‘Sampo’: o primeiro filme que a URSS fez com um país ocidental

Sputnik
Mestre dos filmes de contos de fadas, Aleksandr Ptuchko esteve à frente da direção neste projeto soviético-finlandês.

O que os filmes ‘A Tenda Vermelha’ (1969), ‘Mio na Terra Distante’ (1987) e ‘O Pássaro Azul’ (1976) têm em comum? Todos eles foram coproduzidos por cineastas soviéticos e estrangeiros. Mas o primeiro projeto conjunto deste tipo — do qual participaram a União Soviética e um país capitalista — foi o filme de conto de fadas “Sampo”, rodado em 1958 com base no épico careliano-finlandês “Kalevala”.

Até meados da década de 1950, a cooperação entre a Finlândia e a URSS na cinematografia limitava-se à compra de filmes. Com o tempo, os países passaram da mera distribuição para a produção de filmes próprios: primeiro surgiu um documentário que retrata moradores de Terijoki (atual Zelenogorsk) que emigraram para a Finlândia durante a guerra visitando Leningrado e arredores: “Moradores de Terijoki no Istmo da Carélia”.

A primeira experiência de coprodução artística foi um conto de fadas baseado no épico ‘Kalevala’. Segundo o enredo, um ferreiro chamado Ilmarinen vai para Pohjela, a terra do frio eterno, para encontrar sua irmã, Annika, que foi sequestrada pela feiticeira Louhi. Lemminkäinen, o amado de Annika, vai junto com ele. Para resgatar a jovem do cativeiro, os heróis têm que cumprir as exigências de Louhi, que, acima de tudo, quer se apoderar do moinho mágico Sampo, fonte de felicidade e prosperidade.

Conto de fadas com efeitos especiais

O diretor do projeto conjunto soviético-finlandês foi Aleksandr Ptuchko, que já havia se firmado como um mestre dos filmes de contos de fadas — com “Sadko, O Intrépido” (1953), “” (1959) e “A Tale of Lost Times” (1964). O segundo diretor foi Holger Harriwirth. Os consultores finlandeses, o doutor em filosofia Vinee Kaukonen e o professor Kustaa Vilkuna, garantiram que ‘Sampo’ não se afastasse muito do material de origem.

Atores soviéticos e finlandeses atuaram no longa: por exemplo, o papel do sábio Väinämäinen foi interpretado pelo finlandês Urho Somersalmi, e o papel do mágico, pelo russo Gueórgui Milliar. Enquanto isso, o ator letão não profissional Andris Oshin encarnou Lemminkäinen. As filmagens aconteceram perto de Petrozavodsk, no Monte Sampo, na margem oeste do lago Kontchozero.

A produção foi trabalhosa: as cenas foram filmadas sequencialmente; primeiro foram encenadas em russo e depois em finlandês. Foram filmadas versões em dois formatos ao mesmo tempo: widescreen e fullscreen.

Ptuchko não foi apenas um mestre de filmes de contos de fadas, mas também o criador de diversas produções conjuntas. 

‘Kalevala’ hollywoodiana

Não apenas os espectadores soviéticos e finlandeses ficaram interessados ​​no filme, mas também Hollywood. O produtor Roger Corman encurtou ‘Sampo’ em 30 minutos, e o filme foi lançado nos EUA com o título: ‘O Dia em que a Terra Congelou’. Nesta versão, por incrível que pareça, os atores soviéticos não estão listados nos créditos; todos foram “renomeados”: Nina Anderson e John Powers apareceram em vez de Eve Kivi e Andris Oshin, enquanto um tal Greg Sibelius é mostrado como diretor no lugar de Ptuchko e Harrivirta.

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