Desfile na Praça Vermelha no aniversário da Organização de Pioneiros de Toda a União
D. Chernov/SputnikApós a Revolução de 1917, o novo governo estabeleceu diversas medidas para mudar as condições de vida do povo. A primeira delas foi acabar com a propriedade privada, e o Estado passou a deter todos os imóveis. Grandes apartamentos, especialmente em Moscou e São Petersburgo, foram transformados em moradias comunitárias - as chamadas kommunalkas. Cada família tinha direito a apenas um quarto (os grandes eram divididos em menores) para todos os seus membros e pertences. O resto do espaço era de uso comum.
No entanto, banheiros, lavabos e corredores comuns eram mais do que apenas um compromisso forçado em um país gigantesco com condições de vida limitadas. A questão principal era prover acomodações para trabalhadores - para o povo soviético como um todo, que nunca deveria colocar as necessidades pessoais acima das necessidades do coletivo.
Esses apartamentos comuns existem até hoje - recentemente, voltaram a entrar na moda como um modo de vida mais acessível.
Prisioneiros na construção do Canal do Mar Branco-Báltico
Alexander Rodchenko / MAMM / MDF / russiainphoto.ruO número de prisioneiros soviéticos aumentava exponencialmente, e estes eram usados como trabalho manual em escavações, minas e construção de ferrovias, entre outras atividades. Esses campos de trabalho forçado se proliferaram à medida que medidas repressivas eram adotadas com maior rigor, por isso foi decidido unificá-los em um sistema. E assim nasceu o Gulag - abreviatura para “Administração Central dos Campos” em russo.
Ao longo de sua história, o Gulag foi composto por mais de 30 mil campos de prisioneiros. Eles diferiam em suas atividades, com alguns trabalhando para fins econômicos e outros operando em um regime baseado na produção. Por isso, as condições de vida eram diferentes de lugar para lugar. No entanto, o sistema foi estruturado de forma que os prisioneiros não pudessem estabelecer nenhum vínculo duradouro - ninguém seria mantido em uma mesma instalação por muito tempo, além de operarem em turnos.
De acordo com o Museu de História do Gulag, mais de 20 milhões de presos passaram pelo sistema entre os anos 1920 e 1950. Mais de um milhão deles morreram em suas instalações.
Os devotos comunistas eram criados como tal desde a infância, e eles então se tornariam “pioneiros”. A Organização de Pioneiros de Toda a União em homenagem a V.I. Lênin aceitava crianças de 9 a 14 anos, que faziam um juramento de lealdade e se tornavam inseparáveis de sua gravata vermelha - usada o tempo todo como um símbolo do grupo.
Os primeiros pioneiros apareceram em 1922, e as condições para adesão eram bastante rigorosas, pois, inicialmente, tratava-se de uma instituição de elite. Em pouco tempo, porém, ser membro dos Pioneiros virou - se não obrigatório -, pelo menos, desejável para todas as crianças soviéticas. Recolher sucata e papel, realizar serviço comunitário, além de participar de eventos esportivos militares e um excelente histórico acadêmico - era tudo o que se esperava de um pioneiro. O grupo tinha sua própria saudação: a mão direita seria elevada um pouco acima da cabeça, para indicar que o pioneiro valorizava o bem comum acima do ganho pessoal. O comando de “Esteja pronto!” seria respondido com “Sempre pronto!”. Os detalhes para que servia essa tal prontidão eram conhecidos apenas pelo Partido Comunista - e esperava-se que o pioneiro simplesmente seguisse-o sem questionar.
Carro soviético VAZ 2101
Dmitry Donskoy/SputnikO VAZ 2101 era o mais popular carro sovietico produzido em massa, conhecido carinhosamente como kopeika - ou copeque, a moeda utilizada na Rússia e na ex-URSS. Também era o carro mais acessível para a população. Para muitos, o kopeika foi o primeiro (e único) que eles já possuíram. Ainda provoca nostalgia em um grande número de russos.
Os primeiros seis kopeikas saíram da esteira de produção em 1970. Os construtores soviéticos usaram o FIAT-124 de fabricação italiana como protótipo, adaptando-o às vias e exigências russas. Ainda assim, o kopeika ganhou várias versões. Primeiro veio o modelo de corrida, depois um para a polícia, uma perua - e até mesmo um carro elétrico.
