Os 5 melhores livros russos sobre o AMOR

Joe Wright/Universal Pictures, 2012
A maior parte da literatura russa é, mais ou menos, sobre o amor. Este forte sentimento é frequentemente representado por sofrimentos, decisões complicadas na vida e desafios — ou até mesmo por mocinhas que se atiram debaixo de trens... Mas, afinal, são raros os livros de amor com final feliz.

1. “Contos de Belkin”, de Aleksandr Púchkin

Cena do filme

Púchkin provavelmente escreveu mais sobre um amor feliz que a maioria dos outros escritores russos. Seu famoso romance em versos “Eugênio Onéguin”, retrata o drama que se desenrola quando o amor mútuo chega na hora errada.

Mas os romances e novelas em prosa de Púchkin conduzem os personagens pelos desafios da vida a um final feliz, como é o caso em “A Filha do Capitão”. Outro exemplo disso é a coletânea “Contos de Belkin”, que traz o puro prazer da leitura em sua versão direta do russo por uma tradutoras pioneiras do russo no Brasil, Klara Gourianova. Duas das cinco histórias da coleção têm enredos especialmente intrigantes e belas linhas de amor.

O enredo de “A nevasca”, porém, é complicado: uma moça chamada Maria se apaixona por um oficial que está hospedado com sua unidade do exército na província dela. Os pais da moça são contra o relacionamento e ele sugere fugir e casar em segredo.

A caminho da igreja, ele é pego por uma nevasca, mas Maria se casa mesmo assim. Com quem então? Não daremos spoilers!

A personagem feminina principal de “A Sinhazinha Camponesa” é uma jovem corajosa e criativa. Ela finge ser uma camponesa comum e conhece um vizinho nobre. O jovem cavalheiro se apaixona por ela, eles caminham pela floresta e ninguém mais sabe de seu caso.

Mas quando ele descobre que seu pai arranjou seu casamento com uma nobre, enlouquece, já que quer o impossível: ficar com a amada camponesa. Mas, depois disso, a vida muda de maneira imprevisível para ele.

2. “Anna Karenina”, de Lev Tolstói

Cena do filme

Este romance trata do amor em seu significado completo: não apenas relações amorosas entre duas pessoas adultas, mas também o amor de mãe e filho, o amor de irmã e irmão e o amor a Deus. O enredo é focado em Anna e seu adultério, as relações secretas e dolorosas com um belo oficial chamado Aleksêi Vrônski.

O livro mostra com perfeição os hábitos morais e tradições da sociedade nobre russa no século 19 e a posição de uma mulher que simplesmente não consegue organizar a própria vida, que termina de maneira trágica.

No entanto, o livro traz tramas secundárias que mostram o amor e o arrependimento puro (esses sentimentos quase utópicos que Tolstói tanto apreciava). O escritor faz um elogio aos valores da família e retrata a personagem Stiva Oblonski, que cometeu adultério, como alguém que se ressente muito disso — sua incrível mulher, Dolly, amorosa mãe de seus filhos, o perdoa, já que, para ela, o pecado do marido nada significa nada em comparação à família. E é Anna Karenina quem ajuda Dolly a tomar essa decisão.

Outro personagem com um amor profundo é Konstantin Levin, uma figura quase autobiográfica que encontra seu caminho recusando a vida social e voltando-se para a terra, cortando grama com camponeses, vestindo camisas rasgadas em vez de fraque, amando a única moça que para ele era pura e tendo filhos com ela.

3. “Velas Escarlates”, de Aleksandr Grin

Cena do filme

Na URSS, era impossível escrever sobre o amor sem tanger assuntos que refletissem ideologicamente a realidade soviética. Assim, muitos escritores tiveram que se reinventar, colocando seus enredos em um mundo imaginário (ou ficção científica, como no próximo livro que descreveremos abaixo). Aleksandr Grin, por exemplo, criou um país chamado Grinlandia, para situar os acontecimentos de seus romances. Ele também dá a seus personagens nomes nada russos, com o intuito de afastá-los da realidade soviética.

“Velas Escarlates” (aparentemente, ainda sem tradução para o português; em espanhol, o livro foi lançado como “Velas rojas”, em inglês, “Scarlet Sails”, em russo “Alie parussa”) conta a história de uma garota chamada Assol. Seu pai é um pobre marinheiro aposentado que ganha a vida fabricando modelos de navios e barcos.

Certa vez, carregando um belo barco com velas vermelhas para um mercado, Assol o coloca em uma nascente de água. O barco vai embor, flutuando rápido, e ela, ao correr atrás dele, encontra um velho fabulista, que prevê que um belo príncipe virá em um barco de verdade com as mesmas velas vermelhas e a levará a uma bela terra distante.

