Craig Mazin, o criador da série de TV ‘Chernobyl’, irá adaptar o game de Playstation ‘Last of Us’, com produção executiva do roteirista e diretor criativo do jogo, Neil Druckmann. Os detalhes sobre quem vai estrelar a esperada adaptação ainda não foram divulgados – porém, sabe-se que Kantemir Balagov estará envolvido na adaptação.
‘The Last of Us’ se passa cerca de vinte anos depois de um período pós-apocalíptico nos Estados Unidos. Depois que um fungo mutante transforma a maioria das pessoas em zumbis, os sobreviventes são forçados a viver em zonas de quarentena. Cheio de suspense e reviravoltas angustiantes, o jogo costuma manter seus fãs vidrados na tela por horas.
“Minhas mãos estão tremendo. Sonhos se tornam realidade. Sou um grande fã de ‘The Last of Us’ e nunca vou esquecer como este jogo abriu algo novo para mim, mostrou algo que nunca tinha visto em mim antes. Até recentemente, eu não acreditava que isso jamais seria possível”, escreveu Kantemir Balagov em seu perfil no Instagram.
Balagov tem talento para narrativas visuais. Seus filmes são como mosaicos romanos desenhados nos mais ricos detalhes, com personagens grandiosos e genuinamente humanos.
Com apenas 29 anos, o diretor russo desenvolveu um olhar para personagens não ortodoxos e ouvido para assuntos delicados. Em seus longas, ele explora relações, religião e romance com a amargura da esperança e a arritmia do desespero.
Balagov pode parecer acanhado e tímido, mas definitivamente não carece de ambição. Em um curto período de tempo, passou de cinéfilo desconhecido de Naltchik (capital da Kabardino-Balkária, república no Cáucaso do Norte) a um dos luminares do cinema russo contemporâneo. Seus filmes tiveram estreias mundiais em Cannes.
Balagov revelou seu potencial como cineasta ao frequentar cursos de estudo de cinema com Aleksandr Sokurov, considerado por muitos um mestre gênio do plano estático e longo.
Seu outro mentor e produtor, Aleksandr Rodnianski, diz que “histórias de Cinderela como essa” são quase impossíveis de se imaginar. “Um menino de 29 anos de Naltchik, um gamer ávido, se torna diretor da adaptação para o cinema de um dos jogos mais populares do mundo, com roteiro escrito pelo profissional de maior sucesso até hoje para a mais famosa rede de TV norte-americana [HBO]. Mas este não é um conto de fadas. Esse é um exemplo de como a indústria cinematográfica moderna funciona hoje em dia. Nacionalidade ou país de origem realmente não importa”, escreveu Rodnianski em seu perfil no Instagram.
Kantemir estreou como diretor no longa “Tesnota”, que foi exibido na seção paralela ao Festival de Cannes “Un Certain Regard”.
É um filme aparentemente pequeno sobre os desafios de cismas étnicos e religiosos do cotidiano no Cáucaso do Norte russo. A atmosfera obscura desse drama foi perfeitamente equilibrada pela estética visual tranquilizante de Balagov.
Seu segundo longa-metragem, ‘A Mulher Alta’ se passa em 1945 em Leningrado, devastada após a Segunda Guerra Mundial. O drama gira em torno de duas jovens mulheres que estão lutando para reconstruir suas vidas do zero, aprendendo a viver e amar novamente.
Produzido por Aleksandr Rodnianski, o longa foi um dos cinco indicados a melhor Filme em Língua Estrangeira na 92ª edição do Oscar, em 2020. Também rendeu a Balagov o prêmio de melhor diretor na seção, Un Certain Regard, em Cannes.
Os longas de Balagov são elogiados por seu estilo visual marcante, difícil de definir. O cineasta, cujo escritor favorito é o autor de ‘A Escavação” Andrei Platónov, cria microcosmos da sociedade. Seus personagens são bidimensionais, carregados de bagagem emocional pesada. Cheios de intensidade e drama interior, eles se movem entre os dois mundos, o presente e o passado, mas não pertencem a lugar algum. Kantemir aborda temas sérios, incluindo o estado emocional de uma pessoa à beira de um colapso nervoso.