As estranhas tradições dos formandos russos

Formandos durante a celebração do “Último Sino” na cidade de Tara, na região de Omsk.

Formandos durante a celebração do “Último Sino” na cidade de Tara, na região de Omsk.

Alexey Malgavko/Sputnik
Como você celebrou o final da cólegio? Aposto que não houve bétulas ou uniformes pretos com avental branco – que mais parecem feitos para a faxina - e chiquinhas gigantes. Para os estudantes russos, porém, isto é parte integrante da vida!

O mês de junho representa o fim do ano escolar na Rússia, onde as aulas começam em setembro.  Os exames finais pesam muito na cabeça dos estudantes russos, mas seu "Último Sino" e as celebrações de formatura servem de consolo – e em forma de espetáculo soviético. O Russia Beyond visitou uma escola no sudoeste de Moscou e conta tudo para você!

Salvo pelo gongo

O "Último Sino", como se convencionou chamar o último dia de aula dos estudantes russos, é um rito de passagem que remonta à década de 1950. Com os exames assombrando suas vidas, esta é a única tarde em que 20 formandos da Escola Nº 2035 podem ser eles mesmos um pouco.

Não que o dia seja tirado para relaxar, porém! Surpreende quanto esforço as garotas põe nestas preparações, vestindo aventais adornados do século 19 que as fazem parecer estar mais prontas para uma boa faxina que para uma cerimônia de formatura.

Alunos dançam na cerimônia do “Último Sino” na Escola N° 8, em Sôtchi.

Quando pergunto aos alunos o que são aquelas roupas aparentemente exageradas, eles não parecem saber direito. “Fazemos isso para homenagear aos nossos pais e avós, que também tiveram uma cerimônia assim. Não é tão importante para a gente, mas ainda assim a gente ficou treinando a dança por um mês depois da aula”, conta a estudante Ksênia.

Ali, os estudantes executam uma elegante valsa com giros e passos bem elaborados e executados. Isto emociona a todos e deixa todo mundo feliz.

A cerimônia é impressionante tanto pela tradição, como pela dedicação dos adolescentes. Apesar de eles tentarem explicar o evento com uma odiosa indiferença adolescente, é claro que a cerimônia tem grande significado para eles.

"Estamos recomeçando tudo de novo e deixamos uma parte nossa para trás", diz Ksênia, explicando por que planta uma árvore de bétula com os alunos da primeira série, em outro momento cerimonial.

Aqui, fica ainda mais clara a estranha obsessão russa por bétulas, que viram desde sucos a esfoliantes para banheiras no país, entre outras coisas.

O plantio de árvores é seguido pelos adolescentes soltando balões. Outro estudante, Nikolai, descreve-o poeticamente: "Estamos deixando nossos sonhos voarem alto no céu".

Calmaria antes da tempestade

Formandos durante celebrações ao ar livre à beira do rio Irtich.

É claro que a estética exagerada e antiquada da cerimônia do “Último Sino” parece bastante direcionada pelos professores, e há uma forte sensação de que as verdadeiras festividades ainda estão por vir.

Apesar de os alunos afirmarem que as celebrações após o “Último Sino” serão discretas (“sair, ir ao centro da cidade, esse tipo de coisa”), eles ficam mais hesitantes em contar sobre a festa de formatura que ocorre dentro de um mês após aquilo tudo.

Normalmente, as festas são glamorosas - por vezes, no centro da cidade, por vezes, em casas noturnas.

"Vamos a um restaurante juntos para comemorar nossos exames", diz Ksênia. Há rumores de que os pais pagam mais de US$ 600 (R$ 2.400) por cabeça na festança.

O que vem depois?

Formando na cerimônia do “Último Sino” na escola N° 1517, em Moscou.

Ao contrário dos estereótipos adolescentes, a maioria dos estudantes que encontramos parece mais focada em seus resultados e ambições, e tem grandes planos para a universidade.

"Vou entrar na Universidade de Bauman para estudar física. Quero me tornar engenheiro em radiotecnologia e vou construir componentes para satélites, esse tipo de coisa", diz Nikolai.

Azat, amigo de Nikolai, conta que é seu sonho ir para a Universidade Estatal de Moscou, onde quer estudar sociologia.

Para Ksênia, o destino sonhado é a Universidade de Linguística Estatal de Moscou. “Quero estudar inglês e chinês e ser intérprete. Morei na China por muito tempo e gostei. Meu pai trabalhava lá para o exército russo”, conta.

Claro que outros estudantes têm planos menos definidos também.

“Farei os exames de inglês e de TI. Mas não sei como conectar esses dois cursos. Talvez eu seja aceito em alguma universidade. Não vou tirar um ano sabático, porque não quero ser recrutado para o exército ”, brinca Alex.

Primeiro, porém, os estudantes vão mergulhar de cabeça no verão russo. Com plena consciência do tempo e da energia que os exames estatais demandarão, eles não parecem ser tentados por nenhum equivalente russo de Porto Seguro.

"Só quero relaxar, não quero ir a lugar algum", diz Alex.

Já Ksênia está perfeitamente feliz de "sair apenas para alguma caminhada" na estação mais esperada do ano.

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