Assol acredita na história e sonha com ela todos os dias até crescer, enquanto todos zombam dela e pensam que ela é louca. Enquanto isso, um jovem e corajoso capitão ouve a história de uma garota “maluca” sonhando com um príncipe...

É incrível que um livro de conto de fadas tão leve tenha sido escrito na Petrogrado (hoje, São Petersburgo) dos anos 1920, no epicentro do caos revolucionário e da Guerra Civil na Rússia — mas não é de surpreender que, após o sucesso inicial de suas obras, os editores soviéticos se recusassem a publicá-lo.

“Velas Escarlates” foi transformado em filme em 1961, quando, durante o período do Degelo de Khruschov, as obras de Grin desfrutaram de um novo sopro de vida.

Com a sua enorme popularidade contínua, em 2005 foi inaugurado um festival homônimo em São Petersburgo para celebrar os formandos da cidade. O espetacular evento traz um barco a velas iluminado de escarlate navegando pelo Rio Nievá enquanto fogos de artifício queimam ao redor e as famosas pontes da cidade são erguidas, em uma visão de encher os olhos!

4. “O anfíbio”, de Aleksandr Beliáiev

Cena do filme

Este romance pode lembrar um pouco o filme vencedor do Oscar de 2017, “A Forma da Água”, de Guillermo del Toro, mas o enredo de Aleksandr Beliáiev foi publicado muito antes, em 1927! A trama do russo traz um cirurgião argentino interessado em experimentos que salva um menino que tem problemas nos pulmões ao transplantar nele as guelras de um tubarão.

O homem-anfíbio gerado aí é batizado de Ikhtiandr. Ele cresce e pode nadar em profundidade, divertindo-se pelo oceano afora, montando em golfinhos e soltando peixes das redes de pesca. No litoral, ele é avistado de quando em quando e surgem rumores sobre um demônio do mar.

Um dia, Ikhtiandr salva uma garota que se afogava. Ela é incrivelmente bonita e ele sente algo muito estranho — e, para ele, desconhecido. Ele quer encontrá-la novamente, mas nunca se comunicou com ninguém além do cirurgião, por isso ele não sabe como se portar.

Apesar de Ikhtiandr parecer ser um homem, as raivosas pessoas do mundo real não estão felizes com sua existência, já que ele é considerado estranho e diferente, e querem matá-lo. Mas, apesar das ameaças, ele continua a aparecer ao mundo, já que quer conhecer a moça.

Em 1962, foi lançada uma adaptação para o cinema de “O Anfíbio” que foi um sucesso instantâneo de bilheteria, com 65 milhões de espectadores. Ao contrário de “A Forma da Água”, o anfíbio na produção soviética era um ator lindo, Vladímir Korenev, e a moça, Anastassía Vertinskaia (que, aliás, também desempenhou o papel principal na adaptação de “Velas Escarlates”).

5. “Doutor Jivago”, de Borís Pasternak

Cena do filme

Muita gente ao redor do mundo conhece esta história graças à adaptação para o cinema de David Lean, de 1965, que ganhou o Oscar e contou com o renomado Omar Sharif no elenco. Este grandioso romance conta sobre a vida de um homem durante o período mais turbulento da história da Rússia: a Revolução e a Guerra Civil.

Médico, Iúri Jivago se casa com sua namorada de infância e eles constituem uma família feliz que é fatalmente arruinada por causa da Guerra Civil.

Iúri é preso e trabalha como médico, mas consegue escapar e conhece uma mulher chamada Lara. Enquanto a Guerra Civil se intensifica, eles se escondem em uma vila remota e ali são felizes juntos lá. Mas Iúri está cheio de amor pela primeira mulher e por Lara ao mesmo tempo, por iss, sofre com essa traição. Ele é, antes de tudo, não integrante do movimento dos “vermelhos” ou dos “brancos”, mas um cristão e, como médico, está cheio de amor pela humanidade.

Um dos melhores romances do século 20, “Doutor Jivago” foi censurado por muito tempo, já que a obra de Pasternak não tinha nenhum sinal positivo claro em relação aos bolcheviques e a suas ações durante a Revolução e a Guerra Civil.

O livro só foi publicado na URSS durante a Perestroika, em 1988. No entanto, ele já tinha sido publicado na Itália em 1958. Alguns atrás, a CIA arquivos da CIA foram revelados provando que a agência esteve envolvida na publicação deste livro "antissoviético" no Ocidente como ferramenta de propaganda.

 

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