Nascida na distante cidade siberiana de Neriungri, na República da Iakútia, Nadêjda Batoeva não sonhava em se tornar bailarina, e a dança entrou em sua vida por um acaso do destino.
“Minha mãe levava meus irmãos para a aula de dança e eu ia junto, para eu não ficar correndo pelo prédio”, conta Nadêjda. Mas a jovem gostava, sim, e muito de dançar e um amigo da família aconselhou sua mãe a matriculá-la em uma escola de balé.
Assim, Nadêjda passou nos exames da Academia Vaganova de Balé Russo, em São Petersburgo, uma das escolas de balé mais prestigiadas do país do mundo, também conhecida por ser a antiga Escola Imperial de Balé).
“Na época, eu não sabia direito o que era balé. Achei que ia apenas dançar, não estudar”, conta. A mãe partiu então com Nadêjda para São Petersburgo, deixando o marido e os dois filhos para trás.
Os estudos eram pesados e Nadêjda quase foi expulsa da academia várias vezes — era difícil para ela acompanhar crianças que já tinham experiência profissional em esportes ou dança. Mas, levando em conta os esforços da mãe e reconhecendo sua própria responsabilidade, Nadêjda estudou com muito afinco.
Depois de se formar na academia, em 2009, ela imediatamente se uniu à companhia de balé do Teatro Mariínski, de São Petersburgo, dirigida pelo lendário Valéri Guerguiev. Seu primeiro sucesso no palco chegou rápido, no balé “Spartacus”.
Ao longo de seus 13 anos como dançarina e, depois, solista no teatro, a lista de papéis de Nadêjda cresceu e tornou-se cada vez mais impressionante. Batoeva interpretou papéis principais em grandes balés como “O Lago dos Cisnes”, “O Quebra-Nozes”, “Romeu e Julieta”, “Le Corsaire” e “Dom Quixote”, “La Bayadere” e muitos outros.
Com toda essa experiência, em 11 de julho de 2022, ela foi anunciada como prima ballerina do Teatro Mariínski. Na próxima temporada, ela estreará o título no novo balé “Os doze”.
O repertório de Nadêjda é muito diversificado: em “A lenda do amor”, ela interpreta papéis contrastantes - tanto Shirin quanto Mekhmeneh Banu. Ela mostra todo seu talento tanto balés clássicos, como encenações experimentais de George Balanchine e coreografias contemporâneas.
Entre as conquistas de Nadêjda estão vários prêmios, entre eles, em 2008, o “Esperança da Rússia” (um caso curioso de trocadilho, já que seu nome, em russo, significa também “esperança”). Em 2016, ela participou do programa de TV “Bolshoi Ballet”, do canal de TV russo Kultura, onde conquistou o amor não só do público, mas também do júri.
Brigitte Lefèvre, bailarina, coreógrafa e ex-diretora do Balé da Ópera de Paris, a qualificou como “uma mulher forte” e “uma dançarina perspicaz”.
“Ela tem um caráter tão forte”, diz Konstantin Zverev, namorado de Nadêjda e dançarino solista de Mariínski. “E é uma pessoa muito modesta.”
Realmente, Batoeva tem uma incrível capacidade de trabalho e diligência, algo impressionante mesmo para o mundo do balé, estereotipado em termos de esforço físico e pressão moral, devido à intensa competição.
Houve anos em que Batoeva chegou a ter nove apresentações de estreia. Ao entrar em cena, a leve bailarina se transforma em uma protagonista malvada ou uma jovem romântica. E seu sorriso nunca mostrará cansaço ou excitação.
Em seus raros dias de folga, ela gosta de passear por São Petersburgo e dar carinho a seu gato (mas, mesmo assim, não se esquece da rigorosa dieta de bailarina). E, em suas redes sociais, ela expressa infinitamente sua gratidão pelo apoio e trabalho brilhante de seus parceiros de dança - Xander Parish, Philipp Stepin, Kim Kimin e outros e permanece positiva, não importa o que aconteça!
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