10 palavras para entender a Antiga Rus

Educação
GUEÓRGUI MANÁEV
Esses conceitos eram o cerne da vida, e sem eles não era possível imagina a vida na Antiga Rus.

1. Изба (Izbá)

Na Rússia pré-revolucionária, uma “izbá” era qualquer casa que fosse aquecida usando um fogão. Até quartos nos palácios dos tsares podiam ser chamados de “izbás”. Por exemplo, a “peredniaia izbá” (“izbá frontal”), era o local onde os convidados da metade masculina do palácio eram recebidos; a “othojaia izbá” era um termo antigo para “banheiro” que significava, literalmente, um cômodo “a um passo de distância”.

Portanto, camponeses e tsares na Rus, todos viviam em “izbás”. A palavra também era usada para descrever uma casa separada, com sua parte central (uma cabana de madeira com quatro paredes) chamada de “klet” (“caixa” ou “célula”). Se esse “klet” ficasse em terra firme – e não sobre uma fundação de madeira ou pedra, passava a ser chamado de “gornitsa”.

2. Община (Obschina)

A “obschina” é uma forma de organização da sociedade camponesa. O termo implica uma responsabilidade coletiva que o grupo tem pelas ações de seus membros.

Uma obschina podia selecionar representantes e decidir coletivamente sobre questões da comunidade. Um dos principais objetivos após a Revolução de 1917 era desfazer a construção da “obschina”: isso era necessário para minar a própria base do coletivismo camponês nativo.

3. Вече(Vetche)

“Vetche”, em russo antigo representava um corpo administrativo coletivo que atuava como instrumento de democracia direta. Participavam dele “muji” (homens) – chefes de famílias livres, cujo valor de voto era determinado por seu status social.

Após a formação de um Estado russo independente, funcionou por um tempo o Zemski Sobor — órgão de representação do governo que se reunia de todos os cantos para resolver as questões nacionais mais urgentes.

Um Zemski Sobor podia eleger tsares, anunciar a reunião de uma tropa irregular, supervisionar a assinatura de documentos importantes do governo erc.

4. Князь (Kniaz)

Um “kniaz” era qualquer líder de uma tribo ou chefe de todo o povo. Com o tempo, a palavra começou a ser usada para denotar o líder de um Estado feudal primitivo, o “kniajestvo”, ou seja, um principado – transformando o significado de “kniaz” em “príncipe”.

Esse príncipe também era o comandante militar, protegendo seu povo de ataques e roubos, o principal árbitro em disputas legais, bem como líder religioso. Com o desenvolvimento da sociedade e do Estado, surgiram os grandes príncipes (que governavam os principados) e os príncipes provinciais (que governavam os domínios menores) – os últimos, muitas vezes, subservientes aos primeiros.

Ivan, o Terrível, foi o primeiro Grão-Príncipe de Moscou, que em 1547 também se proclamou tsar de toda a Rússia, tornando assim todos os outros príncipes subservientes a ele.

5. Дружина (Drujina)

“Drujina” vem da palavra “drug” (em russo, друг, ou seja, “amigo”) e era usada para descrever a tropa irregular do príncipe, que incluía seus amigos mais próximos e camaradas de batalha, além de conselheiros militares e civis.

A partir do século 12, a “drujina” ficou dividida. As melhores “drujinas” incluíam boiardos (os já mencionados amigos do príncipe) e conselheiros, que sempre apoiavam o “kniaz” nas batalhas (aliás, a própria palavra boiar/boiarin se origina da palavra “boi”, ou seja, “batalha”, em russo).

Enquanto isso, a “molodchaia drujina” – ou a drujina “júnior” – tinha militares diversos, que também participavam de batalhas, mas não dos conselhos e de outros tipos de governança.

Em caso de morte prematura do príncipe, a “drujina” podia ser dissolvida, ou mesmo tornar-se subserviente ao vencedor. Com a fundação do Estado de Moscou, o conceito ficou ultrapassado e foi substituído por uma organização baseada em boiardos.

6. Хоромы (Khoromi)

Os “khoromi” eram grandes construções de madeira, constituídas por um grande número de “klet”, ligados por corredores ou passagens. Esses “khoromi” eram habitados por tsares, boiardos e vários nobres.

Se esses edifícios fossem feitos de pedra, então não eram mais chamados de “khoromi”, mas de “palata” (“câmaras”).

Nunca houve qualquer planejamento concreto nos “khoromi”. Considerava-se que – quanto mais diferente cada um deles fosse, melhor. Os “khoromi” de tsares ou de príncipes, por exemplo, eram constantemente reformados. O caos relativo e as reformas constantes deviam demonstrar adequadamente o poder e a riqueza do proprietário.

7. Ряд (Riad)

No russo moderno, um “riad” é uma palavra para o conceito físico de “fila” (como a do supermercado, por exemplo) ou “sequência” (de coisas ou eventos). No entanto, na Antiga Rus, a palavra significava um “acordo” ou “contrato”.

Um “riad” podia ser forjado entre dois iguais sociais, ou, digamos, entre um governante e sua tropa ou população civil. Esse acordo seria consolidado na presença de testemunhas – ou “poslukhi”, cujos nomes eram destacados em um documento especial.

8. Кром (Krom)

A palavra “krom”, na Antiga Rus, significada uma estrutura fortificada que servia a um propósito defensivo. Esta é uma das palavras mais antigas da língua russa e remonta à palavra protoindoeuropeia homônima “krom” – que significa, vagamente, “cerca” ou “fronteira”.

É esta palavra que deu origem ao “Kreml”, que conhecemos hoje como “Kremlin” – a palavra usada para descrever qualquer fortaleza na Antiga Rus. Algumas fortalezas antigas ainda mantiveram o nome e são chamadas até hoje de “kroms”, e não de “kremls”.

9. Барин(Barin)

Um barin na Antiga Rus costumava ser qualquer indivíduo que se chamasse de “senhor”: uma pessoa rica ou alguém notável na sociedade. A palavra, na verdade, vem do “boiarin” supracitado – no entanto, o último só podia ser usado para se referir a um membro do conselho de um príncipe, enquanto o “barin” era qualquer proprietário de terras ou camponês rico. A palavra também deu origem ao “barchina” – trabalho compulsório que os camponeses faziam para o “barin”.

10. Копейка (Kopeika)

“Kopeika”, na Antiga Rus, é, como é hoje, um copeque, ou apenas um centésimo de rublo. Em 1535, surgiram as primeiras moedas russas, que retratavam um homem a cavalo, carregando uma lança – ou “kopio”: foi assim que chegamos à palavra “kopeika”.

E o humilde copeque sempre teve um lugar especial na cultura russa – daí o ditado: “Kopeika rubl berejot” – literalmente “o kopek preserva o rublo”.

Existem vários monumentos ao copeque na Rússia. E, apesar de a moeda quase não ser mais vista na Rússia moderna, ela ainda está em circulação.

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