No período entre dezembro de 2018 e fevereiro de 2019, a taxa oficial de desemprego na Rússia foi de 4,9%, um indicador extremamente baixo. Para efeitos de comparação, a taxa de desemprego média nos países da zona do euro é de 7,9%.
Segundo os economistas, embora a taxa seja realmente muito baixa na Rússia, isto não é necessariamente um sinal de uma economia próspera.
Cortes de pagamento em vez de demissões
“As empresas russas não querem demitir as pessoas. A legislação de proteção ao emprego não permite que os empregadores demitam alguém sem razão, mas não é proibido reduzir os salários”, diz o pesquisador do laboratório de estudos do mercado de trabalho da Escola Superior de Economia, Pável Trávkin.
A afirmação é confirmada pelo relatório sobre o mercado de trabalho russo produzido pelo Centro de Pesquisas Estratégicas da Rússia.
“Nos períodos da queda econômica, a taxa de desemprego quase não diminui, e não aumenta durante o crescimento econômico. Mesmo durante as recessões mais profundas, o desemprego não mostrou sinais de rápido crescimento”, lê-se no relatório.
No entanto, toda vez que a economia russa cai, também diminuem os salários nas empresas locais.
Em outras palavras, isto significa que é difícil ser demitido na Rússia, mas cortes salariais podem ser severos.
Subsídios de desemprego simbólicos
Mesmo com salários muito baixos, a maioria dos russos prefere manter o emprego, porque os subsídios do governo aos desempregados são escassos. Mesmo depois de serem quase dobrados em 2019, eles continuam irrisórios, variando de entre 1.500 e 8.000 rublos (US$ 24 e US$ 124), enquanto o salário mínimo na Rússia é de 11.280 rublos (US$ 175).
Assim, a matemática é simples: é melhor manter um emprego insatisfatório de salário muito baixo que receber apenas o subsídio.
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Além de pagar os subsídios, os centros de emprego na Rússia são obrigados a oferecer empregos aos requerentes. Caso o requerente não aceite nenhuma das primeiras duas sugestões do centro, o Estado tem o direito de parar de fornecer o subsídio.
“É por isso que o número oficial de desempregados na Rússia é tão baixo. Os subsídios oficiais de desemprego são simbólicos e, assim, uma enorme quantidade de pessoas opta por não se registar como desempregadas", diz o vice-presidente da Confederação do Trabalho da Rússia, Oleg Chein.