Imagine esta cena: um homem de cabelo raspado tem apenas uma franjinha escovada caindo na testa. Todo russo já avistou alguém com esse estilo de penteado misterioso e horroroso, que é bem popular no país.
Já os estrangeiros normalmente têm mais sorte, não fosse um desfile recente organizado pelos estilistas russos Gosha Rubchinskiy e Lotta Volkova.
Agora, todo o mundo da moda está se perguntando o que há por trás do da “franjinha gângster”.
Teoria do exército
Os especialistas divergem sobre as origens da franjinha gângster. A teoria mais difundida e plausível remonta ao exército soviético e às academias militares.
"Seguindo o código militar, os cabelos nas têmporas e na nuca devem ser curtos, de modo que seja impossível pegá-los com as mãos, mas os cadetes queriam ter cabelos mais longos. Assim, eles deixaram o cabelo crescer nas partes da cabeça que o código militar não regulava ", escreve o ex-cadete Anton Khramtchenkov em um fórum on-line.
Uma leve variação desta hipótese diz que a franjinha do exército simbolizava que o dono do penteado era um soldado mais experiente e, possivelmente, mais velho, em relação a um novo recruta que tivesse a cabeça completamente raspada.
"Mais tarde, quando deixavam o exército, muitas dessas pessoas se tornaram ‘gopnik’ (algo como ‘brigões de rua’) e mantinham o penteado", explica um usuário da internet apelidado Zmei Gorinich no mesmo site.
Ao voltar para suas casas, espalhadas por todo o país, o ex-militares involuntariamente levavam a discutível moda para as massas.
Teoria cultural
Outra versão explica a origem da franjinha gângster como uma subcultura única que atingiu seu pico de popularidade na Rússia pós-soviética da década de 1990, época em que novas subculturas se espalharam rapidamente por todo o país.
"Verdadeiros machões", como eles são conhecidos na Rússia, eles queriam marcar distância de punks, roqueiros, metaleiros e outros “neformali” (membros de subculturas), mantendo a cabeça bem raspada.
A mecha na cabeça raspada, assim, simbolizava a afiliação a determinada subcultura que se caracterizava por uma atitude criminosa do macho alfa com a vida mundana, em oposição às aspirações idealistas de jovens progressistas, mas um tanto femininos.
As orgulhosas cabecinhas que ostentavam suas franjinhas gângster consideravam como dever sagrado intimidar os progressistas menos fisicamente dotados, culpando seu estilo de vida equivocado e ameaçando-os física e emocionalmente.
Estado de espirito
A lendária franjinha gângster ganhou novo fôlego bem depois com um meme de internet. Os resultados disso podem ser encontrados em uma busca no Google por “chelka gopnika” (челка гопника).
A enorme quantidade de resultados varia desde um zé ninguém a estrelas como Jason Statham e Justin Timberlake.
Naturalmente, as fotos de celebridades são alteradas com o Photoshop para fazer piada, mas os que ostentam com honra uma franjinha gângster o fazem com profundo respeito à tradição, apesar de sua origem confusa.
A franjinha gângster não é questão de brincadeira, e como acreditam muitos “gopnik”, as moças apreciam muito o penteado.
Gostou? Então leia “Por que a baixa máfia russa (e todo país) ama a Adidas?”.
Autorizamos a reprodução de todos os nossos textos sob a condição de que se publique juntamente o link ativo para o original do Russia Beyond.
Assine
a nossa newsletter!
Receba em seu e-mail as principais notícias da Rússia na newsletter: