Este dia 15 de janeiro marca o 230º aniversário do nascimento de Aleksandr Griboiedov (também grafado com acento, Griboiédov), o autor da comédia provavelmente mais popular da história da literatura russa “Góre ot Umá” (em tradução livre do russo, “O infortúnio da razão”).
Esta peça, que zomba da hipocrisia da aristocracia russa, com sua obsessão por conexões e influências, além da completa ausência de integridade e honestidade, foi tão elogiada por seus contemporâneos que Griboiedov até apareceu no monumento em homenagem ao milênio da Rússia, ao lado de Aleksandr Púchkin. Selecionamos cinco fatos sobre esse autor muito popular na Rússia ainda hoje, mas pouco conhecido no exterior.
Ivan Kramskoi. Retrato de Aleksandr Griboiedov, 1875.
Galeria TretiakovAleksandr Griboiedov nasceu em Moscou em 15 de janeiro de 1795, em uma família nobre rica; seus ancestrais ocuparam os cargos estatais mais importantes durante o reinado de diversos tsares. Desde a infância, ele recebeu uma educação brilhante e provou ser uma criança surpreendentemente talentosa com certo dom para línguas. No final de sua vida, ele era fluente em nada menos que nove línguas.
Por quase dez anos, Griboiedov estudou ciências na Universidade de Moscou. Primeiro, frequentou aulas da faculdade de filologia e se tornou doutor em filosofia. Depois, estudou no departamento de direito e se formou com excelência. Ainda na universidade, também estudou latim, filosofia, ciências naturais e matemática.
O diplomata russo Ivan Paskevitch encontra o príncipe herdeiro do Irã, Abbas Mirza, (Griboiedov é o quinto à direita). Gravura de Karl Beggrov a partir da imagem original de Valentin Pachkov.
Domínio públicoGriboiedov se ofereceu para o regimento de hussardos da Guerra Patriótica de 1812 contra a França napoleônica. No entanto, o jovem nobre não conseguiu participar das batalhas e serviu apenas na retaguarda.
A partir de 1817, começou a trabalhar no Ministério das Relações Exteriores, primeiro como intérprete e secretário, depois como embaixador da Rússia no exterior. Griboiedov recebeu o convite de se tornar o embaixador do Império Russo nos Estados Unidos, mas recusou e foi para a Pérsia.
Retrato de Aleksandr Griboiedov em aquarela, por Piotr Karatíguin.
Domínio públicoGriboiedov escreveu suas primeiras obras enquanto estava no serviço militar: um ensaio jornalístico intitulado “Sobre as reservas de cavalaria” e sua primeira comédia, “Jovens cônjuges”. Ele continuou a escrever durante o serviço diplomático, trabalhando principalmente em peças e poemas, bem como redigindo notas sobre suas viagens pela Pérsia e pelo Cáucaso.
A literatura, porém, era apenas um dos hobbies do nobre. Outra de suas paixões era a música: ele era um pianista brilhante, compunha e era visto como talentoso na área.
Embaixada do Império Russo em Teerã.
Luigi PesceA partir de 1818, Griboiedov serviu como diplomata em Teerã, porém não gostava da vida persa e se mudou para Tiflis (atual Tbilisi), na Geórgia. Logo após a Guerra Russo-Persa, foi obrigado a retornar para Teerã.
Em 1829, ele e outros funcionários da embaixada russa foram assassinados por fanáticos religiosos. Na época, tinha apenas 34 anos.
Poucas semanas antes de sua morte, Griboiedov se casou com uma princesa georgiana chamada Nina Chavchavadze, que permaneceu fiel a ele pelo resto de sua vida.
Ilustração para a peça “O infortúnio da razão” de Dmítri Kardôvski, 1912.
Dmítri KardôvskiGriboiedov entrou para a história, antes de tudo, como o “autor de um livro”, a peça satírica “Góre ot Umá” (em tradução livre do russo, “O infortúnio da razão”), conhecida por todos os russos e que se tornou um sucesso por zombar da hipocrisia da aristocracia russa em 1825.
Os monólogos do protagonista desta obra-prima, Tchátski, ainda são decorados na escola. A peça do século 19 apresenta o conflito enfrentado por uma pessoa instruída e incapaz de se encaixar em uma sociedade hipócrita.
Concluída em 1824, a peça foi publicada apenas em 1833 devido à censura do Estado. Mas o autor nunca viu “O infortúnio da razão” impresso.
Até hoje, a obra não foi publicada em português, porém existe uma dissertação de mestrado da Universidade de São Paulo disponível on-line que traz a tradução da peça por Polyana de Almeida Ramos.
Graças a essa peça, Griboiedov se tornou um dos escritores mais importantes de toda a história da literatura russa. A figura do diplomata e escritor foi até incluída ao lado de Liérmontov, Púchkin e Gógol na composição do monumento dedicado ao milênio da Rússia na cidade de Velíki Nôvgorod em 1862.
Figura de Griboiedov no monumento “Milênio da Rússia”, em Velíki Nôvgorod.
Дар Ветер (CC BY-SA 3.0)LEIA TAMBÉM: As palavras mais populares inventadas por escritores russos
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