7 obras musicais clássicas de Sergei Rachmaninoff que todo mundo devia conhecer

Rachmaninoff na "Villa Senar", 1936.

Rachmaninoff na "Villa Senar", 1936.

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A influência de Rachmaninoff é inegável. Ele foi muitas vezes caracterizado como o “mais russo” de todos os compositores e é um dos maiores intérpretes da tradição da música clássica. Eis, então, suas obras mais essenciais, que testemunham seu gênio criativo.

Sergei Rachmaninoff (1873-1943) começou a tocar piano aos quatro anos de idade. Quando se formou no Conservatório de Moscou, Sergei já era o autor do Primeiro Concerto para Piano, a ópera Aleko em um ato e várias peças para piano e romances. “Compor música é tão vital para mim quanto respirar ou comer: esta é uma das funções essenciais da vida”, disse Rachmaninoff certa vez.

1. Prelúdio em dó sustenido menor

Rachmaninoff, 1896.

Escrito em 1892, o "Prelúdio" alçou Rachmaninoff imediatamente à fama. Ele se tornou tão popular com o público que o compositor deixou de amar a própria obra.

Rachmaninoff tinha apenas 19 anos quando compôs a peça, que expressava o espírito da Rússia de uma forma inimitável. Compositor genial, pianista brilhante e regente talentoso, Rachmaninoff elevou a música a um nível totalmente novo e inatingível.

“Rachmaninoff foi criado de aço e ouro: aço em suas mãos e ouro em seu coração”, dizia o virtuoso pianista polonês Josef Hofmann. Não seria possível caracterizá-lo melhor.

2. Concerto para piano nº 2

Rachmaninoff, 1963.

Rachmaninoff experimentou um renascimento criativo, como ele mesmo descreveu, que se manifestou no Concerto para Piano nº 2, composto em 1901. Paradoxalmente, Rachmaninoff o escreveu após lutar contra uma forte depressão.

O compositor perdeu a fé em si próprio logo após a estreia de sua “Sinfonia nº 1”, que não foi bem recebida pela crítica e pelo público. A peça de Rachmaninoff foi mal ensaiada e mal interpretada pelo maestro (que acreditavam estar bêbado durante a noite de estreia, em 1897).

O compositor aceitou o fracasso do seu concerto, que estava, em muitos aspectos, muito à frente de seu tempo, muito próximo do coração. Rachmaninoff não compôs por vários anos, tendo se convencido de que era péssimo no ofício. No entanto, a psicoterapia o ajudou a superar seus medos e ele voltou a fazer música.

Este concerto é uma das peças mais populares de Rachmaninoff. Nikolai Metner, outro compositor russo genial, disse que o tema principal do Concerto para piano nº 2 não é só a própria vida de Rachmaninoff, como também a Rússia toda. Cada vez que você ouve o repicar dos sinos de uma igreja, sente “a Rússia subir ao seu ápice”.

3. Sinfonia dos Sinos

Rachmaninoff, 1939.

Rachmaninoff era uma criança incrivelmente receptiva. Sua avó o levava regularmente à igreja quando criança e ele ouvia os sinos, o canto coral e toda aquela atmosfera que o tomava. A Sinfonia dos Sinos trazia de volta às memórias do compositor sua infância na região de Nôvgorod, mas também era uma interpretação sobre a consciência própria russa, já que os sinos da igreja estão presentes na vida de cada cristão ortodoxo, do nascimento à morte.

Rachmaninoff trabalhou febrilmente nesta composição e acreditava que ela se manteria como uma de suas obras favoritas ao longo da carreira. Ela é uma sinfonia coral e leva a letra do poema de Edgar Allan Poe (traduzido para o russo pelo poeta simbolista Konstantin Balmont).

As quatro partes da sinfonia recriam quatro fases da vida, com felicidade, medo, amor e morte alternando entre si como as quatro estações.

4. Concerto para Piano nº 3

Segundo o premiado pianista russo Nikolai Luganski, famoso por suas interpretações de Rachmaninoff, é seguro dizer que esta obra é “o maior concerto para piano já escrito”. Ela contém cerca de 50 mil notas e reflete um amálgama de emoções, desde tristeza e vazio a paixão e dor.

