Por que a Rússia está vendendo seus títulos dos EUA?

Economia
KSÊNIA ZUBATCHEVA
Banco Central do país vendeu quase 80% de suas notas do tesouro norte-americano desde março.

A Rússia é, há muito anos, um dos maiores detentores de títulos do Tesouro do Governo dos Estados Unidos. Desde março de 2018, porém, o país começou a se desfazer com rapidez destes títulos, derrubando a participação russa, que então era de US$ 96,1 bilhões, para US$ 14,9 bilhões em maio. Assim, a Rússia deixou de figurar entre os principais investidores da economia norte-americana.

O volume total de investimentos russos nos títulos dos EUA retornou, dessa maneira, ao nível de meados de 2007 (quando estava em US$ 14,7 bilhões).

A decisão de vender os títulos norte-americanos foi tomada para diversificar a carteira de reservas internacionais do país, segundo a chefe do Banco Central da Rússia, Elvira Nabiúllina.

"Quase decuplicamos nossas reservas de ouro nos últimos 10 anos. Estamos diversificando nosso portfólio de moedas e avaliando riscos, inclusive financeiros, econômicos e geopolíticos", disse Nabiúllina.

Para os economistas, a decisão de diminuir os investimentos russos em títulos dos EUA é uma resposta às novas sanções norte-americanas introduzidas em abril contra a Rússia, que prejudicam bilionários, altos funcionários do governo e grandes corporações russas, como a Renova e a Rusal.

Devido às restrições financeiras, muitos economistas esperam a queda dos títulos dos EUA e até a exclusão dos bancos russos do sistema de pagamentos internacionais SWIFT.

"Isto é, acima de tudo, uma decisão política. O Banco Central da Rússia detinha quase 30% de seus ativos em títulos dos EUA e ele sempre foi criticado por isso. Assim, após a introdução das novas sanções, a decisão de cortar as participações em ativos em dólares parece lógica", diz o analista-sênior da corretora financeira BKS, Serguêi Suverov.

Sabia que o governo russo quer investir até 25% do PIB no país? Descubra aqui.

Quer receber as principais notícias sobre a Rússia em seu e-mail? 
Então assine nossa newsletter semanal ou diária.