O Russia Beyond recomenda: ‘Os contos de Belkin’, de Aleksandr Púchkin

Russia Beyond (Foto: V.A.Tropínin; Legion Media; Editora Nova Alexandria, 2009)
Em sua primeira coleção de contos, Aleksandr Púchkin relata cinco causos que ocorreram com as pessoas mais comuns de seu tempo.

Em sua primeira coleção de contos, Aleksandr Púchkin relata cinco causos que ocorreram com as pessoas mais comuns de seu tempo.

‘O tiro’

O narrador desta história, um oficial militar, conhece um homem misterioso chamado Silvio em um posto avançado do país onde serve. O militar costuma visitar Silvio para jogar cartas e faz amizade com ele, que pratica a arte de atirar com perfeição.

Certa vez, um oficial insulta Silvio, mas, ao contrário do que todos esperam, Silvio não o desafia para um duelo, como é de costume. Os oficiais acham então que Silvio é um covarde, mas ele explica seu comportamento ao narrador, seu único confidente.

Anos antes, Silvio havia desafiado um jovem conde para um duelo e, na véspera, Silvio descobriu que o adversário não tinha medo da morte. Matar um homem que não valorizava a vida não satisfazia Silvio. Por isso, em vez de atirar, ele sugere ao conde que adie o duelo.

Silvio logo descobre que o ex-adversário está noivo e se casará e mudou de atitude em relação à vida e à morte. Era por isso que Silvio esperava, e então ele se apresenta diante do ex-adversário em busca do adiado duelo.

Depois de vários anos, o narrador conhece um novo vizinho e sua esposa. No hall da casa do vizinho, ele vê uma pintura com dois buracos de bala extremamente próximos – como aqueles que Silvio fazia com sua pontaria precisa – e conta ao vizinho sobre o velho amigo.

Ao ouvir isso, o vizinho revela ser ele o adversário de Silvio: quando do duelo, logo após o casamento do conde, eles empatam para atirar primeiro, mas o conde erra e acerta o quadro. Quando Silvio se prepara para atirar, vê a noiva do conde entrar na sala apavorada. Arrependido, Silvio atira sem mirar, mas mesmo assim acerta bem em cima do buraco feito pelo conde. Com isso, Silvio demonstrava poder matar com facilidade o conde, mas escolheu poupar a vida dele movido por sentimentos mais nobres que a sede de vingança.

‘A Nevasca’

Uma jovem nobre chamada Maria Gavrilovna se apaixona por um oficial subalterno chamado Vladimir. No entanto, os pais da moça não aprovam o relacionamento por causa do status social inferior de Vladimir.

Os amantes fazem planos de fugir e se casar secretamente em uma cerimônia à meia-noite em um vilarejo próximo. Mas, na noite da cerimônia, ocorre uma forte nevasca. Vladimir se perde na nevasca e percebe que não pode chegar a tempo para a cerimônia.

Ao voltar para casa, Maria Gavrilovna adoece e delira de febre. Vendo seu sofrimento, seus pais dão permissão para que ela se case com Vladimir, mas logo são informados de que ele foi morto na Batalha de Borodino.

Mais tarde, Marya Gavrilovna e sua família se mudam para uma propriedade diferente, onde vários pretendentes pedem a mão da moça em casamento. No entanto, ela dispensa todos, exceto um oficial de cavalaria chamado Burmin. O amor surge entre os dois, mas Burmin diz que não pode se casar com Maria Gavrilovna, porque já é casado com uma mulher que não conhece.

Burmin explica que, certa vez, se perdeu em uma tempestade de neve durante uma viagem. Quando finalmente parou em uma cidadezinha, Burmin foi recebido por um padre que lhe informou que ele estava atrasado para o casamento. Brincando, Burmin entrou no jogo. No entanto, a noiva desmaiou quando ele se virou para beijá-la.

Arrependido na atualidade, Burmin diz a Maria que ainda era fiel ao casamento, apesar de não saber quem era a esposa. Maria Gavrilovna percebe que Burmin era o homem que ela tinha visto na igreja quando esperava Vladimir. Depois de descobrirem suas verdadeiras identidades, os dois se apaixonam profundamente.

