A colcha de retalhos russa como arte (FOTOS)

Painel de retalhos. Final do século 19. Cazã.

Painel de retalhos. Final do século 19. Cazã.

Museu Russo
Gerações de artesãos russos há muito tempo costuram pedaços de tecido em objetos maiores por necessidade. Mas, com o passar do tempo, a necessidade se rotineiro se transformou em uma forma de arte, e a técnica do patchwork já é muito popular na Rússia desde o século 19.
F.V. Brovtsina. Colcha de retalhos. 1979. Aldeia de Kortala, região de Leningrado.

Artesanato antigo

Na Rússia, os tecidos sempre foram valorizados. Cada casa tinha sua própria roda de fiar: o tecido feito em casa tinha grande prestígio, e a habilidade de uma mulher como costureira contava pontos na hora de conseguir um marido. As meninas costuravam seus próprios vestidos e dotes, e as colchas eram feitas para casamentos ou o nascimento de filhos.

Konstantin Makovski. “Na roda de fiar”, 1900.

Quase não havia peças extras de tecido caseiro – eles eram geralmente feitos exatamente no tamanho que seria usado. Mas quaisquer sobras ou pedaços de roupas que não seriam mais usadas eram reaproveitados ​​em outras roupas ou como remendos. Nada foi jogado fora.

Antes da roda de fiar, eram usadas rocas de mão, como esta. (1910)

A tradição da colcha de retalhos se iniciou na Rússia no século 19, quando muitas fábricas de roupas surgiram, e as chitas de fábrica com padrões estampados brilhantes tornaram-se comuns. As camponesas começaram a usar vestidos feitos de tecidos de algodão baratos e coloridos e, quando eles caíram em desuso, ganhavam uma segunda vida. Pedaços grandes eram costurados novamente em vestidos e outras roupas, e os retalhos eram cuidadosamente reunidos e costurados em colchas, tapetes e guardanapos.

Em meados do século 19, o escritor Vladimir Sologub descreveu que atrás do fogão russo nas casas dos camponeses muitas vezes havia uma cama coberta com "um cobertor costurado com vários pedaços de chita".

Colcha de retalhos em uma casa russa.

Ao longo dos séculos, cada cidade e região desenvolveu suas próprias técnicas, formas e imagens em artes e ofícios (até mesmo os caixilhos das janelas esculpidas eram diferentes em todos os lugares). Esses padrões originais e únicos foram transmitidos de geração em geração e também influenciaram posteriormente o desenvolvimento do artesanato.

"A experiência de séculos em trajes camponeses ajudou os artesãos a formar os princípios artísticos e as técnicas de criação de composições ornamentais de retalhos", escrevem os especialistas do Departamento de Arte Popular do Museu Estatal Russo. Era costume combinar texturas, tecidos e padrões ao costurar as roupas folclóricas. As roupas russas tradicionais eram muitas vezes complicadas e tinham muitos elementos decorativos, entre eles rendas e inserções de tecido, fitas de seda e tranças coloridas.

Colcha de retalhos. Final do século 19. Cazã.

A maioria dos itens de retalhos eram montados a partir de peças triangulares ou quadradas do mesmo tamanho, costuradas em diferentes sequências - quadrado, círculo ou ziguezague.

Colcha de retalhos. Final do século 19. Cazã.

O patchwork tornou-se uma verdadeira forma de arte no final do século 19. Painéis têxteis feitos em Kazan na década de 1890 sobreviveram até hoje. Eles são compostos por centenas de peças em miniatura, costuradas à mão. Pedaços de tecido em forma de quadrado, losango e triângulo eram reunidos em uma única grande composição, formando um intrincado mosaico.

A influência soviética

Artistas de vanguarda se interessaram pela técnica da colagem folclórica, bem como pelo lubok. Eles brincavam com a arte popular de diversas formas. A geometria dos retalhos também pode ser encontrada no Suprematismo de Malêvitch.

Kazimír Malêvitch. Mulher com ancinho.

Vemos isso também nos figurinos de Malêvitch para a ópera futurista, “Vitória sobre o sol”.

Desenho das roupas de “Vitória sobre o Sol”.

No início do século 20, a artista Varvara Stepanova inventou padrões para tecidos, muitos dos quais também se assemelhavam a padrões de retalhos.

Padrões de vanguarda para tecidos.

Nos tempos soviéticos, as pessoas que viviam em pequenas cidades e vilarejos estavam ativamente engajadas nas colchas de retalhos como hobby. Durante a Segunda Guerra Mundial, isso passou a ser uma necessidade séria - as colchas de retalhos serviam para aquecer, e não apenas como elemento de decoração.

Mais tarde, em tempos difíceis, faltava tudo, as donas de casa soviéticas começaram a costurar suas próprias roupas e utensílios domésticos, e muitas tinham suas próprias máquinas de costura.

M. A. Kuznetsova. Tapete. 1981. Aldeia de Pesok, região de Vologda.

Muitas pessoas na Rússia ainda se lembram de como suas mães e avós costumavam fazer bordados: miçangas, tricô, costura de roupas ou lençóis... Tudo, é claro, usando sobras, costurando retalhos em tecidos novos e sempre diferentes.

À esq.: F. V. Brovtsina. Tapete. 1979. Região de Leningrado; à dir.: G. С. Vichnevski. Tapete. década de 1970. Região de Pskov.

As meninas russas sempre aprenderam a fazer colchas de retalhos, tanto nos tempos soviéticos quanto na Rússia moderna.

L.I. Plusnina. Colcha de retalhos. 1987. Região de Arkhanguelsk.

O patchwork continua a ser popular na Rússia hoje. Mas, como as lojas oferecem todos os tipos de tecidos e roupas prontas, não há necessidade de costurar em casa, como acontecia na URSS.

A. F. Chenina. Colcha de retalhos. Década de 1970. Aldeia de Grichinskaia, região de Arkhanguelsk.

Comunidades de fãs de colchas de retalhos surgiram em toda a Rússia, e mestres artesãos vendem seus trabalhos pela internet, além de ministrar cursos, compartilhar segredos e métodos criativos. Roupas, brinquedos, painéis para itens de interior e muitas outras coisas são feitas no estilo patchwork.

Por exemplo, a “capital têxtil” da Rússia, a cidade de Ivánovo, organiza o festival "Mosaico de Patchwork da Rússia".

Vencedora do concurso

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