10 filmes que vão te ajudar a entender a alma russa

Ironia do destino (1976)

"Todos os anos, em 31 de dezembro, meus amigos e eu vamos à sauna", ouve-se na frase de abertura do filme que está em todas as TVs russas no Ano Novo, desde 1975, quando foi rodado por Eldar Riazanov.

Nele, o personagem principal vai à sauna no Ano Novo e confunde apartamentos localizados em endereços idênticos em Moscou e São Petersburgo. É claro que nem todo mundo realiza essa façanha na Rússia, mas a festa de Réveillon, cheia de convidados, conversas estranhas e canções entoadas em grupo, assim como salada de Olivier e peixe ensopado, é ilustrada de forma bastante autêntica no filme.

Além disso, é claro, há a crença de Ano Novo em milagres e no amor — característica não só dos russos. Não foi à toa que os norte-americanos fizeram um remake de "Ironia do Destino": o filme “About Fate” (2022), com Emma Roberts e Thomas Mann.

Ivan Vasilevich muda de profissão (1973)

A nostalgia dos velhos tempos é comum a todas as nações, mas para os russos, ela é uma característica muito marcante. Muito antes de “De Volta para o Futuro”, um filme soviético mostrava um cientista que tinha inventado uma máquina do tempo para viajar até o século 16 e fazer o tsar Ivan, o Terrível, trocar de lugar com seu vizinho (que também se chamava Ivan Vasilevich).

O tsar do filme não é tão cruel quanto se imagina nos livros de história, pelo contrário: com o passar do tempo, ele começa a tomar gosto pelos êxitos da civilização soviética. O vizinho que é enviado para ser tsar, por outro lado, gosta da sensação do poder, mas é logo acusado.

Cavalheiros de Sorte (1971)

Esta é outra comédia soviética cult de troca de lugares e papéis - desta vez sobre justiça. Trochkin, um modesto supervisor do jardim de infância é muito parecido fisicamente com um perigoso criminoso que, coincidentemente, é conhecido como Docent e fugiu com um objeto valioso - o capacete de ouro de Alexandre, o Grande.

Os membros de sua gangue são capturados, mas, para encontrar Docent, a polícia soviética tem que se infiltrar e literalmente prender Trochkin - com o consentimento dele.

Assim, um humilde professor de jardim de infância se mostra importante na captura do perigoso criminoso. Além da envolvente história de aventura, você aprenderá com este filme que “rabanete” (rediska), na Rússia, não é só uma raiz comestível, mas também sinônimo de "homem mau".

Moscou não acredita em lágrimas (1979)

Muito antes de “Sex and the City”, o diretor soviético Vladimir Menchov fez um grande drama, que passou por gerações de russos, sobre a solidão e o trabalho na metrópole — e ganhou um Oscar por isso!

O filme conta a história de três amigas e cobre 20 anos de suas vidas. Elas partiram para a capital acreditando em amor, família e perspectivas de carreira, mas a vida de cada uma passava ao largo desses sonhos.

Isto não impediu, porém, que as protagonistas superassem todos os obstáculos e encontrassem seu caminho: porque as mulheres russas não se desesperam, não importa o que aconteça!

Peculiaridades da Caça Nacional (1990)

Esta é a comédia mais "nacional" russa, que dá asas ao clichê sobre os russos mais amado pelos estrangeiros: o do consumo excessivo de vodca. Um finlandês chega a uma fronteira florestal russa, estudando as tradições e costumes russos, e já lá um general do exército, um caçador e muitos outros tentam ilustrar essas mesmas tradições.

Eles brindam à saúde e contam histórias intermináveis sobre a vida cotidiana e os costumes da dura Rússia. Resumindo: não tente repetir este filme na vida real, pois todos os truques são feitos por profissionais!

Brat (1997) e Brat-2 (2000)

Este é o principal filme em duas partes do cinema russo moderno, dirigido por Aleksei Balabanov. Nele, Danila Bagrov, interpretado por Serguei Bodrov, é uma espécie de Robin Hood russo, certo de que "a força está na verdade". É este postulado que ele prova ao longo dos dois filmes.

No primeiro, ele luta contra a síndrome pós-traumática após a Guerra da Tchetchênia e, no segundo, encontra-se de repente na América, onde tenta aceitar a nova realidade. Danila Bagrov tornou-se uma espécie de "herói de nosso tempo" na Rússia.

Boomer (2003)

Este filme de Pioter Buslov pôs um fim provisório à reflexão russa sobre os anos 1990, talvez a década mais controversa da história moderna. O nome do filme faz referência a um carro BMW preto, ou simplesmente "Boomer", como era chamado na Rússia.

É justamente em um carro desses que os quatro carismáticos foras-da-lei do filme fugiam, sob a trilha sonora do músico Serguêi Chnurov, que ganhava popularidade na época. Os acordes simples remetem imediatamente ao pouco invejável cidadão russo das antigas, que já viu demasiado na vida.

Guerra e Paz (1966)

É claro que muitos russos dizem que adoram Lev Tolstói, embora nem todos tenham percorrido as centenas de páginas de “Guerra e Paz”. Por outro lado, o filme homônimo de Serguêi Bondartchuk foi visto por muitos e não só se tornou um líder de bilheteria em 1966, como também ganhou um Oscar.

É difícil dizer que o filme é um Blockbuster divertido, mas ele dá muito material sobre o qual pensar sobre os destinos da história russa e das personagens - não apenas os da alta sociedade, mas também os do povo - que são tão relevantes hoje como eram naquela época.

Stalker

Este é outro filme desafiador, mas desta vez voltado para a ficção científica, na qual os irmãos Strugatsky eram visionários. Ele é baseado no romance dos irmãos, “Picnic à beira da estrada”, que o diretor cult Andrêi Tarkóvski rodou.

É uma das obras mais famosas de Tarkóvski e, ao mesmo tempo, mais terríveis, pois sua metafísica filosófica e suas alusões ao Cristianismo mascaram as páginas mais brutais da história soviética. O espetáculo visual do stalker e a mudança da monocromia para a cor o tornam um dos filmes de Tarkovsky mais fáceis de entender para o público geral.

Spacewalk (2017)

Este é o filme mais recente da lista e nos leva a captar a razão pela qual os russos não podem viver sem o espaço. "Spacewalk" é sobre o primeiro passeio espacial da história, realizado pelo cosmonauta Aleksêi Leónov no auge da Guerra Fria.

O contexto geopolítico, entretanto, não é tão importante aqui. Muito mais interessante é a história da verdadeira amizade e dos sonhos de infância destinados a se tornar realidade.

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