5 golpes de internet e telefone na Rússia (e, principalmente, como evitá-los)

Estilo de vida
GUEÓRGUI MANÁEV
Ocorrência de fraudes on-line vem crescendo no país. Algumas delas são também comuns no Brasil, portanto, aprenda aqui a se proteger de criminosos.

As chamadas geralmente acontecem de manhazinha, quando a pessoa ainda está sonolenta. Uma voz masculina imponente, ou uma voz feminina preocupada, diz se tratar de um representante do banco e imediatamente começam as perguntas: “Você acabou de enviar dinheiro da sua conta bancária para uma pessoa localizada em [qualquer cidade remota na Rússia]?”. É claro que a pessoa não o fez. Portanto, o interlocutor solicita as informações do seu cartão de crédito para bloquear a transação imediatamente, porque a pessoa poderia estar sendo vítima de um golpe.

Ironicamente, é neste instante que começa a fraude – essa ligação não partiu do banco. Afinal, para roubar dinheiro hoje em dia, os criminosos não precisam apontar uma arma contra seu abdômen na rua nem desvendar o código secreto do cofre. O único número que necessário é aquele que a pessoa recebe em uma mensagem curta do banco de verdade. E um telefone celular é suficiente para tal – desde que o criminoso seja convincente e você esteja distraído ou com pressa – ou seja ingênuo.

1/ O banco que te rouba

O mecanismo é simples: os golpistas geralmente convencem os clientes passando-se por representantes do sistema de segurança do banco. A principal habilidade desses criminosos é pegar a pessoa em um momento incomum ou inconveniente, surpreender e fazê-la passar o código de confirmação para autenticação.

O resto é pura mecânica – os criminosos usam o código para entrar na sua conta bancária pela internet e transferir o dinheiro na mesma hora. Essa maneira de roubar também é chamada de “phishing” – porque, na verdade, eles “pescam” seus dados de segurança (neologismo criado como homófono de fishing, que significa pesca, em inglês). Os hackers geralmente substituem a letra ‘f’ por ‘ph’, uma analogia ao termo ‘phone phreaking’, nome dado aos crackers de telefonia (phone+freak ou phreak).

Como evitar: os funcionários do sistema de segurança do banco raramente ligam para os clientes por telefone e, se o fizerem, jamais solicitarão códigos de segurança. Portanto, você pode simplesmente desligar a ligação assim que eles começarem a fazer perguntar. E, mais importante, esses funcionários não têm pressa, enquanto os criminosos o bombardeiam com perguntas e exigem que tudo seja feito rapidamente – para que você não tenha tempo de parar e pensar no que está ocorrendo. 

2/ Perfis e sites de araque

Essa forma de fraude é muito popular na Rússia, porque a maioria dos russos não possui conhecimento profundo de inglês nem reconhece de imediato pequenos erros nos endereços de sites escritos em latim.

Os golpistas criam centenas de sites e contas no Instagram falsas como se fossem perfis de empresas reais. Usam milhares de usuários (incluindo falsos ou robôs) para simular atividade nos comentários e aumentar o número de seguidores de suas páginas falsas nas redes sociais. Eles oferecem as mesmas mercadorias e serviços, exceto pelo fato de serem inexistentes. Para parecer ainda mais vantajoso, costumam oferecer grandes descontos ou um sorteio com uma pequena taxa de participação. Assim que a pessoa envia o dinheiro, eles simplesmente desaparecem.

Como evitar: sempre leia com atenção o endereço do perfil do site/Instagram, vasculhe as seções de comentários, procurando por mensagens repetitivos que imitem atividades de usuários reais.

3/ Não era amor, era cilada

Os golpes no site de relacionamento são geralmente realizados por manipuladores psicológicos experientes, assim como os golpes de phishing; porém, nesses casos, o processo para atrair as pessoas para o golpe é mais longo e leva dias, se não meses.

Os vigaristas criam perfis de namoro de pessoas aparentemente bem-sucedidas – cheias de fotos bonitas com carros de luxo, fotos de férias nos melhores resorts etc. Depois de uma breve troca de mensagens, o golpista diz à vítima que se apaixonou, enche o outro de elogios e logo convida para passarem um tempo juntos em algum lugar longe e fascinante. A vítima, encantada com a ideia de realizar sonhos, concorda. Mas, de repente, o vigarista diz que ocorreu um pequeno inconveniente – o cartão de crédito está bloqueado ou a transação não está sendo concluída... Eventualmente, a vítima é solicitada a enviar dinheiro para a conta do golpista, que promete pagar de volta o mais rápido possível. Assim que o dinheiro é transferido, o vigarista desaparece de vez, simplesmente excluindo o perfil.

Esse esquema pode variar, dependendo do sexo, status financeiro da vítima etc. Os golpistas podem se passar por mulheres com filhos que precisam de apoio, podem pedir à vítima que pague apenas uma pequena quantia pela entrega de um presente-surpresa e até enviar fotos de ingressos que “compraram” e pedirem para pagar sua “parte” – mas o truque principal é sempre o mesmo: a vítima é atraída a enviar, por vontade própria, dinheiro para uma pessoa desconhecida.

Como evitar: peça ao príncipe/princesa encantado/a para mostrar suas contas de redes sociais e verifique se é mesmo uma pessoa real. Além disso, é preciso prestar atenção se ele ou ela começarem a inundá-los com elogios e confissões de amor em questão de minutos após o início da conversa. Também é útil convencer o/a galanteador/a a fazer uma chamada de vídeo. Os golpistas geralmente desaparecem logo depois de perceberem que a vítima está começando a suspeitar de algo.

4/ Entidade-fantasma

Outra variedade de fraude que se utiliza de sentimentos sinceros das pessoas são instituições de caridade inexistentes. Na internet, é comum ver pessoas pedindo dinheiro para financiar tratamentos ou medicamentos para crianças que sofrem de doenças graves (genéticas, câncer etc.). Essas postagens sempre vêm com fotos de arrancar lágrimas e longos textos emocionais clamando por ajuda para salvar uma vida. Quanto mais exagerado for o conteúdo, mais provável que se trata de uma farsa.

Como evitar: Inspecione cuidadosamente os dados de registro da vaquinha on-line, os números da conta etc. E pesquise as imagens dessas crianças na internet – você pode estar “ajudando” uma criança que há muito tempo está curada, ou pior ainda, que foi tirada de um banco de imagens. Algumas fotos circulam na rede por anos e anos.

5/ “Mãe, estou em apuros, mande dinheiro”

Esse golpe superpopular nem precisa de internet. Geralmente, os golpistas usam base de dados com números de telefone celular (vendidos ilegalmente na rede) para procurar pessoas que tenham filhos adolescentes. Os fraudadores enviam mensagens curtas em seus celulares com textos como: “Mãe, sou eu escrevendo do celular de outra pessoa. Tive um grande problema, não posso explicar agora, mas, por favor, envie (uma quantia X em dinheiro) para este telefone celular assim que puder!”.

Isso tem a intenção de parecer que o filho ou a filha dessa pessoa está tentando subornar a polícia ou se livrar de criminosos. Normalmente, essas mensagens também são enviadas à noite ou no início da manhã para pegar a vítima de surpresa e, assim como no esquema 1, o remetente pede para que tudo seja feito muito rapidamente. Alguns pais preocupados e neuróticos podem enviar o dinheiro solicitado, enquanto seus filhos estão vivos e bem.

Como evitar: basta ligar para o número de verdade do filho e perguntar se está tudo bem; ou responda à mensagem fazendo uma pergunta simples sobre sua família.

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