- Ад, или Досье на самого себя - Ad, íli dossié na samogó sebiá (1989)
O drama pessoal de um jovem casal se desenrola no contexto do período do pós-guerra. O pai da garota, um ex-oficial da NKVD (polícia secreta), se opõe ao relacionamento e denuncia o namorado da filha. O jovem é preso, espancado durante o interrogatório e assina uma confissão forjada sob coação. Ele é enviado para um campo do Gulag, onde tem que lutar por sua sobrevivência em meio a trabalho duro, geadas e fome.
Este filme autobiográfico do diretor Guennádi Beglov é baseado em seu próprio romance homônimo. No entanto, os censores soviéticos não gostaram da linguagem cinematográfica não linear e experimental do longa, e o filme não teve um lançamento amplo.
- Perdidos na Rússia (1990)
Um arqueólogo britânico trabalhando em uma escavação no norte do Irã é confundido com um espião norte-americano pelos serviços secretos soviéticos. Ele é então sequestrado e levado para Moscou e depois para um campo remoto da Sibéria, onde tenta preservar o resto de humanidade, apesar do tratamento cruel dos guardas e da perversão de criminosos perigosos, que são mantidos no campo junto com os prisioneiros políticos.
Na Rússia, o Gulag atingiu muitas vidas: as pessoas tinham parentes, pais e amigos nos campos. Esta história se tornou muito pessoal para o diretor Aleksandr Mitta, que ouviu de sua própria mãe relatos em primeira mão sobre a vida nos campos. Isso o ajudou a criar um filme visceral, que recebeu reconhecimento internacional, incluindo uma indicação ao Globo de Ouro.
Clique aqui para ler mais sobre o filme.
- Людоед - Liudoiéd (1991)
Em 1954, houve um grande motim em um campo do Gulag no Cazaquistão soviético (clique aqui para ler mais sobre a Revolta de Kenguir). Depois que o motim é brutalmente reprimido, um jovem policial chega ao campo para investigar um estranho caso: dois prisioneiros escaparam durante a rebelião e para sobreviver no deserto, um deles mata e come o outro.
- Завещание Ленина - Zaveschánie Lênina (2007)
Esta série de TV é baseada na biografia de Varlam Chalamov, autor dos famosos ‘Contos de Kolimá’, o relato mais honesto e cruel da vida de uma pessoa em um campo de trabalho forçado do Gulag (clique aqui para ler trechos do livro).
Quando jovem, Chalamov é condenado por disseminar o ‘Testamento de Lênin’, a carta proibida de Vladimir Lênin a um congresso do Partido na qual criticava Stálin. A série mostra o trabalho duro que os prisioneiros do Gulag tinham que suportar em condições climáticas extremas. Os campos em Kolimá eram alguns dos mais brutais: os prisioneiros sofriam frequentemente queimaduras de frio e fome e eram submetidos a punições severas sempre que deixavam de cumprir as metas de desempenho irrealistas estabelecidas.
5. Зулейха открывает глаза - Zuleikha otkriváet glazá (2020)
O sistema Gulag consistia não apenas em campos de trabalho forçado, mas também em assentamentos especiais. Esta minissérie (e o best-seller homônimo de Guzel Iakhina) se passa em um desses povoados.
No início da década de 1930, o governo soviético lançou uma campanha destinada a desapropriar camponeses abastados. O marido de uma mulher tártara chamada Zuleikha tenta resistir e acaba morto. Ela, junto com outros camponeses desapropriados, é enviada para as profundezas da Sibéria, onde, no meio da taiga inóspita, devem construir um lugar para viver e encontrar comida.
- Обитель - Obítel (2021)
Esta minissérie é baseada em outro best-seller sobre o Gulag, O Monastério, de Zakhar Prilepin.
O protagonista Artiom encontra-se no campo de trabalho forçado de Solovki, um dos primeiros campos do Gulag do país. Ali, ele conhece um grupo heterogêneo de outros presidiários - de criminosos perigosos a ex-padres e intelectuais.
Artiom tenta não só sobreviver no campo, mas também garantir as melhores condições de vida possíveis para si. Para isso, começa até um caso com uma guarda penitenciária.
- Иван Денисович - Ivan Deníssovitch (2021)
Muitos cidadãos soviéticos que conseguiram escapar do cativeiro alemão durante a Segunda Guerra Mundial foram acusados de espionagem e enviados para o Gulag. Foi o que aconteceu com o protagonista deste filme, Ivan Deníssovitch Chukhov. Seu dia no campo começa às cinco da manhã, e ele passa o dia todo fazendo trabalho pesado sob condições insuportáveis, com apenas mingau ralo e um pedaço de pão para comer.
O Gulag foi mencionado pela primeira vez na literatura soviética em 1962, quando o conto de Aleksandr Soljenítsin Um dia na vida de Ivan Deníssovitch foi publicado na revista literária do Novo Mundo com a aprovação pessoal do então líder soviético Nikita Khruschov. O autor passou quase 10 anos nos campos e estava bem familiarizado com o cotidiano dos prisioneiros que descreveu. Mais tarde, Soljenítsin escreveu uma importante obra de não ficção sobre o sistema de campos soviéticos, intitulada O Arquipélago Gulag.
Depois que Khruschov foi deposto e o curto período de degelo político chegou ao fim, cópias de Um dia na vida de Ivan Deníssovitch foram retiradas das bibliotecas e Soljenítsin tornou-se um pária. A história só foi republicada na Rússia em 1990. No Ocidente, foi adaptada para as telonas em 1970, enquanto na Rússia sua primeira adaptação surgiu apenas em 2021.
O diretor Gleb Panfilov conhece bem as obras de Aleksandr Soljenítsin, pois já havia feito um filme baseado em seu romance O Primeiro Círculo. Em Ivan Deníssovitch, Panfilov introduziu mudanças consideráveis na obra original, acrescentando (para o descontentamento dos críticos) um elemento de conto de fadas: seu herói supera todas as provações no caminho para a bondade e a epifania. O livro de Soljenítsin não tinha um caráter tão otimista. No final, o protagonista vai para a cama satisfeito, mas para ele a fonte da felicidade era simplesmente não ter sido colocado na cela de castigo nem ter adoecido. “Graças a Deus, mais um dia acabou”, suspira Shukhov no livro.
LEIA TAMBÉM: 5 obras literárias russas importantes sobre a Gulag e as repressões de Stálin