O russo Iakob Solodovnik saltou de 10.000 metros em setembro de 1939, quando a Segunda Guerra Mundial mal tinha começado a devorar gerações inteiras de jovens europeus. Na época, 10.000 metros eram o teto do mundo. Os anais da aviação reconhecem seu feito como o primeiro salto da estratosfera — um lugar pouco conhecido na época —, mas que muitos pilotos no conflito teriam de enfrentar caso fosse necessário abandonar o seu avião em chamas. A façanha de Solodovnik serviu para responder às necessidades técnicas que os pilotos logo teriam em meio a situações de combate.
Iakob teve um problema mecânico durante o salto — o traje inflou tanto devido à pressão que ele não conseguiu alcançar a alça necessária para abrir o paraquedas. Além disso, as camadas de roupa íntima térmica estavam amontoadas nos cotovelos, dificultando ainda mais as manobras. Quando Solodovnik enfim conseguiu abrir o paraquedas, o impacto no ar foi tão forte que ele ficou gritando de dor ao longo de vários minutos.
Assim que chegou perto o suficiente do chão para não precisar mais de oxigênio, ele estendeu a mão para abrir o capacete, porém percebeu que a trava estava presa. Quando estava prestes a pousar, percebeu que só lhe restavam alguns segundos de ar antes de sufocar; na verdade, o traje estava hermeticamente fechado.
Afastando-se das copas das árvores, Iakob pousou em um campo nos arredores de uma cidade. Uma mulher carregando dois baldes de água de um poço presenciou o que deve ter sido a situação mais assustadora de sua vida: um homem com um traje vermelho brilhante (a cor era para tornar Iakob mais fácil de ser visto pela equipe de resgate) e com um cilindro de vidro na cabeça caindo do céu. Ele largou a água e saiu correndo.
Iakob pousou e logo em seguida correu em direção a uma árvore — bateu a cabeça no tronco, arrancando o capacete que o sufocava.
Apesar dos contratempos, o salto arriscado terminou bem e forneceu muitas informações úteis para produzir melhores equipamentos para os pilotos.
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