Acadêmico Andrei Sakharov
Vladimir Fedorenko /SputnikEste termo foi popularizado na URSS a partir do vocábulo latino dissidência (para “discordar”, “separar-se”). Tal nome foi dado pela primeira vez à oposição soviética na década de 1960, que usava meios não violentos para exigir que o governo soviético respeitasse as leis consagradas na Constituição. Os dissidentes lutaram por liberdade de expressão, de reunião e de movimento, eleições justas, libertação de presos políticos e direitos humanos básicos. Seu objetivo não era tomar o poder - não havia nem mesmo um plano concreto de reformá-lo. Entre os anos 1960 e 1980, o número de pessoas que acenderam um alerta na KGB e foram "convidadas para um bate-papo" chegou a meio milhão de pessoas. Mas esta é apenas a estatística oficial. O número verdadeiro é desconhecido, uma vez que a maioria dessas pessoas não era politicamente ativa e, por exemplo, possuía apenas literatura considerada proibida em casa. Havia também aqueles que publicavam por conta própria.
Os dissidentes foram perseguidos, condenados à prisão, às vezes enviados para campos de trabalho do Gulag (ver acima) - ou até mesmo colocados em hospícios, bem como privados da cidadania e exilados para outros países. O movimento arrefeceu no final dos anos 1980, enquanto o país dava seus primeiros passos em direção à reforma democrática.
Esta palavra foi usada para indicar as cópias caseiras de livros proibidos, fossem escritas ou em fitas de áudio, mencionadas acima. Samizdat (ao pé da letra, “autopublicação”) era a única maneira de contornar a censura. Às vezes, tratava-se de um livro que estava no limbo da pré-publicação, e o autor queria publicá-lo antes que os censores o eliminassem de vez. As pessoas também publicavam Bíblias por conta própria - não que a Bíblia fosse ilegal, mas a demanda excedia em muito a oferta. As cópias costumavam ser feitas em máquinas de escrever, na maioria das vezes em tipografias estatais, a portas fechadas - o que era muito perigoso, visto que havia uma contagem de papel. Uma mesma cópia poderia circular centenas de vezes pelas mãos de diferentes pessoas. Foi assim que o livro de Valéri Grossman “Tudo flui” acabou sendo lido por 200 pessoas (o número exato é conhecido, uma vez que estas eram todas as pessoas que Grossman conhecia pessoalmente).
O brutalismo é, talvez, o menos inequívoco de todos os estilos arquitetônicos modernistas: a Europa parece gradualmente se desfazer de seus exemplares, devido a associações com o comunismo, mas também pela aparência obviamente brutal (isto é, feia). No entanto, a Rússia contemporânea ainda encontra algum uso para esses monstros de metal e concreto.
O brutalismo teve muitos adeptos na URSS. Uma verdadeira explosão do estilo ocorreu por todo o país nas décadas de 1950 a 1970. As estruturas eram especialmente convenientes como prédios administrativos, pois permitiam maior segmentação. Os formatos em blocos e as texturas simples eram ideais para as necessidades da época, sendo o gigantismo um destaque notável do estilo de construção soviético. As representações gráficas de realizações científicas e técnicas costumavam adornar as fachadas. Basta olhar para o Centro Científico Estatal Russo de Robótica, em São Petersburgo, cujo nome foi mais tarde alterado para incluir também “Cibernética Técnica”.
Grupo de construtores da BAM
Igor Mikhalev/SputnikA linha ferroviária principal Baikal-Amur - ou simplesmente BAM - pode ser considerada a personificação das aspirações das megaconstruções soviéticas. Projetos voltados para necessidades de infraestrutura complexas muitas vezes duravam anos e eram ideologicamente exaltados - isto é, vistos como o orgulho e as conquistas do regime socialista-comunista. No entanto, a conclusão de tais projetos geralmente tinha um custo trágico. E a BAM foi a detentora do recorde absoluto nesse aspecto.
Em 1932, o Partido Comunista decidiu criar um total de 4.287 km de trilhos através de 11 rios e vários territórios inalcançáveis, até o Extremo Oriente da Rússia. De acordo com o cronograma do governo, o projeto deveria ficar pronto em apenas três anos e meio. Por razões óbvias, o prazo não foi respeitado, e as obras só foram concluídas décadas depois, em 1989, dois anos antes da dissolução da URSS.
A construção inicial foi feita por presidiários, que tinham que trabalhar em condições subumanas, dormindo a céu aberto por um ano e meio, com rações diárias de apenas 400 gramas de pão. Sempre que alguns desses trabalhadores morriam, novos presos chegavam. Mais tarde, o país todo foi colocado para trabalhar na conclusão da BAM, que se tornou “o sonho comunista”. No fim das contas, quando foi lançada no início dos anos 2000, a ferrovia era subutilizada, incorrendo apenas em prejuízo.
O culto a Vladímir Lênin era um fenômeno em extensão. Toda cidade soviética tinha uma prospekt (avenida), uma praça ou uma união agrícola nomeada em homenagem ao pai da Revolução. Além, é claro, dos monumentos - em 1991, a URSS tinha 14.290 deles.
