A história do Teatro Bolshoi de Moscou

Cultura
ANNA POPOVA
Na noite de inverno de 18 de janeiro de 1825, o edifício recém-construído do Teatro Bolshoi Petrovsky sediou o ‘Triunfo das Musas’. De acordo com o enredo, o Gênio da Rússia, junto com as Musas, as padroeiras das artes, criou um novo teatro magnífico a partir das ruínas.

A história do Teatro Bolshoi começou ainda em 1776, quando Catarina 2ª transferiu o privilégio de organizar apresentações teatrais para o promotor provincial Piotr Urusov. O teatro foi construído em sua localização atual em 1780, inicialmente recebendo o nome de ‘Petrovsky’ – por estar localizado na via Petrovsky – e se tornou o primeiro teatro público de Moscou.

Em 1805, o edifício foi destruído por um incêndio. A decisão de reconstruí-lo foi tomada somente em 1816. Na época, o projeto foi liderado por Óssip Bove, que estava envolvido na reconstrução de Moscou após o incêndio de 1812. Bove cumpriu exatamente o desejo original de Catarina 2ª – construir um teatro “com tal decoração externa que pudesse servir de adorno para a cidade”. O novo edifício era muito maior do que a construção anterior e, por isso, merecidamente recebeu o nome de Teatro Bolshoi Petrovsky.

No entanto, em 1853, o teatro foi vítima de outro incêndio. Desta vez, o fogo o destruiu quase até o chão: apenas as colunas do pórtico permaneceram. Albert Kavos, arquiteto-chefe dos teatros imperiais, foi convidado para restaurá-lo, conferindo ao edifício um visual moderno; ele também decorou o salão “no padrão do Renascimento, misturado com o estilo bizantino”. Apolo agora governava uma quadriga de bronze acima do pórtico do teatro, enquanto o artista Aleksêi Titov pintou o teto do auditório com o tema “Apolo e as Musas”. A grande inauguração do prédio reformado, em 20 de maio de 1856, contou com a presença pessoal do tsar Alexandre 2º.

Desde então, a existência do teatro está associada aos nomes mais famosos da música e do balé. Felicita Gulen-Sor, a primeira coreógrafa feminina da Rússia, trabalhou lá; Marius Petipa encenou o balé ‘Don Quixote’ especialmente para o Bolshoi; enquanto Piotr Tchaikovsky (também grafado como Tchaikóvski) se tornou o seu principal compositor por anos a fio. 

Foi em Moscou que aconteceram as estreias do balé ‘O Lago dos Cisnes’, a primeira ópera do maestro ‘Voyevoda’ e ‘Eugênio Onêguin’. Lá, pela primeira vez em um teatro de repertório, o baixo Feodor Chaliapin estreou e o compositor Serguêi Rachmaninoff chefiou o departamento musical no início do século 20.

Após a revolução bolchevique de 1917, o teatro perdeu o prefixo ‘imperial’: os comunistas queriam fechá-lo como uma relíquia do passado burguês.

No entanto, essa ideia foi logo esquecida, e o próprio Bolshoi se tornou o principal teatro não somente da capital, mas de todo o país. Aliás, a criação da União Soviética foi oficialmente anunciada ali em 1922.

Durante a Segunda Guerra Mundial, o teatro continuou funcionando — em evacuação — em Kuibichev (atual Samara): foi lá que ocorreu a primeira apresentação da ‘sinfonia n.° 7 [de Leningrado]’ de Dmítri Chostakóvitch pela Orquestra Bolshoi no centro cultural da região.

Ao longo dos anos soviéticos, surgiram várias estrelas do teatro: Galina Ulanova, Maia Plissétskaia, Mstislav Rostropovitch e Galina Vitchnevskaia, Elena Obraztsova, Zurab Sotkilava, Ekaterina Maksimova e Vladímir Vassíliev. Em 1956, o Teatro Bolshoi saiu em turnê por Londres – o ‘Lago dos Cisnes’ fez tanto sucesso que a trupe foi apelidada de ‘Balé Bolshoi’.

Por mais de 30 anos, a companhia de balé foi comandada por Iúri Grigorovitch: ele é o autor das produções mais famosas do principal teatro do país, de ‘O Quebra-Nozes’ e ‘Spartacus’ a ‘Ivan, o Terrível’.

O novo século trouxe diversas mudanças para o teatro: nos anos 2000, ele passou por uma reconstrução generalizada, e novas estrelas apareceram em sua trupe – incluindo Dinara Alieva, Igor Tsvirko, Svetlana Zakharova, Ekaterina Krisanova, Denis Rodkin e Elizaveta Kokoreva. Não é à toa que o Bolshoi continua sendo um dos principais pontos turísticos em Moscou e está incluído na lista de atrações obrigatórias em visita à Rússia.

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