3 das séries mais russas produzidas nos EUA

Cultura
NIKOLAI KORNÁTSKI
Agentes da KGB, desastre de Chernobyl e até mesmo a famigerada boneca russa matriochka são pontos de partida para essas produções famosas ainda em cartaz no streaming.

O cinema norte-americano conta histórias que não podem prescindir de personagens russos. Esse é frequentemente o caso de qualquer produção relacionada ao espaço, por exemplo, muitos vão se lembrar do lendário Pável Chekov da USS Enterprise no universo de Jornada nas Estrelas; sem falar da comandante Susan Ivanova, que é a segunda pessoa mais importante da estação Babylon 5. O tema da espionagem é, talvez, ainda mais prevalente – seja sobre a Guerra Fria (‘Stranger Things’) ou sobre o passado recente (‘Homeland’). Há também uma pitada de xadrez (‘O Gambito da Rainha’) e outras áreas onde os russos e os soviéticos foram e são globalmente significativos.

Às vezes, porém, a própria conexão russa é central para a trama. Confira abaixo três dos programas mais russos que surgiram em Hollywood nos últimos anos:

Os Americanos (2013-2018)

Ao longo de seis anos, o público acompanhou o destino de dois espiões soviéticos disfarçados que viviam em um subúrbio de Washington na década de 1980, passando-se por um casal. A história vencedora de um Emmy e Globo de Ouro é baseada em acontecimentos reais. O roteiro foi escrito por um ex-oficial da CIA, Joe Weisberg, que, além de conversar com colegas, usou os materiais do arquivo do ex-agente da KGB Vassíli Mitrokhin, que contrabandeou documentos confidenciais da URSS no início dos anos 1990.

A série tem muitas brigas, perseguições e outros aspectos da espionagem; e há muitas falas em russo – em geral, bastante decentes (nativos de verdade interpretam pequenos papéis). Já o retrato do mundo da espionagem disfarçada parece até convincente – embora, com algumas exceções (por exemplo, é difícil acreditar que a diretoria da KGB pedisse a seus agentes para terem filhos). Mas também fica claro que isso é, antes de tudo, uma metáfora vívida para o desequilíbrio entre vida profissional e pessoal.

Onde assistir: FX, Amazon Prime

Chernobyl (2019)

Esta minissérie sobre os esforços para liquidar o desastre de Tchernóbil foi lançada quase ao mesmo tempo que a temporada final da popular ‘Game of Thrones’; no entanto, superou rapidamente a concorrente nos rankings do site de cinema IMDb e ainda ocupa o 5º lugar no Top-250. A história se passa na URSS, e todos os personagens são cidadãos soviéticos – interpretados, porém, por estrangeiros – a maioria deles britânicos, assim como o sueco Stellan Skarsgård. Seria de se esperar que fosse recheada de estereótipos sem sentido sobre o país, mas, surpreendentemente, a série conseguiu ao menos acertar a atmosfera, bem como algumas figuras reais e as motivações por trás de suas ações (leia mais).

A maior parte das filmagens foi feita na Lituânia. Lá, rodaram cenas nos bairros residenciais soviéticos (quase indistinguíveis de Pripyat), bem como na Usina Nuclear de Ignalina, erguida usando os mesmos planos de sua irmã de Tchernóbil. Ex-cidadãos da URSS trabalharam na decoração e adereços; roupas e itens foram comprados de todo o antigo bloco oriental. Para contribuir na imersão, antes das filmagens, os atores leram ‘Vozes de Tchernóbil: Crônica Do Futuro’, da vencedora do Prêmio Nobel Svetlana Aleksiévitch, baseada em entrevistas com os participantes desses eventos.

No fim das contas, é uma produção poderosa e comovente sobre heroísmo e autossacrifício, que obtém lugar de destaque quando comparada a outros tantos esforços semelhantes.

Onde assistir: HBO; ​​Globoplay + Canais ao Vivo

Boneca Russa (2019-2022)

O que há de mais russo do que uma matriochka – a bonequinha de madeira que virou a lembrancinha turística mais comum do país? O enredo desta série de comédia lembra o design exclusivo da boneca, uma dentro da outra. Em seu aniversário de 36 anos, a desenvolvedora de games Nadia, de Nova York, morre – e retorna à vida apenas para morrer de novo. Assim, revive o mesmo dia várias vezes, que sempre termina com sua morte.

Caso a metáfora da boneca não fosse suficiente, os criadores deram à personagem principal um nome bastante russo: Nadia, que claramente tem herança russa e um círculo de amigos emigrantes russos, bem como o característico penteado ruivo usado pela lendária cantora soviética Alla Pugacheva. Coincidência ou não, o papel mais conhecido na filmografia de Pugacheva é o lendário clássico de Ano Novo ’A Ironia do Destino’, no qual ela dá voz às músicas encenadas pela personagem também chamada Nadia.

Onde assistir: Netflix

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