Na arte, este tipo de culto foi apelidado de ‘Leniniana’. Entre 1910 e 1980, esta forma de expressão englobava uma infinidade de imagens diferentes do líder - somente o Museu Lênin contém 470 pinturas dele. Havia regras rígidas que todas as esculturas e obras de arte deveriam obedecer. E foi apenas na era da arte social e do pós-modernismo que as pessoas começaram a expandir suas obras para além dessas fronteiras.
Siberianos enfileirados em frente a loja
Peter Turnley/Corbis/VCG/Getty ImagesA economia soviética, como muitas outras esferas da vida, era regulada pelo governo. O Estado definia o tipo, a quantidade e o preço da produção a ser distribuída em todo o país. Como as decisões eram tomadas em Moscou, o plano do governo muitas vezes resultava na falta até mesmo de necessidades mais básicas (como não sobrar papel higiênico em uma cidade inteira). Os déficits (inclusive de informação) eram, de fato, um problema crônico do período soviético. Tudo era administrado em doses. Mesmo que as pessoas tivessem algum dinheiro nem sempre havia com o que gastá-lo. Nas décadas de 1970 e 1980, quase tudo estava em déficit: havia longas filas para comprar todo tipo de coisa, desde meia-calça até leite condensado, sapatos, roupas infantis e café instantâneo.
Essa realidade moldou o estilo de vida e a mentalidade do cidadão soviético, que sempre tentava estocar itens e passava os fins de semana inteiros e horas após o trabalho em filas. Esse modo de vida afetava também o transporte público. Existiam, por exemplo, as “caravanas” organizadas pelas autoridades para as populações que viviam nas periferias, para que pudessem viajar para cidades maiores e fazer fila para comprar produtos antes de uma celebração ou feriado oficial (principalmente para o Ano Novo).
Esse fenômeno remonta aos anos 1970 e 1980, surgindo justamente durante o período de déficit e relativa abertura da Cortina de Ferro. Era basicamente compra e revenda no mercado negro de bens deficitários trazidos do exterior. No início, a maioria dos compradores desses produtos eram pessoas ligadas à moda, que eram apaixonadas pelo estilo de vida norte-americano e queriam colocar as mãos em todos os tipos de produtos estrangeiros em uma época em que a população local sequer sonhava em viajar para o exterior. Com o tempo, a demanda cresceu para abranger outros segmentos, inclusive itens escolares para impressionar os colegas. Os preços eram astronômicos: jeans de marcas estrangeiras podiam custar até 150 rublos, o que equivalia a um salário médio mensal na década de 1980.
Esse tipo de negócio podia resultar, porém, em até oito anos de prisão. Um pedaço de chiclete, um disco de vinil, jeans e cigarros - não importava quais eram os produtos em questão. Mesmo assim, havia pessoas dispostas a correr riscos. Na maioria das vezes, as negociações se davam por pessoas que tinham contato com estrangeiros: diplomatas, taxistas, guias turísticos e assim por diante. Foi apenas no início dos anos 1990, quando o isolacionismo soviético chegou ao fim, que a prática começou a perder fôlego.
Operários em uma fábrica de tratores em Volgogrado
Dean Conger/Corbis/Getty ImagesOs chamados “planos quinquenais” para impulsionar a economia eram uma prioridade para o país. Eles envolviam diversos projetos: construção de um número X de estradas, fábricas e usinas hidrelétricas, aumento da produção de petróleo e carvão em 50% e assim por diante. Esses planos eram simultaneamente uma forma de planejamento econômico e competição socialista - os primeiros piatiletki duraram, na prática, quatro anos. Um dos lemas usados foi “Alcance um plano de cinco anos em quatro anos!”, conclamando o país a trabalhar arduamente para cumprir as metas antes do prazo. E, por um tempo, funcionou: ao final do terceiro piatiletka, o país predominantemente agrário se tornou uma potência industrial.
No entanto, a partir do final dos anos 1950, os piatiletki de cinco anos tornaram-se semiletki - ou “planos de sete anos”. O desenvolvimento no pós-guerra simplesmente não conseguia acompanhar o que estava no papel. Nem mesmo os planos de sete anos eram alcançáveis. Em vez do crescimento econômico previsto de 70%, seria de apenas 15%. Em seguida, vieram os planos de oito anos. No final, os únicos piatiletki considerados bem-sucedidos foram os três primeiros.
Féliks Dzerjinski
SputnikA palavra tchekista vem da abreviatura do nome da primeira agência de segurança soviética - a VChK (“Comissão Extraordinária de Toda a Rússia”). Consistia em bolcheviques leais, "sentinelas da revolução” que defendiam os interesses do Partido e combatiam a contrarrevolução. Este corpo apareceu em 1917 e, em três anos, os tchekistas já tinham poder de atirar em quaisquer “agentes hostis, especuladores do mercado negro, capangas e arruaceiros, propagandistas e agitadores contrarrevolucionários e espiões alemães”.
