro novo e mais otimista.
Rivera respondeu o chamado à sua maneira. Em seu afresco O Homem na Encruzilhada, uma pessoa fica entre o mundo capitalista das guerras, da crueldade e do pecado, e o novo mundo promissor do socialismo, do trabalho e da fraternidade.
Os Rockefeller estavam ainda dispostos a aceitar a obra, exceto pela inclusão de Lênin. Apesar dos inúmeros pedidos de Nelson Rockefeller para substituí-lo por uma imagem de uma “pessoa desconhecida”, Rivera se ateve à ideia e negou.
Os Rockefellers decidiram apagar o afresco. Mais tarde, Rivera o recriou no México, renomeando como Homem Controlador do Universo, e acrescentando as imagens de Trótski, Karl Marx e Friedrich Engels, que não estavam presentes no original.
Pouco antes de sua morte, Rivera fez as pazes com a liderança soviética e visitou a URSS pela última vez.
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