O Mausoléu de Lênin permanecerá fechado ao público até 16 de abril de 2019 “para a execução de trabalhos de profilaxia”, segundo um comunicado do Serviço de Proteção Federal da Rússia (FSO), o órgão responsável pela segurança dos altos funcionários. Esse tipo de trabalho de conservação é comum, destacou o FSO.
A múmia do líder bolchevique foi instalada na Praça Vermelha, em Moscou, desde 1924, logo após sua morte. As autoridades soviéticas decidiram preservar o corpo e colocá-lo em um mausoléu no coração da capital soviética.
A ideia inicial era congelar o corpo, mas os químicos Vladímir Vorobiov e Boris Zbarski sugeriram embalsamá-lo em março de 1924, quase dois meses depois de sua morte. A fórmula que propuseram evitava a decomposição, mas provocava ressecamento e mudança de cor e forma do corpo. Mesmo assim, Zbarski alegou que o congelamento não era a melhor opção, já que mesmo em baixas temperaturas o corpo continuaria a se decompor. Em 1º de agosto de 1924, o mausoléu da Praça Vermelha foi aberto ao público – e ali permanece até os dias de hoje.
Conservado há mais de 90 anos
Para preservá-lo, os cientistas extraíram todos os órgãos internos e substituíram os líquidos por substâncias especiais de embalsamamento que interromperam o processo de decomposição.
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Durante alguns períodos da época soviética havia até 200 especialistas trabalhando no “laboratório de Lênin”, segundo Aleksêi Iurtchak, professor de antropologia social em Berkeley. Embora atualmente esse número seja menor, a cada ano e meio, especialistas do Centro de Biotecnologia e Medicina (CBM) submetem o cadáver a uma série de procedimentos bioquímicos. O corpo – o que resta dele, cerca de 23% – é imerso em um líquido conservante, mantendo a aparência, a elasticidade da pele e a flexibilidade das articulações. Segundo os cientistas russos, com a utilização desses métodos, o tempo de conservação é praticamente indefinido.
O líquido também conserva o esqueleto, os músculos, a pele e outras partes do tecido. Todos os órgãos, incluindo o cérebro, foram removidos. Aliás, esse órgão do líder soviético foi meticulosamente examinado pelo Instituto do Cérebro da URSS, criado logo após sua morte, com o objetivo de estudar suas “qualidades extraordinárias”.
Além de Lênin, esse laboratório de Moscou se ocupou do embalsamamento de outros líderes comunistas, como o vietnamita Ho Chi Minh, o líder búlgaro Gueorgui Dimitrov e os norte-coreanos Kim Il-sung e Kim Jong-il, além do corpo de Stálin.
Lugar de peregrinação e controvérsia
Durante o período soviético, o mausoléu da Praça Vermelha era um local de peregrinação e símbolo dos ideais leninistas, recebendo até 2,5 milhões de pessoas por ano, desde cidadãos soviéticos a delegações estrangeiras.
No entanto, o embalsamamento e mausoléu de Lênin é objeto de debate social na Rússia desde a queda da URSS em 1991. Diversas pessoas são a favor de demolir o mausoléu e enterrar Lênin, mas as pesquisas mais recentes mostram que não há consenso sobre o que fazer com a múmia do líder revolucionário.
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