Em pouco tempo, esses “defensores da ideologia” concentraram em suas mãos todos os poderes de repressão do governo e eram capazes de fazer justiça como bem entendessem, sem julgamento. Fontes diversas estimam o número de executados entre 50.000 e 140.000 - e esses são apenas os dados oficiais. Ao longo da história do regime soviético, a organização mudou de nome várias vezes (VChK, GPU, OGPU, NKVD, NKGB, MVD, MGB e, enfim, KGB), mas a palavra tchekista permaneceu inalterada e continua se referindo a qualquer membro do serviço de segurança russo. Hoje, eles pertencem ao FSB.
Os soviéticos tentaram criar um tipo especial de ser humano - o “homem soviético”, o que implicava uma série de traços morais e físicos. Peredovik era uma das versões desse ideal. O nome era dado a quem regularmente se saía bem no trabalho, ultrapassando sua meta. Esse sacrifício voluntário em nome da industrialização era mais valorizado do que as condições de trabalho ou a saúde de um indivíduo. E eles eram praticamente considerados heróis. Os peredoviks participavam das chamadas competições socialistas - e seriam recompensados com uma ida a um spa médico ou subindo degraus na fila para receber um apartamento do Estado. Essa atitude era chamada de “lealdade ao Estado soviético”. Ainda mais valorizado - porém nunca recompensado, por ser considerado uma qualidade que todo cidadão deveria possuir - era o trabalho voluntário e não remunerado.
Uma das formas de trabalho não remunerado era (e às vezes ainda é) o subbotnik - termo oriundo da palavra russa para 'sábado', que é quando geralmente acontecia. Na época, todo cidadão soviético se engajava em trabalhos de limpeza durante a primavera ou o outono, cuidando da área ao redor de seu prédio, escola ou universidade.
De acordo com a ideologia comunista, um homem decente não evitaria esta forma de trabalho coletivo não remunerado - assim como não deixaria de participar do desfile de 1º de maio. Qualquer pessoa que não comparecesse era rapidamente rotulada de preguiçosa e publicamente ridicularizada por isso.
A coletivização foi outra faceta da chamada utopia soviética - a ideia de que milhões de pessoas poderiam trabalhar juntas em um estado de felicidade e harmonia e com um objetivo comum para o crescimento de um jovem país. A partir de 1927, a coletivização aboliu a propriedade privada e as propriedades camponesas individuais, criando fazendas coletivas - ou kolkhozes, que eram uniões de fazendas estatais. Os trabalhadores dessas fazendas não recebiam exatamente salário e viviam apenas do que sua fazenda coletiva produzia - estritamente o suficiente para suas famílias, e nada mais. Os camponeses ricos, conhecidos como kulaks, foram desapropriados e despejados.
Em 1932, o país contava com mais de 200 mil dessas kolkhozes. O sistema de passaporte foi introduzido no mesmo ano, mas os kolkhozniks não foram incluídos na reforma, o que os privou da oportunidade de se mudar para a cidade. Para todos os efeitos, a kollektivizatsia era uma forma distinta de servidão, acorrentando milhões de pessoas a um pedaço de terra.
No período de repressões em massa, que teve início no começo dos anos 1930, milhares de cientistas, engenheiros e construtores se viram atrás das grades. Mas eles não cumpriam sua pena em meio aos demais - havia seções especializadas do sistema Gulag justamente para eles. Estes laboratórios eram chamados de charachki, que também funcionavam como prisões para mão de obra altamente qualificada (por exemplo, a bomba atômica foi produzida em um desses locais). As condições eram mais misericordiosas do que nos campos de trabalho forçado no meio da taiga, sobretudo pelo fato de não envolver trabalho pesado. Era, inclusive, possível conquistar a liberdade caso o indivíduo concluísse com sucesso um projeto governamental. Isso abria as portas para o perdão total e a reabilitação.
No entanto, entrar em uma dessas instituições não exigia quase nenhum esforço. O piloto de caça Mikhail Gromov lembrou mais tarde: “As prisões aconteciam porque os projetistas da indústria aeronáutica escreviam relatórios uns sobre os outros - cada um elogiava seu próprio trabalho e tentava afundar o de seu rival”. Além do mais, as brigadas especializadas realizavam feitos mais grandiosos quando presas do que seus camaradas livres, e o governo soviético entendia isso: havia uma motivação maior quando a libertação estava em jogo.
Entre os charachka notáveis estiveram Serguêi Korolev, o pai da cosmonáutica soviética, responsável pelo voo espacial de Iúri Gagárin em 1961; Vladímir Petliakov, o construtor do Pe-2, o bombardeiro soviético mais produzido em massa da história; e o escritor Aleksandr Soljenítsin, dentre muitos outros hoje conhecidos como o orgulho da ciência soviética.
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