Imagine só: você está planejando há séculos uma viagem dos sonhos a Moscou e, finalmente, economizou dinheiro suficiente para botar o plano em prática. Ou digamos que, para inveja de alguns, você já viva em Moscou. Certo dia, está passeando pelo parque Górki, ou almoçando num café da moda, quando de repente inicia uma guerra nuclear.
Não importa quem começou. Ao ouvir a notícia, seu primeiro pensamento provavelmente não será aprofundar-se nos meandros da política internacional que levaram a uma explosão nuclear sobre sua cabeça. É hora apenas de deixar tudo para trás – inclusive seu cappuccino – e sair correndo.
Mas para onde?
Fique atento ao alerta
Sistemas de defesa modernos são capazes de emitir aviso prévio de um ataque com mísseis nucleares, de modo que o governo tenha tempo de evacuar e alertar a população. Portanto, o primeiro som que você ouvirá neste dia não tão feliz de sua vida será o uivo ensurdecedor de uma sirene.
Conforme explicado por um porta-voz do ministério russo para Situações de Emergência (MES, na sigla em russo) em entrevista à agência RIA Nôvosti, “o alerta é enviado usando sirenes elétricas, após o qual os moradores (...) devem ouvir as informações transmitidas no rádio, televisão ou outros meios de comunicação”.
Em outras palavras, quando a sirene disparar, você deve ligar o rádio ou a TV, e o MES informará o que está ocorrendo. No caso de um ataque com mísseis nucleares, eles irão aconselhá-lo a se dirigir para um abrigo próximo o mais rápido possível.
Saiba para onde correr
Não se sabe exatamente quantos abrigos antiaéreos há em Moscou. O Moslenta estima a existência de 5.000 a 7.000 (o inevitável legado da Guerra Fria, quando os cidadãos soviéticos esperavam uma Terceira Guerra Mundial). Eles geralmente estão localizados nos porões de edifícios residenciais ou em salões subterrâneos.
Para obter o endereço do abrigo antibomba mais próximo, o MES aconselha entrar em contato com o “centro de treinamento e consulta do distrito” – além disso, há uma lista disponível no site da Prefeitura de Moscou. No entanto, no caso de um conflito nuclear, é improvável que você tenha tempo ou desejo de trocar gentilezas por telefone, mesmo que seja um funcionário público educado, então, em vez disso, você pode usar este mapa prático de abrigos antiaéreos.
Siga para o metrô
O metrô de Moscou é um dos melhores lugares para sobreviver a um ataque nuclear. Mas não são todas as estações. Desde 2012, a construção de “instalações de defesa civil” em novas estações de metrô vem deixando a desejar. Na verdade, o projeto foi abandonado por completo. O vice-prefeito Marat Khusnullin justifica tal decisão de forma esperançosa: “Espero que nunca haja uma guerra”. Agora é só cruzar os dedos.
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Quanto às estações construídas antes de 2012, elas podem, de fato, proteger uma pessoa dos efeitos nocivos de uma explosão nuclear. No caso de uma guerra nuclear, as portas herméticas serão fechadas, protegendo todos os afortunados dentro da estação das ondas de choque e fluxo de radiação. Além disso, elas não permitem a entrada de ar contaminado com armas químicas ou biológicas.
Quanto mais profundo, mais seguro
Quanto mais profunda a estação, maiores as chances de sobreviver ao apocalipse nuclear que se desenrola na superfície. Por isso, a melhor opção é a Park Pobedy (Parque Vitória), na linha azul, que fica 73 metros abaixo do solo e é a estação mais profunda da capital. Mas, se estiver longe, qualquer estação da linha circular já será suficiente – quase todas ficam 30 metros abaixo da superfície. Um mapa das estações de metrô indicando sua profundidade pode ser encontrado no site da Prefeitura.
“No caso de um ataque nuclear diretamente acima no solo, é improvável que o metrô ajude. A enorme explosão vai criar uma cratera”, observa o especialista Aleksandr Popov em entrevista a Furfur. “Felizmente [relativamente falando], a melhor opção para destruir uma grande área é uma explosão aérea. Assim, as pessoas dentro do metrô não veem nem ouvem nada, e não sofrem de radiação ou calor extremo.” Além disso, as estações estão equipadas com suprimentos de comida e água potável para alguns milhares de pessoas se abrigarem por vários dias consecutivos.
Onde é o melhor lugar para ficar dentro de uma estação lotada de pessoas não menos apavoradas do que você? O mais provável é que você vá aonde a multidão o levar (apenas tente não perder os entes queridos em meio ao pânico) e espere pelas instruções da polícia, que deverá, com sorte, estar encarregada da situação. O MES recomenda que você se posicione em plataformas, em trens estacionados em plataformas ou dentro de túneis (não se preocupe, não haverá trens passando por eles tão cedo, ou nunca). Portanto, fique de pé ou sente-se onde for recomendado.
Não hesite
Você está correndo para um abrigo antiaéreo ou estação de metrô mais próxima, e o tempo é essencial: você tem de 10 a 15 minutos (o intervalo entre ter conhecimento do ataque e a explosão em si, dependendo de onde for lançada). De acordo com os procedimentos do MES e do metrô de Moscou, as estações de metrô devem fechar as portas herméticas dentro de 10 minutos após o público ser informado. Em alguns casos, “o período pode ser aumentado para 15 minutos” – mas não mais do que isso.
“Os pedidos de retardatários não forçarão as portas a se abrirem”, lê-se em uma reportagem publicada ainda em 1997. E, embora o alerta seja de 20 anos atrás, as regras permanecem tão rigorosas quanto antes.