Muito aconteceu nas últimas oito décadas, mas as estrelas vermelhas no topo das torres do Kremlin sobreviveram.
Elas são símbolos de uma era e um lembrete do passado comunista do país. Trinta anos após a queda da URSS, elas continuam a brilhar, mas instituições como a Igreja Ortodoxa querem derrubá-las.
As estrelas do Kremlin foram apagadas apenas duas vezes, uma durante a Segunda Guerra, e outra para filmagens.
Alexey Druzginin/Anton Denisov/Russian Presidential Press OfficeA estrela vermelha de cinco pontas tornou-se um dos principais símbolos soviéticos logo após a ascensão dos comunistas ao poder. O vermelho foi escolhido como a cor da revolução, e os cinco pontos simbolizavam a unidade do proletariado nos cinco continentes.
Surpreendentemente, as estrelas só foram instaladas nas torres do Kremlin em 1937, ou seja, 20 anos após a revolução. Antes, águias de duas cabeças, que simbolizavam o Império Russo, pairavam sobre Moscou.
Vladimir Lenin falou muitas vezes sobre a “necessidade” de retirar as águias, mas por várias razões isso não foi feito. Ele não teve sorte de ver essa mudança enquanto era vivo.
Os pássaros foram retirados em meados da década de 1930. As autoridades decidiram que as águias não representavam os valores históricos e culturais da Rússia. Assim, a tradição de séculos foi descartada.
Retirar as águias do Kremlin não foi, porém, uma tarefa fácil. Gruas especiais foram construídas e montadas nos deques superiores das torres para realizar o trabalho.
Após duas semanas de trabalho, as águias foram removidas – e derretidas em enormes caldeiras. Novas estrelas, decoradas com ouro e pedras semipreciosas, foram instaladas em seu lugar. No entanto, a poeira, sujeira e fuligem do ar de Moscou logo desbotaram os ornamentos.
Em 1937, as torres do Kremlin foram decoradas com estrelas de rubi, as mesmas que estão por lá até hoje. Em cada estrela foi montada uma base para que os enormes objetos – cada um pesando uma tonelada – pudessem girar como cata-ventos.
As novas estrelas agora brilhavam de verdade. Lâmpadas especialmente desenhadas com filamentos duplos foram instaladas em cada uma delas, para que continuassem radiantes mesmo que um dos filamentos se apagasse. Os enfeites são lavados a cada cinco anos e todos os meses passam por manutenção. Inspeções mais detalhadas são feitas a cada oito anos.
As estrelas do Kremlin foram apagadas apenas duas vezes. A primeira, durante a Segunda Guerra Mundial, para que os aviões nazistas não pudessem identificar o Kremlin. Já a segunda vez foi quando o cineasta russo Nikita Mikhalkov pediu uma permissão especial para que o fizessem para filmar uma cena de seu filme “O Barbeiro da Sibéria”.
As estrelas do Kremlin estão entre os poucos símbolos soviéticos que não desapareceram com o fim da URSS. Seu destino, no entanto, permanece tema de debates, já que algumas instituições, como a Igreja Ortodoxa, querem que as águias sejam reinstaladas no lugar. Outros dizem que as estrelas são um símbolo essencial da herança russa. Apenas o tempo dirá o que acontecerá com elas.
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