Potencial agrícola do Brasil e da Rússia é objeto de comparação científica

Economia
VASSILI KRILOV
Cientistas tentam compreender como os dois países em desenvolvimento que enfrentam problemas semelhantes podem expandir cooperação agrícola.

Os cientistas da Academia Presidencial de Economia Nacional e Administração Pública da Rússia e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul realizaram um estudo comparativo conjunto das áreas rurais da Rússia e do Brasil, cujos resultados, segundo eles, ajudarão a entender melhor a evolução agrária dentro do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).

Segundo os autores da pesquisa, os países coletaram um grande volume de dados estatísticos sobre a agricultura do Brics, e surgiu a necessidade de uma análise interdisciplinar aprofundada das regiões agrárias e comunidades rurais do Brasil e da Rússia.

"O sucesso do setor agrícola dos Brics determina não apenas a vida das regiões rurais desses países, mas também tem um impacto significativo sobre a situação social e política. Além disso, a agricultura no Brasil e na China já saiu das fronteiras nacionais e determina o ambiente global", disse o diretor do Centro de Pesquisas Agrárias da Academia Presidencial de Economia Nacional e Administração Pública da Rússia, Aleksand Nikúlin.

De acordo com os dados dos cientistas, todos os países do Brics são muito semelhantes em termos de polarização social e econômica dos produtores agrícolas, ou seja, cerca de metade do mercado pertence aos agricultores pequenos e a outra metade, a latifundiários e holdings agrícolas.

Todos os países do Brics são caracterizados por uma grande lacuna nos padrões de vida e infraestrutura social entre as áreas urbanas e rurais. Na Rússia e no Brasil, a população rural representa cerca de 25% da população total, e o fluxo de migrantes deixando as áreas rurais continua a crescer.

Ambos os países também estão desenvolvendo principalmente as indústrias agrárias orientadas à exportação: o Brasil investe na produção de soja, enquanto a Rússia investe no trigo. Em termos de exportações desses cultivos, os dois países são líderes mundiais, devido ao crescimento da produtividade e à introdução de novas tecnologias agrícolas.

Tanto no Brasil, como na Rússia há áreas rurais prósperas e desprovidas, com diferenças econômicas crescentes.

Os autores do estudo realizaram pesquisas de opinião pública entre moradores de áreas rurais do Estado do Rio Grande do Sul, da região de Krasnodar e da de Moscou. Os resultados revelam que agricultores de ambos os países esperam que o governo garanta a venda de produtos agrícolas nos mercados locais, nacionais e internacionais, o que requer a expansão da cooperação agrícola. 

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