Deineka pintou este retrato do artista Konstantin Vialov quando tinha apenas 24 anos, mas a obra podia facilmente ser confundida com as dos grandes artistas de vanguarda russos.
Este é um dos poucos trabalhos dele, de início de carreira, a carregar um ousado espírito experimental. Futuro titã do realismo socialista, na época Deineka era um artista da província de Kursk que acabava de chegar à capital para estudar, logo após concluir o serviço militar.
A pintura tem influência dos modernistas europeus e futuristas italianos, com quem os artistas de vanguarda se identificavam, mas também contém elementos do novo realismo "proletário" russo. Mas todos esses aspectos desaparecem em seguida das obras de Deineka.
Esta é a pintura que tornou Deineka famoso e pavimentou seu caminho artístico, e poderia ser resumida como uma tentativa de criar a imagem do "verdadeiro homem soviético". O próprio artista afirmou que a pintura era sua favorita. Nesta tela que retrata a Guerra Civil Russa ele se baseou em trabalhadores que voltavam do turno.
No início da década de 1930, o artista entrou em um período lírico que também foi impulsionado pela agenda do partido. Naquela época, as obras dos artistas de vanguarda foram alvo de críticas crescentes. Em 1937, esses artistas foram acusados de ser "formalistas" e relegados ao ostracismo por muitos anos. É por isso que imagens figurativas simples, que eram compreensíveis para todos, como esta, decoravam todos os locais públicos, desde banners de rua até as paredes dos museus.
Esta é uma das obras mais famosas e monumentais de Deineka, com 119 por 352 centímetros. Dedicado a um estilo de vida saudável e aos esportes, ela fica instalada na Nova Galeria Tretiakov, em Moscou. Na mesma época, ele pintou outras obras famosas acerca da temática: “Exercícios Matinais”, “Jogo de Futebol” e “Corredores”. Elas ilustram um ditado em latim que foi amplamente explorado pelo governo soviético: “Mens sana in corpore sano” (mente sã, corpo são).
A tela “Os Futuros Pilotos” promove um estilo de vida soviético feliz e, ao mesmo tempo, romantiza a profissão militar. A URSS precisava expandir e fortalecer seu exército e marinha na época.
Diferentemente da maioria dos cidadãos soviéticos, um artista reconhecido pelo governo tinha acesso a inúmeros benefícios, desde as intermináveis estatais que garantiam sua confortável existência até viagens ao redor do mundo. Membro de grupos de artistas, Deineka participou de exposições no exterior diversas vezes, inclusive no pavilhão russo na Bienal de Veneza. Ele também projetou os pavilhões soviéticos nas feiras mundiais de Paris e de Nova York. “Os Stakhanovistas” foi um dos esboços da exposição de Paris de 1937.
Esta pintura foi inspirada em uma imagem que o lendário fotógrafo soviético Boris Ignatovitch deu de presente a Deineka. O artista achou que a composição com um atleta em primeiro plano era a própria perfeição. Mas ele teve dificuldade em transferi-la para a tela, e a pintura levou cinco anos para ser concluída. Deineka a finalizou no auge da Segunda Guerra Mundial, e é por isso que o título remete a soldados no lugar de atletas.
O artista não lutou na Segunda Guerra Mundial. Ele viajou apenas uma vez para a frente de guerra com um colega moscovita para ter impressões em primeira mão das batalhas. Sevastopol, um dos principais destinos medicinais da URSS, era muito querida e estava associada às lembranças de uma juventude despreocupada. "Quando vi fotos da cidade em ruínas, sabia que tinha que pintá-la", disse Deineka na época. A enorme tela de quatro metros de comprimento dedicada à defesa heroica de Sevastopol por seis meses fica hoje instalada no Museu Russo, em São Petersburgo
Visualmente, esta pintura não difere muito da obra de Deineka antes da guerra, mas mostra como a URSS superava as devastadoras consequências da Segunda Guerra. A tela foi adquirida imediatamente pela Galeria Tretiakov e, depois, viajou ao redor do mundo, de Berlim e Londres a Havana e São Paulo. Em 1958, ela rendeu a Deineka uma medalha de ouro na Feira Mundial de Bruxelas.
Logo após a guerra, Deineka tornou-se membro da Academia de Artes da URSS e permaneceu fiel a seu estilo artístico praticamente até a morte. Ele pintou paisagens, cenas domésticas e profissionais, retratos e teve uma demanda colossal. Por isto, não surpreende que, após sua morte em 1969, o mercado tenha recebido uma avalanche de falsificações, que continuam surgindo até hoje. Em 2017, sua pintura “Heróis do Primeiro Plano Quinquenal”, um esboço para um painel da Feira Mundial de Paris, foi vendida no leilão da MacDougall, em Londres, por 2,8 milhões de libras.
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