Mikhail Lérmontov: 5 fatos sobre o “segundo” poeta russo que você deve conhecer

Cultura
ALEKSANDRA GÚZEVA
Esta terça-feira (15) marca o 210º aniversário do nascimento de um dos mais famosos poetas da Rússia, cujos poemas todos no país conhecem desde a escola.

O poeta e oficial de cavalaria russo Mikhail Lérmontov, nascido em 1814 e morto em 1841, é uma personalidade cuja fama vai além de suas obras literárias. Escolhemos abaixo os 5 fatos mais importantes da vida do poeta considerado o segundo mais importante da Rússia:

1. Ficou famoso por causa da morte de Aleksandr Púchkin

Desde criança, Lérmontov desenhava, tocava instrumentos musicais e escrevia poesia. Aprender a escrever poemas fazia geralmente parte da educação da nobreza no século 19, mas logo na infância descobriu-se que Lérmontov tinha talento.

Lérmontov ficou famoso aos 22 anos de idade, após escrever um poema emocional dedicado à morte do poeta russo Aleksandr Púchkin em um duelo. A morte dele chocou Lérmontov, que era seu admirador devoto. No seu poema “A Morte do Poeta”, ele culpa a sociedade secular pelo que aconteceu. As cópias manuscritas da obra logo se espalharam por São Petersburgo. A reação das autoridades foi imediata: o jovem foi preso e enviado para a região de Cáucaso, que vivia uma longa guerra.

2. Ficou exilado no Cáucaso

Após a publicação do poema “A Morte do Poeta”, Lérmontov foi mandado para exílio no Cáucaso, onde foi designado para um regimento de dragões. No entanto, o escritor não foi vítima de punição severa. Ele já gostava do Cáucaso e passou a apreciar a beleza e a cultura da Geórgia, assim como conseguiu evitar a participação ativa nas operações das forças armadas. A experiência adquirida no local contribuiu para o nascimento de múltiplas ideias das suas obras mais famosas, que foram realizadas ao longo dos dois anos seguintes.

Das montanhas do Cáucaso nasceu a inspiração para o poema “Mtsíri” e muitos outros. Uma parte significativa da ação do romance “Um Herói do Nosso Tempo” também acontece nessa região.

3. Tinha raízes escocesas

A família Lérmontov remonta a uma família escocesa russificada, que, segundo a teoria geralmente aceita, incluía o poeta medieval Thomas Learmonth (conhecido também pelo nome de Thomas the Rhymer). No início do século 17, o tenente Georg Learmonth, que participou na intervenção polaca na Rússia, foi capturado pelos russos. Os historiadores acreditam que ele era um aventureiro, e o cativeiro foi uma excelente chance para uma nova vida. Assim, Learmonth entrou para o serviço do tsar Miguel 1º da Rússia.

O poeta alude às suas raízes escocesas no poema “Desejo”, que contém os seguintes versos (em tradução livre):

“Eu voaria sobre espada e escudo,

E eu tiraria a poeira deles com minha asa;

E tocaria uma corda da harpa escocesa

[...]

Nasci aqui, mas não sou daqui na alma”.

4. Era considerado um profeta

O ancestral de Lérmontov, Thomas Learmonth, era considerado um profeta na Escócia. Houve também muitos contos e as histórias incríveis em torno do poeta russo que previa o futuro, embora os historiadores não tenham provas escritas das profecias de Mikhail. A mais famosa está associada à magia dos números em torno das datas de sua vida (1814-1841): exatamente cem anos após seu nascimento começou a Primeira Guerra Mundial e, cem anos após sua morte, a URSS entrou na Segunda Guerra Mundial.

5. Morreu em um duelo

Muito na biografia de Lérmontov repete a vida de Aleksandr Púchkin: confronto com o Estado, exílio, poemas românticos, duelos. O oponente de Lérmontov no último duelo, Nikolai Martinov, esteve por algum tempo no mesmo regimento que Georges d’Anthès, que feriu Púchkin mortalmente.

Talvez a baixa autoestima tenha contribuído para o falecimento precoce do autor russo: ele morreu em 1841, durante férias na cidade de Piatigorsk, em meio a um duelo com o seu velho colega e oficial Nikolai Martinov.

Até hoje não é possível saber ao certo a verdadeira causa deste evento trágico. Segundo a única informação disponível, a briga aconteceu por conta das constantes brincadeiras de mau gosto de Lérmontov em relação ao seu colega, que, apesar da boa aparência física, não era muito inteligente. De acordo com uma das versões não comprovadas, a desavença teria sido provocada pela relação amorosa de Nikolai com uma mulher com a qual Lérmontov também nutria uma paixão.

Martinov escreveu: “Desde a sua chegada a Piatigorsk, Lérmontov não perdeu uma única ocasião em que pudesse me dizer algo desagradável. Piadas, farpas, provocações — tudo o que pode irritar uma pessoa sem tocar em sua honra”. Assim, Lérmontov forçou seu oponente a desafiá-lo para um duelo.

Conta-se que o poeta disparou para o alto; já Martinov, insultado, respondeu com um tiro no peito. Lérmontov morreu antes de completar 27 anos.

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