Os 10 idiomas mais raros da Rússia

Margarita Novossélova
Na língua itelmeni, por exemplo, as palavras podem ter até sete consoantes consecutivas, enquanto a “ket” é a única língua sobrevivente entre as nações ao longo do Rio Ienissei.

A Rússia é um país muito diverso e multiétnico. Além dos russos, vivem ali cerca de 190 etnias que falam 270 línguas. Muitas delas carecem de uma forma escrita até hoje ou desenvolveram sua escrita há relativamente pouco tempo. Nem todas essas etnias, no entanto, são populosas, e por isso muitas de suas línguas são raríssimas.

1. Aleúte

Da esq. para dir.: Ksênia Kiaikina, dançarina do conjunto local, Diana Chumkova, aluna do grupo de tecelagem aleúte, Nina Kiaikina, professora do grupo turma, Galina Koroliôva, presidente da Duma do Distrito Municipal Aleúte.

Esta é uma das etnias menos populosas de toda a Rússia, com apenas 300 indivíduos. Eles vivem na Ilha de Bering, isolada ao largo da península do Kamtchatka. Eles mantêm contato com os aleútes norte-americanos no Alasca, mas já quase não há nenhum falante da língua.

Apenas um aleúte na ilha é fluente na língua, mas há também alguns outros que a dominaram já depois de adultos e ajudam outros a aprendê-la: eles organizam livros didáticos, cursos e palestras.

Os aleútes russos, ao contrário dos norte-americanos, usam o alfabeto cirílico na escrita, mas, na conversa, eles se entendem.

2. Hinukh

A aldeia de Hinukh.

Esta língua é falada pelos habitantes da aldeia montanhosa de Hinukh, no Daguestão. Alguns pesquisadores consideram que os hinukhs pertencem a uma sub-etnia dos avares, o maior grupo étnico do Afeganistão.

A língua hinukh está ameaçada de extinção: em 2002, o número de falantes ultrapassava os 500, mas o censo de 2010 revelou que restavam apenas cinco falantes da língua. Os hinukhs não têm uma língua escrita e, embora as gerações anteriores escrevessem em avar, esta também é uma língua que praticamente desapareceu.

3. Ket

Tatiana e Aleksêi Tiganov, da etnia ket, vivem no norte de Krasnoiarsk.

Em aldeias isoladas no krai de Krasnoiarsk, ao longo das margens do rio Ienissei, havia seis povos, cada um com sua própria língua. Com o tempo, eles foram assimilados e, hoje, só restou o ket, falado pela etnia homônima.

Na Rússia, essa etnia tem cerca de 1.200 indivíduos, mas só 200 deles falam a língua. Nos tempos soviéticos, tanto o latim quanto o cirílico eram usados na escrita ket, mas hoje ele só restou no cirílico. O alfabeto ket tem na atualidade 39 letras e é usado em grande parte na educação.

4. Alutor

Os alutor são habitantes nativos do Kamtchatka que vivem no norte da região, no distrito Alutorski. A etnia e o idioma estão em risco de extinção: de acordo com dados de 2010, apenas 25 falantes de alutor permanecem na Rússia. Mesmo assim, o jornal local “Aboriguen Kamtchatki” tem páginas em alutor e na língua koriaque, de mesma raiz.

5. Enets

Aldeia de Potapovo, às margens do rio Ienissei.

Um pouco mais de 200 pessoas da etnia enets habitam o distrito de Taimir, no norte da região de Krasnoiarsk. Entre elas, quase 40 falam a língua nativa, que não tem forma escrita, apesar dos inúmeros dicionários russo-enets publicados em cirílico. O jornal local “Taimir” às vezes também publica notas em enets.

6. Tchulim

Outro idioma em risco de extinção é o tchulim, falado pelo grupo étnico homônimo, cujos indivíduos também são designados como “tártaros de Tchulim”. Eles habitam as margens do rio Tchulim, no krai de Krasnoiarsk e na oblast de Tomsk (para entender melhor as divisões territoriais russas, clique aqui).

São 355 os membros dessa etnia, mas apenas 44 falam a língua. Até recentemente, considerava-se que a qlíngua existia somente na forma falada, mas, no início dos anos 2000, linguistas passaram a se dedicar a ela e lançaram o primeiro dicionário russo-tchulim. O alfabeto é baseado no cirílico e tem 40 letras. Em 2019, o Evangelho de Marcos se tornou o primeiro livro a ser publicado na língua.

7. Orok (Ulta)

A língua orok é falada pelo povo ulta da ilha Sacalina, do qual há 295 sobreviventes. Desses, apenas 47 dominam o idioma, a maioria já mais velha. Nas aldeias ulta também há cursos para iniciantes da língua, dedicados às crianças.

A língua ulta é bastante difícil de aprender e pouco pesquisada. Por isso, um projeto de alfabeto ulta só se iniciou na década de 1990, e a publicação do primeiro dicionário ocorreu apenas em 2008.

8. Vótico

Nas cercanias de Kinguisepp, na região de Leningrado, vivem cerca de 60 pessoas da etnia vótica. Os que ainda falam a língua vótica, infelizmente, são apenas seis a 10 indivíduos.

Mas existem várias iniciativas para mudar esse quadro, incluindo cursos de línguas na aldeia local de Lujitsi, assim como um festival cultural vótico. A língua estoniana é considerada a mais próxima da vótica.

9. Itelmen

O povo itelmen é aparentado dos indígenas do Kamtchatka. Hoje, restam apenas 3.000 membros da etnia e, desses, apenas 80 pessoas falam a língua. Antigamente, a etnia tinha três línguas, que morreram no início do século 19.

O próprio itelmen também é considerado um idioma em risco de extinção. Todos os falantes da língua na atualidade são fluentes em russo e alguns deles também falam o koriaque, língua que usam para se comunicar com os vizinhos. E eis um fato interessante: algumas palavras do idioma itelmen contêm até sete consoantes em sequência!

10. Tofa

A aldeia de AlIgdJer, distrito de Tofalar na região de Irkutsk.

Na impenetrável taiga de Saian Oriental, viviam, desde tempos imemoriáveis, os antigos nômades tofa (também conhecidos como tofalares). Hoje, eles são apenas cerca de 800 pessoas, das quais só 90 falam a língua tofa (mas há estatísticas apontando para o fato de menos de 30 pessoas falarem a língua).

O alfabeto tofa foi desenvolvido apenas no final dos anos 1980 por linguistas soviéticos; e ainda está tendo dificuldade em atingir sua forma final. A última edição do alfabeto tinha 41 letras. A preservação da língua é incentivada por iniciativas voluntárias.

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