5 curiosidades sobre o Natal Ortodoxo que você precisa saber

Estilo de vida
ALEKSANDRA GÚZEVA
Ao longo de uma história secular de divisão da Igreja, o Cristianismo Oriental adquiriu muitas características específicas. Isso afetou inclusive a data de celebração do nascimento de Jesus Cristo, que na Rússia é comemorada em outro dia.E como era a celebração nos tempos soviéticos ou como é hoje? Contamos tudo isso aqui!

1. Na Rússia, Natal é comemorado em 7 de janeiro

Antes da revolução de 1917, o Império Russo vivia de acordo com o calendário juliano, que estava 13 dias atrás do calendário gregoriano, seguido pela Europa. Assim, o 25 de dezembro russo não coincidia com o 25 de dezembro ocidental e, consequentemente, o Natal na Rússia, embora comemorado na mesma data, na verdade ocorria 13 dias depois do Natal na Europa.

Em 1918, o governo da Rússia Soviética passou a adotar o calendário gregoriano e, de acordo com o “novo calendário”, todas as datas foram adiantadas em 13 dias. Assim, o Natal Ortodoxo passou a cair em 7 de janeiro.

A festa do Ano Novo na Rússia, porém, começou a ser celebrada simultaneamente com o mundo ocidental. Assim, os russos começaram a comemorar o Ano Novo antes do Natal.

Isso foi até benéfico para o governo soviético, que já havia começado a combater a religião. Assim, o Ano Novo se tornou o principal feriado do ano, antecedendo o Natal também cronologicamente.

O Natal ortodoxo é celebrado em 7 de janeiro não só na Rússia, mas também em Jerusalém, Georgia e Sérvia.

2. Natal era proibido na URSS

A tradição de celebrar o Natal estava tão arraigada na consciência popular que o governo soviético teve que empreender uma verdadeira guerra contra ela. No início, os bolcheviques fecharam os olhos e não proibiram a organização das festas de Natal para as crianças.

Em 1929, porém, Stálin decidiu intensificar a luta antirreligiosa, proibiu a celebração e chegou até a abolir o feriado, tornando o dia 7 de janeiro um dia normal de trabalho. Aqueles que continuaram a celebrar o Natal arriscavam os seus empregos e até a sua liberdade.

No entanto, mesmo nas prisões e nos campo de trabalho forçado da Gulag as pessoas conseguiam continuar a celebrar o nascimento de Cristo, preparar presentes e jantares festivos.

As festas para crianças, com árvores de Natal e presentes, passaram a ser realizadas em 1 de janeiro, marcando o Ano Novo.

Oficialmente, o Natal foi permitido novamente apenas após o colapso da URSS.

3. Natal é um dos feriados prediletos, mas não o principal da Igreja Russa

Para os católicos, o Natal é o principal feriado religioso. Mas a Igreja Ortodoxa Russa tem uma tradição diferente: o principal feriado religioso é a Páscoa, a Santa Ressurreição de Cristo.

Os sacerdotes explicam isso com uma citação do apóstolo Paulo: “Se não há ressurreição dos mortos, nem Cristo ressuscitou; e, se Cristo não ressuscitou, é inútil a nossa pregação, como também é inútil a fé que vocês têm.” (1 Coríntios 15:13-14).

4. Natal é feriado familiar tranquilo

Na Ortodoxia o feriado é precedido pelo Jejum da Natividade, que começa em 28 de novembro e termina em 6 de janeiro. A Véspera de Natal na Rússia é chamada de Sotchelnik. Segundo a tradição, após a missa noturna neste dia, toda a família se reúne à mesa.

Costuma-se jejuar até o aparecimento da primeira estrela, após o qual começa o jantar. O primeiro prato é tradicionalmente mingau de arroz doce com mel. Em seguida, é permitido passar para os pratos principais - porco ou ganso assados.

Segundo a tradição, 12 pratos deveriam ser colocados na mesa na véspera de Natal em homenagem aos 12 apóstolos de Jesus. Assim, na Rússia Antiga, os fieis costumavam cozinhar muito: panquecas, tortas, doces.

Hoje, porém, poucos seguem a regra dos 12 pratos, muitas vezes limitando-se a ganso ou pato assados, saladas e aperitivos.

5. Celebrações do Natal duram 12 dias

De acordo com a tradição russa, o período desde a véspera de Natal até a véspera da Epifania (19 de janeiro) é chamado de Sviátki. Depois de quebrar o jejum, as pessoas costumavam sair e se divertir, visitando casas dos vizinhos cantando, dançando e coletando guloseimas.

As meninas tinham seu próprio passatempo: a previsão do futuro. Condenada pela Igreja, esta só era permitida durante Sviátki. O objetivo de toda previsão era adivinhar quem seria o noivo delas.

A previsão do futuro era praticada em cruzamentos, casas de banho, perto de rios… em quaisquer lugares onde os espíritos aparentemente permaneciam.

À noite, as meninas chegavam a uma casa de banho e, se fossem tocadas por uma pata cabeluda, o futuro marido seria rico, mas, se fossem acariciados por pele nua, o marido seria pobre.

LEIA TAMBÉM: Que tradições, rituais e feriados foram inventados na URSS no lugar dos ortodoxos?

O Russia Beyond está também no Telegram! Para conferir todas as novidades, siga-nos em https://t.me/russiabeyond_br