7 fatos sobre o Extremo Norte que vão te surpreender

Serguêi Aníssimov/Sputnik; Aleksandr Kolbasov
Nem todos os territórios mais frios da Rússia estão localizados precisamente no extremo norte do país. Devido a peculiaridade de suas paisagens, diversas regiões que também apresentam climas tão adversos também acabam sendo incorporadas à região.

1. O Extremo Norte representa dois terços do território russo

O conceito de Extremo Norte foi introduzido pela primeira vez pela União Soviética na década de 1930 para denotar áreas remotas com condições de vida difíceis. A maioria destes são locais com permafrost (solo permanentemente congelado), solos áridos e invernos rigorosos. Mas o principal critério era que fossem de difícil acesso e não tivessem conexões com o resto do país o ano todo. Como os locais às vezes brincam, não há estradas - apenas direções.

Geograficamente, o Extremo Norte compreende áreas além do Círculo Polar Ártico e algumas partes do Extremo Oriente russo. No entanto, em nível regulatório, inclui bem mais territórios, e nem todos realmente localizados no norte. Este é o caso, por exemplo, de determinadas áreas dos Urais e do sul da Sibéria, inclusive nas regiões de Tuva e Altai.

Além disso, existem áreas que são equiparadas aos territórios do Extremo Norte. Somando tudo isso, o Extremo Norte ocupa cerca de 70% de todo o país.

2. O Extremo Norte é escassamente povoado

Apesar de corresponder a um território enorme, menos de 12 milhões de russos, ou apenas 7% da população do país, vivem no Extremo Norte. Curiosamente, este grupo inclui muitos povos indígenas - iacutos, tuvanos e outros - que muitas vezes levam o mesmo modo de vida tradicional de seus ancestrais há centenas de anos. Diversas cidades no Extremo Norte estão lentamente se tornando desertas. Nos tempos soviéticos, as pessoas se mudaram para a região em busca de melhores salários, que costumavam ser de cinco a seis vezes mais altos do que os da Rússia central. Algumas cidades e vilas haviam sido construídas perto de depósitos minerais que entraram em decadência após o colapso da URSS.

Como resultado, muitos moradores vendem seus apartamentos e se mudam para regiões mais quentes. Em Vorkuta, por exemplo, um apartamento reformado de dois quartos custa cerca de 200 mil rublos, o preço de um único metro quadrado nos arredores de Moscou. Em vilarejos próximos a Vorkuta, imóveis custam a partir de 30.000 rublos, e isso inclui mobília também. Claro que também existem exceções. A população de Salekhard, em Iamal, cresce ano após ano, e muitos moradores locais dizem não ter a intenção de se mudar.

3. O Estado organiza entregas centralizadas

Esses territórios foram designados como pertencentes ao Extremo Norte para resolver o problema de abastecimento. Todos os anos, antes do inverno, o Estado organiza a chamada “entrega do norte” para fornecer combustível, remédios, alimentos e outros bens a essas partes remotas, principalmente por via aérea ou marítima.

Também há lojas em cidades e vilarejos do Extremo Norte, mas a entrega de mercadorias pode ser muito cara, e isso aumenta os preços para os clientes finais.

4. Tudo é caro no Extremo Norte

Promover agricultura nessas regiões é difícil devido às peculiaridades do solo local, e a entrega de alimentos e outras mercadorias de outras partes do país nem sempre é possível devido às condições climáticas. É por isso que o mais barato na região são os imóveis. O queijo custa duas vezes mais que na Rússia central; os ovos, três vezes mais; e as frutas e vegetais podem custar de quatro a cinco vezes mais do que em outras partes do país. Por outro lado, os moradores locais podem comprar carne de caça e peixes por um preço inferior.

5. Casas de cores vivas ajudam contra a depressão

Muitas cidades do Extremo Norte têm a tradição de pintar os blocos de apartamentos com cores brilhantes. A ideia é que, em um lugar tão carente de sol e vegetação, prédios laranja, amarelo e rosa possam ajudar a criar um clima mais alegre. Afinal,como alguém pode ficar triste com essa profusão de cores? Basta olhar para este magnífico grafite em Salekhard.

6. Pessoas no Extremo Norte têm férias mais longas e podem se aposentar mais cedo

Nos tempos soviéticos, foram criados benefícios para as pessoas que trabalhavam no Extremo Norte ainda no início de 1932 - e depois revisados ​​várias vezes. Atualmente, as pessoas que trabalham na região recebem 24 dias extras de licença por ano, além do padrão nacional de 28 dias anuais; aqueles que trabalham em áreas equiparadas ao Extremo Norte recebem 16 dias adicionais. Uma vez a cada dois anos, o empregador paga férias, e o tempo de viagem para o local onde a pessoa pretende ir é adicionado ao seu subsídio de férias.

Se uma pessoa trabalhou no Extremo Norte por mais de 15 anos, ela ganha o direito de se aposentar cinco anos antes da idade padrão de aposentadoria (que atualmente é de 55 anos para mulheres e 60 para homens). Em territórios equivalentes ao Extremo Norte, os indivíduos tornam-se elegíveis a esse benefício depois de trabalharem por 20 anos.

7. Os moradores do Extremo Norte estão acostumados a condições adversas

Pessoas que passaram a vida inteira em regiões mais ao sul provavelmente acharão muito difícil se acostumar com invernos frios, com muito vento e falta de sol. Mas para as pessoas nascidas no Extremo Norte, essas condições não são vistas como “adversas”. Alguns anos atrás, cientistas da Iakútia descobriram que os corpos dos povos indígenas do norte da Rússia se adaptam mais facilmente à noite polar e ao clima rigoroso.

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