O final do concerto, cheio de coragem e vitalidade, hipnotiza os ouvintes com seu ritmo e movimento rígidos. Composto em 1909 e com trilha para piano solo e orquestra, ele estreou na cidade de Nova York durante a turnê de Rachmaninoff pelos Estados Unidos.

5. Prelúdio em Sol menor

Fotografia de Rachmaninoff do início da década de 1890.

Junto com o Segundo Concerto, o Prelúdio em Sol menor, composto em 1901, tornou-se um marco do repertório clássico para piano russo. A composição é construída sobre uma justaposição contrastante de um movimento de marcha austero com um tema sonhador e lírico.

No início da década de 1900, Rachmaninoff se apresentava regularmente na Europa como pianista e maestro. Em 1907, ele participou de concertos históricos organizados pelo empresário de dança russo Sergei Diaghilev em Paris e, entre 1910 e 1911, Rachmaninoff fez shows no Reino Unido e na Alemanha.

“Sou um compositor russo e minha terra natal deixou uma marca em meu caráter e em meus pontos de vista. Minha música é fruto do meu caráter e, portanto, é música russa”, afirmou Rachmaninoff.

Inicialmente, ele recebeu a Revolução de fevereiro de 1917 de braços abertos. Mas o sentimento de alegria logo foi substituído por ansiedade. Rachmaninoff temia que, com o colapso de todo o sistema, sua atividade artística na Rússia como pianista e compositor pudesse ser prejudicada.

Assim, ele aproveitou um convite da Suécia para realizar um concerto em Estocolmo. Em dezembro de 1917, Rachmaninoff fez uma viagem à Escandinávia, de onde nunca mais voltou para a Rússia. Em 1918, sua família se estabeleceu em definitivo nos Estados Unidos.

6. Rapsódia Sobre um Tema de Paganini

Rachmaninoff, 1892.

Rachmaninoff compôs esta peça em sua “Villa Senar”, na Suíça, no final do verão de 1934. “O constante desejo de compor música é o desejo que existe dentro de mim de expressar meus sentimentos através dos sons, assim como falo para expressar meus pensamentos. Acho que na vida de cada compositor, a música deve cumprir exatamente esta função”, disse Rachmaninoff.

Para esta obra, escrita na forma de variações, o compositor escolheu o tema do famoso 24º Caprice para violino de Niccolo Paganini. Sua Rapsódia é uma viagem sensual através do tempo, espaço, gêneros, estilos e eras.

7. Danças Sinfônicas

Rachmaninoff (dir.) com as filhas Tatiana (esq.) e Irina (centro), 1917.

As Danças Sinfônicas foram criadas por Rachmaninoff em um momento muito difícil, na virada final de sua vida. Em 1939, a Segunda Guerra Mundial começou com a invasão da Polônia pela Alemanha nazista. Rachmaninoff, com a mulher e duas filhas, teve que deixar com urgência sua “Villa Senar”, na Suíça, onde a família passava cada verão, e retornar aos Estados Unidos, para onde o compositor havia emigrado em 1918.

O problema era que a filha mais nova de Rachmaninoff, Tatiana, tinha ficado na França e eles ficaram sem comunicação com ela. Assim, Rachmaninoff passou o verão de 1940 perto de Nova York, na cidade de Huntington, em Long Island.

Ali, era assombrado por pensamentos sobre a filha que tinha ficado na Paris ocupada pelos nazistas, sobre o destino da Europa e, sobretudo, sobre o destino da Rússia. Felizmente, Tatiana sobreveu à guerra e, mais tarde, voltou a se reunir com sua família.

Um verdadeiro perfeccionista, Rachmaninoff investiu todo seu tempo e energia em sua última obra sinfônica, originalmente intitulada Danças Fantásticas. “Esta foi a minha última explosão”, disse ele.

O Rachmaninoff que compôs música nos EUA e o que compunha na Rússia eram a totalmente diferentes. Era visível que Rachmaninoff estava com muitas saudades de casa, e suas obras nos EUA eram cheias de nostalgia. Rachmaninoff nunca mais pisou na Rússia, e morreu em 1943 em Beverly Hills, Califórnia, após uma doença grave.

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