'Os Irmãos Karamázov' de Fiódor Dostoiévski: um breve resumo

Constantin Shapiro; Getty Images; Editora 34, 2012
Este livro é repleto de reflexões psicológicas e religiosas, mas também um romance policial incrivelmente intrigante!

Fiódor Karamázov tem três filhos, mas eles nunca tiveram boas relações com o pai. Até que um dia o pai é morto e um deles é suspeito do crime que teria sido cometido por uma mulher e por dinheiro... Mas nem tudo é tão simples...

Dmítri, Ivan e Aliôcha são os três filhos de Fiódor Karamázov — um proprietário de terras provinciano lascivo e cínico — com duas mulheres diferentes. Mas os três são completamente diferentes em tudo!

Cena de

O mais novo, Aliôcha, tem 20 anos e já se prepara para ser monge. Ele é um fiel servo de Deus e passa o tempo todo no mosteiro com um velho monge muito sábio chamado Zossíma. O filho do meio, Ivan, é um homem intelectual extremamente cético. Ele está em uma constante batalha interior, tentando descobrir se Deus ou sua alma existem... Ele também está sempre discutindo com Aliôcha sobre questões religiosas.

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Tanto Aliôcha quanto Ivan se preocupam com as relações de seu pai com seu irmão mais velho, Dmítri. Filho do primeiro casamento de Fiódor, ele nunca pode contar com a atenção, o amor ou o dinheiro do pai. Muito jovem, ele se mudou para a casa de um parente da família e eles pouco se viram depois disso.

Dmítri é um homem emotivo e apaixonado (e, na verdade, é mais parecido com o pai nesse temperamento). O romance começa com Dmítri pedindo dinheiro ao pai e parte de sua herança, culpando-o por não ter participado de sua criação.

Mas Fiódor não quer dar nada a Dmítri. O relacionamento já terrível entre os dois é complicado pelo fato de que ambos estão apaixonados pela mesma, mulher Grúchenka, que dá espaço para que ambos a cortejem.

Cena de adaptação de

Dmítri persegue Grúchenka desesperadamente e tenta pegá-la junto com o pai dele. Ivan teme que Dmítri consiga matar o pai — por causa do dinheiro e de Grúchenka. Uma noite, quando Dmítri está festejando e bebendo em outra cidade com Grúchenka, a polícia chega ao local dizendo que o pai dele foi morto e anunciando sua detenção, como principal suspeito.

No entanto, o verdadeiro assassino se confessa a Ivan: o lacaio do pai, que também era filho bastardo dele com uma serva, sem que ninguém soubesse. Ele se chama Smerdiakóv (do russo, algo como “fedorento”), e diz que decidiu cometer o crime inspirado pelas filosofias de Ivan de que se Deus não existe, se não existe moralidade, então tudo é permitido. Ao mesmo tempo, Smerdiakóv tem um álibi, porque finge ter tido um ataque epiléptico. Mas, como não consegue lidar com o próprio crime, Smerdiakóv se mata.

Lev Dodin's staging of 'The Brothers Karamazov' in the Mayakovsky Theater, Moscow

A parte final do romance é uma longa descrição do julgamento de Dmítri. Ivan conta a história de Smerdiakóv, mas acaba tendo um colapso psicológico e, por isso, ninguém acredita nele, pensando que ele só quer salvar o irmão. O promotor e o famoso advogado, por sua vez, fazem discursos incríveis. E, no final das contas, Dmítri, mesmo inocente, é condenado à prisão.

O que há por trás do romance?

Dostoiévski se inspirou em um crime real, sobre o qual leu em um jornal, para escrever este livro. Mas tudo isso é apenas a parte “romance policial” do livro, que tem um significado muito mais profundo.

Esta é a última obra de Dostoiévski e sua reflexão-mor sobre a natureza do amor, do pecado, de Deus e da moralidade. Trata-se de um romance incrivelmente psicológico (e Dostoiévski é um dos pioneiros da escrita de romances psicológicos entre os russos).

Ele tenta entender a alma russa e dissecar os pensamentos e comportamentos das personagens. Por que elas agem assim? O que as faz cometer todo tipo de pecado? É isso o que realmente incomoda o escritor.

Por exemplo, a personagem do stáriets Zossíma é um velho monge que dá sábios conselhos e vive uma vida perfeitamente cristã, com muita autodisciplina e oração. Ele tem um protótipo na vida real: Ambrósio de Optina, um stáriets e monge que foi considerado santo, ainda vivo. Sua figura é um exemplo de fé que pode salvar a alma.

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