‘O Coveiro’

Um agente funerário chamado Adrian Prokhorov ganha a vida preparando cadáveres para o enterro e fazendo os preparativos para funerais. Ele se muda para o centro de Moscou e abre uma funerária em seu novo bairro, onde moram principalmente comerciantes alemães.

Durante uma festa com os vizinhos, Prokhorov se ofende com a piada de um dos comerciantes locais, que faz um brinde à saúde dos clientes de Prokhorov, os mortos. Ofendido, Prokhorov sai da festa dizendo que prefere festejar com seus clientes.

Ao chegar em casa, Prokhorov fica chocado ao ver que cadáveres e esqueletos aceitaram seu convite e foram a sua casa. Para horror de Prokhorov, um falecido o acusa de ser careiro e trapaceiro. De repente, ele acorda e percebe que está apenas bêbado e sonhou com tudo aquilo.

‘O Chefe da Estação’

Apanhado pela chuva, o narrador deste conto para na estação postal, onde conhece Samson Virin, o chefe da estação, responsável por providenciar serviços como cavalos, camas e comida para os viajantes. O narrador também conhece a bela filha de quatorze anos de Samson, Dunia.

Alguns anos depois, o narrador volta à estação, mas Dunia não está mais lá. Samson conta a ele a história de seu desaparecimento. Um dia, um jovem oficial chegou à estação, adoeceu e lá ficou vários dias. Quando estava para partir, o oficial se ofereceu para dar uma carona a Dunia até a igreja, mas levou a garota embora consigo.

Virin foi então a São Petersburgo para resgatar sua filha, mas o rico oficial lhe disse estar apaixonado por Dunia, deu-lhe dinheiro e o mandou embora.

Ao chegar mais uma vez àquela estação, o narrador descobre que Samson havia morrido um ano antes. Ele também descobre que uma bela jovem e seus três filhos certa vez foram ao túmulo do velho e choraram por muito tempo. O narrador ficou satisfeito ao saber que, apesar dos temores do chefe da estação, o policial não abandonou a jovem Dunia e estava realmente apaixonado por ela.

‘A Filha do Escudeiro’

Dois proprietários têm visões diferentes sobre como cuidar de suas terras e por isso não se dão bem. Um deles tem uma filha, Lisa, e o outro tem um filho, Alexei, que um dia vem visitar o pai.

Ao descobrir sobre o moço, Lisa quer vê-lo. A jovem se disfarça de camponesa e encontra Aleksei na floresta, fingindo ser a filha do ferreiro.

Aleksêi se apaixona pela bela e inteligente camponesa e o casal começa a se encontrar em segredo.

Alguns meses depois, os proprietários de terras se reconciliam e se tornam amigos. Eles decidem arranjar um casamento entre os filhos. Aleksei protesta contra a decisão, pois está apaixonado por quem acredita ser uma camponesa. O jovem vai direto ao vizinho para se explicar, mas ao ver sua amada “camponesa” percebe que agora pode realizar o desejo do pai e se casar com a mulher que ama.

O que há por trás desta coletânea?

A coletânea de “contos do falecido Ivan Petrovich Belkin” representa uma das primeiras tentativas de Aleksandr Púchkin de escrever prosa. O autor refuta a autoria da obra em prosa e a entrega ao póstumo e fictício Ivan Petrovich Belkin.

Segundo Púchkin, é Belkin quem coleta esses causos de diferentes contadores de histórias que conhece ao longo da vida.

Todos os cinco contos que compõem “Os contos de Belkin” retratam a vida de pessoas comuns que vivem no Império Russo, juntamente com seus problemas, esperanças e sonhos. O resultado é impressionante em escopo e bonito em simplicidade.

“Os contos de Belkin” se tornaram uma marca registrada do que ficou conhecido como “O outono de Boldinski”, o período mais criativo da vida de Aleksandr Púchkin. 

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