Russa recria tradicionais cocares kokôchnik com toque contemporâneo

Cultura
ALEKSANDRA GÚZEVA
Serafima Zlobina, de São Petersburgo, vem desenvolvendo cocares no estilo tradicional russo – também conhecidos como kokôchniks – que são verdadeiras obras de arte. E o designer realmente espera que eles voltem à moda em breve.

Desde que Serafima se lembra por gente, suas atividades favoritas eram desenhar, ou costurar apliques e bordados. Em 2023, a artista de 22 anos se formará na Academia Estatal de Arte e Desenho Stieglitz de São Petersburgo.

Os primeiros kokôchniks que fez foram quase por acidente. Serafima estava se preparando para uma sessão de fotos (outro de seus hobbies) e, para o tema surreal imaginado, ela precisava de uma roupa chamativa e volumosa – e então decidiu fazer um kokôchnik. Em uma questão de poucas horas, pintou um cocar com guache e o decorou com miçangas. As fotos foram um sucesso, e seus seguidores nas redes sociais elogiaram o experimento.

No início, kokôchniks e sessões de fotos eram sua iniciativa criativa pessoal. Mas diferentes marcas tomaram conhecimento do trabalho de Serafima e ela acabou se tornando estilista de campanhas publicitárias.

Os kokôchniks de Serafima se tornaram, por exemplo, a “marca” da banda folk Uzoritsa.

Atualmente ela cria coleções inteiras de kokôchniks e aluga peças individualmente, o que vem se mostrando bastante popular. “O mais procurado é um kokôchnik grande com agárico, geralmente alugado para apresentações.”

Entre seus grandes sucessos está também o kokôchnik Cisnes de Inverno, criado para o baile da joalheria de Peter Aksenov, Axenoff Jewellery. 

Recentemente, pôde ser vista no espetáculo no gelo de Evguêni Pluchenko.

Este kokôchnik exigiu 40 horas de trabalho manual.

Em média, um kokôchnik requer cerca de dois dias de trabalho, mas há alguns exemplares que levam cinco ou mais dias, principalmente quando são necessários muitos bordados.

O papelão decorativamente recortado serve de base para os cocares. Suas formas são sempre diferentes – Serafima as escolhe para a composição de cada kokôchnik. 

Na decoração ela usa tecidos antigos, fitas de seda, veludo, renda, miçangas, strass e até massa de modelar e papel alumínio. 

Seus kokôchniks apresentam referências à Catedral de São Basílio, borboletas e pássaros de contos de fadas, cogumelos e ornamentos florais, entre outros elementos. Embora tenham aparência contemporânea, as peças homenageiam motivos folclóricos tradicionais.

“Os elementos de contos de fadas definem o estilo dos meus trabalhos. A forma do cocar é uma homenagem aos tempos antigos”, explica. 

Com isso, Serafima repagina os motivos de contos de fadas de forma moderna, despojando-os de quaisquer cânones. “Eu chamaria meus trabalhos de performances, já que geralmente afetam o observador da mesma forma que um show”, acrescenta.

Todos os kokôchniks de Serafima são enormes e coloridos – tornando-se, assim, o centro das atenções durante as sessões de fotos. Os trajes e acessórios, além do cenário e dos entornos, costumam ser selecionados justamente para combinar com essas peças luxuosas.

A russa sequer pensa em parar de criar kokôchniks, mas quer também trabalhar com outros acessórios – como por exemplo, fazer lenços com a técnica de batik, uma pintura em tecido. Também tem planos de desenvolver uma coleção de roupas no estilo conto de fadas.

“Os kokôchniks já entraram na moda do dia a dia, por exemplo, como tiaras com um arco pontiagudo. No momento, são chamados de minikokôchniks. Eu crio esses pequenos cocares de couro ecológico ou veludo. E costumo ver garotas usando em lugares públicos. Meu desejo para o futuro – a popularização dos kokôchniks contemporâneos em tamanhos gigantescos”, conclui Serafima.

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