Os 6 contos de fadas russos mais bizarros

Y. Severin/Diafilm, 1991
Não estamos falando de ‘Kolobok’ ou ‘Kaschei, o Imortal’, mas de uma galinha preta falante, reis subterrâneos e da Senhora da Montanha de Cobre.

Antoni Pogorelski, ‘A Galinha Negra ou os Moradores Subterrâneos’

Acredita-se que, até 1829, todos os contos de fadas russos eram contos populares. O escritor Antoni Pogorelski mudou essa tradição. O seu conta ‘A Galinha Preta’ é ao mesmo tempo assustador e realista – a combinação perfeita para ler sem distrações.

Um menino chamado Aliocha resgata uma galinha de um cozinheiro e logo descobre que ‘Tchernushka’ é, na verdade, ministra de um reino subterrâneo mágico onde vivem pequenas pessoas. Como recompensa, o garoto recebe um grão que o ajuda a responder todas as perguntas e não aprender nada. No entanto, Aliocha não consegue guardar o segredo dos moradores subterrâneos e eles são obrigados a deixar o seu reino. Na despedida, ele vê ‘Tchernushka’ em forma humana, algemada, e não consegue conter as lágrimas.

Há muito misticismo nesta história: às vezes, não fica claro se o protagonista está vendo os moradores subterrâneos em um sonho ou em delírio. Ao mesmo tempo, é uma história sobre aprendizagem e crescimento: um menino arrogante, tendo cometido uma má ação, arrepende-se com sinceridade.

Iúri Olecha, ‘Os Três Homens Gordos’

Este é um conto de fadas soviético sobre a rebelião em um país onde o poder foi usurpado por “Três Homens Gordos”, os regentes do herdeiro Tutti, que é proprietário da produção de pão e da mineração de carvão e ferro. Esta história sobre a revolução apresenta personagens incríveis — gêmeos separados, um ginasta revolucionário, uma boneca que se parece exatamente com uma menina de verdade e um cientista brilhante que, ao longo dos anos vivendo em um zoológico, quase se transformou em um lobo.

Na história de Olecha, os “Três Homens Gordos” exigem que Tutti seja transplantado com um coração de ferro, para que não tenha piedade e até mande uma criança para execução. Mas, ainda assim, o conto assustador não perde o encanto — não é por acaso que o livro foi traduzido para 17 idiomas.

Pável Bajov, ‘Caixa de Malaquita’

Nos coloridos contos de fadas (ou fábulas) dos Urais, simples artesãos que trabalham nas minas encontram espíritos locais — Siniuchka, a Senhora da Montanha de Cobre, e Ognevuchka-poskakuchka, o vaga-lume saltador. Ambos são severos, porém justos: ajudam quem não só quer extrair rocha do solo, mas quem sabe criar coisas incríveis a partir dos materiais coletados. Poderíamos dizer, assim, que eles são patronos — os espíritos Urais da criatividade dos cortadores de pedra. Não é à toa que, no final da década de 1930, os contos de Bajov faziam parte do folclore popular.

Vsevolod Garchin, ‘Attalea princeps’

A heroína deste conto de fadas não é uma criatura mágica nem um ser humano. Attalea princeps é uma palmeira que sonha em deixar a estufa onde cresce. As demais plantas brigam constantemente entre si, discutindo quem bebe mais ou menos água — em geral, comportando-se como uma reunião de parentes mal-humorados. Mas Attalea não se envolve nesses pequenos escândalos. Pelo contrário, ela incentiva outras árvores a crescerem mais altas e se tornarem mais fortes — para que então, talvez, consigam quebrar o vidro da estufa e se libertar. Mas, infelizmente, só ela sonha com isso...

Esta triste parábola sobre um sonho irrealizável nos lembra que as pessoas têm essa escolha — submeter-se ao destino ou lutar por seus ideais, mesmo que em completa solidão.

Vladimir Odouevski, ‘Uma cidade em uma caixa de rapé’

Não existem trens ou táxis na cidade de Sininho; só se pode chegar lá levantando a tampa de uma caixa de música. Nela vive uma princesa primaveril, uma bobina guardiã e martelos malvados. Assim que atingem os moradores locais — sinos de tamanhos diferentes — estes começam a tocar. É por isso que sempre há música nesta cidade maravilhosa; o mecanismo da caixa funciona sem falhas. Isto, é claro, se for manuseado corretamente.

Esta viagem de conto de fadas a um micromundo parece uma história fantástica, mas, por outro lado, fala às crianças sobre o mecanismo da caixa. Interessante e útil.

Aleksandr Volkov, ‘Sete Reis Subterrâneos’

A história da terra encantada de Oz e da menina Dorothy, criada por Frank Baum, foi adaptada por Aleksandr Volkov para crianças soviéticas com a adição de novos capítulos. ‘O Feiticeiro da Cidade Esmeralda’ provou ser tão popular que o escritor decidiu escrever uma sequência. É sobre o País Subterrâneo, onde vivem sete reis. Eles governam por turnos: enquanto um fica sentado no trono por seis meses, os outros seis, junto com seus cortesãos, dormem após beberem água de uma fonte mágica. No entanto, quando essa água começa a desaparecer, a anarquia se faz presente no reino.

A trama fantástica de Volkov aborda reeducação. Depois que todos os sete reis mergulham no sono e acordam, eles não têm pressa em serem lembrados de quem são. Pelo contrário, dizem-lhes que são trabalhadores. Este é uma história de advertência e, embora pareça um pouco ingênua, jamais perde o seu encanto.

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