Todo mundo sabe que Vladímir Lênin, que liderou os bolcheviques durante a revolução de 1917, foi “mumificado”. Embalsamado por cientistas soviéticos, ele foi colocado em um Mausoléu no coração de Moscou e ainda serve de atração turística (uma bem controversa, digamos assim).
Há muita curiosidade interessante sobre como Lênin acabou como um faraó egípcio: começando do próprio processo de seu embalsamamento até quando seu corpo foi evacuado para a Sibéria durante a Segunda Guerra Mundial.
Mas seria um erro pensar que o líder do proletariado é a única múmia na Rússia. As histórias de três outras são tão interessantes como a dele!
Talvez você não tenha ouvido falar em Nikolai Pirogov, mas se um molde de gesso já o tiver ajudado a consertar um braço quebrado, por exemplo, você deve agradecer a este homem – foi ele quem inventou a coisa toda.
Cirurgião durante o Império Russo, Pirogov inventou uma porção de coisas, sem as quais mal se pode imaginar a medicina. Em 1847, ele foi o primeiro médico a usar a anestesia etérea no campo de batalha, durante a guerra da Crimeia, e popularizou o método, o que ajudou a salvar milhares de vidas.
Pirogov era tão habilidoso que, por vezes os soldados traziam corpos com cabeças separadas para ele, esperando que o médico costurasse as partes e reanimasse os mortos, segundo escreve o jornal russo KP.ru.
Pirogov também criou um dos atlas anatômicos mais detalhados de seu tempo.
“[Decidi] manter o corpo do meu cônjuge sem perecer, para mim e para seus descendentes”, contou, depois de sua morte, sua mulher Aleksandra.
Até mesmo a Igreja Ortodoxa aprovou a ação com um decreto especial: “Para os discípulos de Pirogov e aqueles que foram exitosos com seu nobre trabalho poderem ver sua brilhante imagem”.
David Vivodtsev, um dos alunos de Pirogov, fez o embalsamamento - e o fez tão bem que, quase 140 anos depois, Pirogov parece o mesmo. Ele está em uma pequena cripta da família em Vinnitsa (atualmente, território da Ucrânia).
Assim como Lênin, Grigóri Kotovski é associado principalmente à revolução. Este homem deixou a vida de bandido e, com sua astúcia, habilidades militares e sorte, subiu ao ponto de comandar uma divisão do Exército Vermelho na Ucrânia e na Moldávia durante a Guerra Civil Russa.
Ele era polêmico, para dizer o mínimo: "É difícil dizer se ele era um criminoso nato, um bandido político ou um defensor dos oprimidos", escreveu o historiador Eduard Burda.
Logo após o fim da guerra civil, Kotovski foi baleado por seu próprio ajudante. Como era altamente popular, as autoridades decidiram embalsamar o comandante e chegaram até mesmo a convidar a mesma pessoa que fez o procedimento no corpo de Lênin para tanto: o anatomista Vladímir Vorobióv.
Após o bem-sucedido embalsamamento, Kotovski foi colocado em um mausoléu em Podolsk (atualmente, terrritório da Ucrânia, próximo a Odessa) - não tão grande quanto o de Lênin, claro.
Mas, ao contrário de Lênin, Kotovski foi forçado a deixar o lugar e partir para o descanso eterno fora da vista do povo. Em 1941, os alemães invadiram a Ucrânia e tiraram o corpo do comandante do mausoléu, jogando-o fora.
Hoje, os restos mortais de Kotovski, que foram encontrados após a guerra, estão enterrados em um túmulo comum e seu mausoléu está vazio.
Durante seu governo na URSS, Stálin foi considerado onipotente, o quarto anel da inquebrável corrente de líderes comunistas, composto por Marx, Engels, Lênin e Stálin.
Não era surpresa que após a morte ele seguisse os passos de Lênin e fosse preservado dentro do mausoléu, e assim ocorreu quando o “vójd” partiu desta para a melhor, em 5 de março de 1953.
Os especialistas que cuidaram do corpo de Lênin fizeram seu trabalho de maneira primorosa, e até 1961 os dois líderes comunistas eram vizinhos no mausoléu.
Mas a múmia de Stálin foi forçada a sair dali devido à campanha anti-stalinista iniciada durante o governo de Nikita Khruschov.
"A traição de Stàlin ao legado de Lênin, o abuso de poder por ele empreendido, a repressão em massa contra cidadãos soviéticos honestos tornam inaceitável manter o caixão que contém seu corpo no Mausoléu de Lênin", lia-se na decisão oficial de despejá-lo dali.
Assim, retiraram Stálin do Mausoléu e o enterraram próximo ao muro do Kremlin, onde seu corpo continua até hoje.
O cientista Vadím Milov, que trabalhou no Mausoléu, diz que o corpo do “vójd” embalsamado ainda pode estar em boa forma.
“Os cientistas soviéticos procuraram não apenas preservar o corpo, mas também manter sua aparência para que o falecido parecesse estar dormindo. Se o túmulo de Stálin estiver seco o suficiente, seu corpo provavelmente estará bem preservado”, disse Milov ao canal de TV russo Russia Today.
Mas é impossível verificar se esta é a situação atual do líder: ele está quase dois metros abaixo da terra.
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